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Quase 200 líbios estão proibidos de entrar na Suíça

Embaixada da Suíça em Tripoli, onde "residem" os dois suíços retidos na Líbia Reuters

O braço de ferro entre a Suíça e a Líbia continua e teve mais um episódio no último final de semana.

Um jornal líbio afirmou que 188 dirigentes do país estão proibidos de entrar na Suíça. O Ministério suíço das Relações Exteriores não comenta a notícia.

O jornal líbio Oea, próximo do poder, publicou um artigo afirmando que 188 dirigentes líbios, entre eles o coronel Mouamar Kadhafi e sua família, estão proibidos de entrar na Suíça.

Consequentemente, também não podem obter vistos para os demais países europeus devido aos acordos de Shengen, dos quais a Suíça é signatária.

Em Berna, o Ministério das Relações Exteriores não quis comentar a notícia.

O jornal líbio afirma que a Líbia também vai recusar vistos aos cidadãos do espaço Shengen. Isso significa que o regime líbio está isolado e que tenta jogar os europeus contra a Suíça.


“As autoridades suíças tomaram uma decisão proibindo 188 personalidades líbias de entrar em seu território, escreveu em seu site Seif Al-Islam, um dos filhos do coronel Kadhafi, tido por conhecedores do país como um dos candidatos à sucessão à frente do regime líbio.

Segundo o jornal Oea, que cita “um responsável líbio de alto nível”, a lista suíça inclui o coronel Kadhafi e sua família, membros do Congresso Geral do Povo (o Parlamento líbio), do governo, “responsáveis econômicos e oficiais militares e dos serviços de segurança.”

A fonte do jornal afirma que “essa decisão prejudica os interesses da Suíça em primeiro lugar. Se ela não for anulada, Tripoli respondera por medidas de dissuasão fundadas no princípio da reciprocidade”, acrescenta.
O jornal afirma ainda que Tripoli não dará mais vistos aos cidadãos do espaço Shengen, sem precisar a razão.

Suíça não reage

Em Berna, o Ministério das Relações Exteriores recusa-se a comentar a notícia. Depois de tentar negociar com a Líbia durante muito tempo, sem resultado, o governo suíço endureceu sua posição, em junho, limitando os vistos “excepcionalmente e em casos particulares.”

A crise entre Berna e Tripoli começou depois da detenção em julho de 2008, em Genebra de um filho de Kadhafi, Hannibal, e de sua esposa, sob queixa de dois empregados domésticos que os acusava de maus tratos. Desde então, houve diversas medidas de retorção das duas partes.

Dois suíços detidos

Desde a mesma época, dois suíços estão retidos na Líbia, acusados de “estadia ilegal” e de “exercício de atividades econômicas ilegais”. Um deles, Rachid Hamdani, foi absolvido das acusações na semana passada. Ele aguarda atualmente a restituição de seu passaporte, confiscado pelas autoridades, para deixar o país.

O outro cidadão suíço, Max Göldi, foi condenado quinta-feira passada a quatro meses de prisão por “estadia ilegal” e a uma multa de 800 dólares pela segunda acusação. No entanto, ele foi preso e continua refugiado na embaixada suíça em Tripoli, como seu compatriota Rachid Hamdani.

swissinfo.ch (com agências)

Hannibal Kadafi, o filho do líder líbio Muammar Kadafi, e sua esposa foram detidos pela polícia suíça em 15 de julho de 2008, no hotel Presidente Wilson, em Genebra.

Hannibal e Aline Kadafi foram indiciados no dia seguinte por lesões corporais simples, ameaça e coação contra dois empregados domésticos. Ambos negaram as acusações.

Após dois dias de detenção, o casal Kadafi foi liberado mediante o pagamento de uma caução de meio milhão de francos e retornaram à Líbia. Os dois empregados pediram asilo político na Suíça.

No início de setembro de 2008, a Justiça de Genebra arquivou o processo contra os Kadafi, depois que os dois acusadores retiraram a queixa.

Um relatório apresentado em 14 de setembro de 2008 por uma comissão independente concluiu que as autoridades de Genebra agiram corretamente.

Em 20 de agosto de 2009, o presidente suíço Hans-Rudolf Merz pediu desculpas, em Trípoli, pela prisão do casal Kadafi.

Na ocasião, foi assinado um acordo para normalizar as relações entre os dois país e para que a Líbia libertasse dois reféns suíços, retidos nos país desde o ano passado. Um tribunal independente investigaria de novo o caso Kadafi.

O prazo para o cumprimento do acordo terminou em 20 de outubro de 2009 sem que a Líbia tivesse cumprido a sua parte.

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