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Aumento da vigilância visto como ‘ato de confinça’

Sorria: os eleitores suíços aprovaram uma lei dando maiores poderes ao serviço de inteligência como escutas de telefones privados. Keystone

Quem vai controlar os agentes? Depois que quase dois terços dos eleitores suíços aprovaram o reforço do Serviço de Inteligência da Suíça (FIS), permitindo as escutas de telefones privados e computadores, os jornais suíços pedem que o governo mantenha o controle sobre as atividades do FIS, como foi prometido durante a campanha eleitoral.

“A aprovação ampla da lei de inteligência não foi surpreendente, mas é notável”, observa o diário Neue Zürcher Zeitung (NZZ) na segunda-feira.

“O reflexo defensivo contra a vigilância estatal tem sido tradicionalmente menos pronunciado na Suíça do que outros países”, escreve o jornal de Zurique.

“Embora o FIS tenha recebido poderes adicionais, eles continuam a ser relativamente pequenos. Os cidadãos manifestaram confiança nos serviços de inteligência, mas essa confiança pode ser perdida com a mesma rapidez”, adverte o NZZ. 

Os opositores da lei argumentavam que a privacidade dos cidadãos estaria em risco se os agentes do FIS tivessem poderes adicionais, incluindo atividades sobre a vida privada. Eles temiam que as autoridades iriam recolher enormes quantidades de dados, o que poderia levar a um sistema de vigilância “Big Brother”, semelhante ao escândalo das fichas em 1989, no final da era da Guerra Fria..

Você confia no governo?

O Tages-Anzeiger, de Zurique, e o Der Bund, de Berna escrevem que a nova lei – que o Parlamento julgou necessária para combater o terrorismo e impedir o comércio de armas – disse que com a nova lei – que o Parlamento disse que era necessária para combater o terrorismo e impedir o comércio de armas – aos eleitores perguntaram: você confia no governo e nos serviços de inteligência para dar-lhes poderes de vigilância de grande alcance de forma responsável?

“O governo ganhou a confiança dos eleitores com duas promessas de peso. Primeiro, garantiu que os novos poderes só seriam usados em uma dúzia de casos por ano. Em segundo lugar, prometeu manter o controle sobre o FIS de muito mais perto do que antes “, escrevem os dois jornais.

“De acordo com a lei, meia dúzia de comissões parlamentares vão monitorar as atividades do FIS, mas tudo será inútil se os políticos e funcionários públicos não levarem seus trabalhos sério. Depois ato de fé dos eleitores, cabe agora ao governo e ao FIS provarem que merecem a confiança dos eleitores.”

O Basler Zeitung, de Basileia, concorda que domingo foi um bom dia para a FIS. “O eleitorado apoiou o FIS em números maiores do que o esperado. Com o Sim claro, o FIS terá mais meios que lhe permita cumprir sua missão política. A maioria dos eleitores reconheceram, assim, a situação insatisfatória em que o FIS estava trabalhava, sem ser capaz de ouvir a chamadas telefônicas para identificar planos terroristas “, escreve o jornal.

A decisão de ontem retifica essa situação. “O FIS deve agora concentrar-se sobre as pessoas, descobrir onde estão as pessoas perigosas para que – no momento decisivo – retirá-las da circulação “.

‘Não há liberdade sem segurança’

Os editorialistas na parte francófona do país destacam a decisão de rejeitar o aumento pagamentos de pensões -, mas alguns jornais ainda comentam a votação da lei de inteligência – uma vez que os eleitores na Suíça francesa e italiana apoiaram a iniciativa pelo aumento de 10% das pensões da aposentadoria mínima.

“Essa vitória esmagadora pode ser explicada, sobretudo, pelo contexto internacional sangrento às portas da Suíça. Paris, Bruxelas, Nice – cidades marcadas por ataques terroristas – ficaram gravadas na mente das pessoas “, disse o 24 Heures de Lausanne.

“Diante da ameaça islâmica, os suíços decidiram reforçar seus serviços secretos, cuja atuação anteriormente era muito limitada. Críticos lamentavam em vão a violação da esfera privada e a ameaça de vigilância em massa como praticada nos Estados Unidos, mas o voto suíço pode ser resumido assim: FIS derrotou Snowden”, concluiu, referindo-se ao ex-funcionário da CIA Edward Snowden, que revelou atividades de espionagem ilegais dos EUA na Europa e na Suíça.

Na Suíça de língua italiana, o Corriere del Ticino disse que a “campanha ideológica” travada por oponentes “falhou porque foi além das expectativas”.

“Ecos do escândalo das fichas, a rejeição pelo Parlamento há apenas sete anos de uma tentativa de dar aos serviços de inteligência mais poderes e o argumento simplista de um” Estado Big Brother ‘ levaram um resultado maior o que o esperado” escreve o jornal em italiano.
“Mas dois terços dos eleitores aprovaram a ideia de que não há liberdade sem segurança.” 



Adaptação: Claudinê Gonçalves

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