Ministro suíço do Interior inicia viagem ao Brasil
Didier Burkhalter, ministro do Interior, inicia hoje (25.08) uma viagem de seis dias a três capitais brasileiras, acompanhado por uma delegação de altos representantes da ciência helvética.
O programa prevê encontros com ministros de Estado, visitas a centros brasileiros de pesquisa e participações em simpósios relativos à cooperação científica e educacional entre os dois países. Na bagagem: um supercomputador para uma universidade brasileira.
Essa é primeira viagem oficial do ministro Didier Burkhalter fora da União Europeia. A escolha do Brasil para tratar de temas ligados majoritariamente à ciência não vem por acaso. “Nosso principal objetivo é reforçar as cooperações bilaterais na área de pesquisa com o Brasil, país que pertence ao grupo de oito países extra-europeus designados como prioritários para a Suíça e que inclui também a Índia e a Rússia”, explica Jean-Marc Crevoisier.
Como acrescenta o porta-voz do ministério do Interior, as bases foram firmadas em 14 de agosto de 2008 através da assinatura de um protocolo de intenções pela ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, e seu homólogo brasileiro, embaixador Celso Amorim, visando maior cooperação científica entre a Suíça e o Brasil. Um ano depois (setembro de 2009), o protocolo se transformou em um verdadeiro acordo de cooperação científica, assinado entre o ministro brasileiro da Ciência, Sérgio Machado Rezende, e o ministro do Interior, Pascal Couchepin, antecessor de Didier Burkhalter.
“Agora queremos fazer um balanço desses acordos e também abrir portas para os representantes da nossa comunidade científica no Brasil”, acrescenta Crevoisier. O que explica a presença, na delegação que irá acompanhar Didier Burkhalter ao Brasil, de nomes de “peso” como Fritz Schiesser, presidente do conselho das Escolas Politécnicas Federais da Suíça – que estará acompanhado pelos presidentes das duas ETHs, de Zurique e Lausanne – Marcel Tanner, diretor do Instituto Tropical e de Saúde Pública Suíça em Basileia ou também Miguel Nicolelis, neurobiólogo brasileiro de renome internacional.
Encontro com ministros
O programa começa em Brasília, capital brasileira. Estão agendados encontros com os ministros brasileiros da Saúde, José Gomes Temporão, e da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Na pauta das conversações foram incluídas trocas de informações sobre o programa brasileiro de combate à epidemia. A delegação de pesquisadores encontra também representantes de institutos de pesquisa do Brasil como o CNPq e a FINEP.
O ministro suíço deve encontrar também Celso Amorim, ministro brasileiro das Relações Exteriores. O tema da discussão não foi anunciado.
Após o diálogo em nível governamental, Didier Burkhalter vai ao Rio de Janeiro, onde participa de um simpósio suíço-brasileiro sobre “os desafios das cidades metropolitanas no século 21”. O evento foi organizado em conjunto pela Escola Politécnica Federal de Zurique (ETHZ, na sigla em alemão) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Membros da delegação científica também encontram representantes de universidades e outros centros brasileiros de pesquisa, onde existem vários programas de cooperação científica entre a Suíça e o Brasil já em andamento.
Um dos programas incluídos na agenda no Rio de Janeiro é uma mesa-redonda intitulada “Ciência e Educação Superior no Brasil e na Suíça e perspectivas de colaboração”. Dela participam a delegação suíça e membros do conselho da Academia Brasileira de Ciência, que engloba os mais importantes centros de pesquisa do país.
Expatriados e supercomputador
A terceira parte da viagem está centrada nos representantes da comunidade helvética no Brasil. Além de encontros com representantes das escolas suíças, o ministro do Interior também janta com executivos de algumas grandes multinacionais, bem como pequenas e médias empresas associadas à Câmara de Comércio Suíço-Brasileira. O tema do debate será o papel da economia para a ciência e tecnologia.
Na Universidade de São Paulo, a maior do Brasil, Burkhalter encontra o ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad, para entregar oficialmente o supercomputador Blue Gene/L, da IBM, com capacidade de efetuar 46 trilhões de operações por segundo. A máquina, que equivale a alguns milhares de computadores comuns atuando em rede, foi doada pela Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL).
O supercomputador será instalado no Campus do Cérebro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (nordeste do Brasil). Um dos coordenadores do projeto e participante da delegação suíça é o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Segundo ele, o Blue Gene será o primeiro supercomputador do Hemisfério Sul.
Além do computador, Burkhalter e Haddad irão assinar um acordo de colaboração científica para o desenvolvimento de novos estudos sobre o mal de Parkinson e outras doenças neurodegenerativas, visando uma compreensão mais profunda desses graves problemas de saúde, seu controle e tratamento.
Porém a viagem do ministro suíço não é só estritamente oficial. Sua esposa estará o acompanhando. Na apertada agenda de seis dias, seus auxiliares também encontraram tempo para realizar um desejo pessoal do político: assistir a um jogo de futebol no Brasil. Didier Burkhalter não esconde sua paixão pelo esporte que praticou intensamente quando jovem. Uma paixão que também foi para o papel: em 2007, ele lançou um livro dedicado ao novo estádio de futebol da sua cidade natal, Neuchâtel. A obra é intitulada “La Maladière – um sentimento de eternidade”.
Alexander Thoele, swissinfo.ch
O ministro suíço do Interior, Didier Burkhalter, viaja entre 25.08 a 31.08.
Na programação estão previstos encontros com ministros de Estado (Brasília) e representantes de órgãos e centros de pesquisa brasileiros ligados à ciência (Rio de Janeiro).
Em São Paulo, Didier Burkhalter encontra representantes de empresas helvéticas e da Escola Suíça.
Afora um passeio turístico no Rio de Janeiro, o ministro também irá assistir um jogo de futebol em São Paulo.
O ministro suíço do Interior também cuida das pastas de cultura, ciência e tecnologia e saúde.
Ele nasceu em 17 de abril de 1960 no cantão de Neuchâtel (oeste da Suíça).
O político do Partido Liberal-Radical (PLR, na sigla em francês) era senador até sua eleição, em 16 de setembro de 2009, para o Conselho Federal, o órgão executivo do país, composto de sete ministros.
Burkalter é formado em economia pela Universidade de Neuchâtel.
Segundo seu currículo oficial, o ministro também é oficial de reserva do exército, no setor de imprensa e rádio.
Como hobbies, ele declara gostar de esportes, sobretudo futebol, esqui e caminhadas.
Também lançou, na primavera de 2007, um livro intitulado “La Maladière – um sentimento de eternidade”, sobre a reconstrução do principal estádio de futebol da cidade de Neuchâtel.
De 1988 a 1990, Burkhalter foi vereador na comuna de Hauterive (cantão de Neuchâtel)
De 1991 a 2005, foi membro do governo executivo da cidade de Neuchâtel.
De 1990 a 2001, foi deputado estadual (Neuchâtel)
De dezembro de 2003 a dezembro de 2007 foi deputado federal.
De 2007 a 2009 foi senador.
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