Suíços no exterior apoiaram em massa o casamento para todos
Com quase 72% dos votos a favor, os suíços no exterior aprovaram o casamento para casais do mesmo sexo ainda mais intensamente do que seus compatriotas na Suíça. Embora não tenha alcançado a maioria, a iniciativa dos 99% obteve uma pontuação surpreendentemente boa entre a chamada 5ª Suíça.
O voto “sim” foi claro e maciço: mais de 64% do eleitorado suíço votou a favor do casamento para todos no domingo. Após décadas de luta, casais do mesmo sexo agora têm o direito de se casar e fundar uma família na Suíça.
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Casais do mesmo sexo podem se casar na Suíça
Nos 12 distritos suíços no exterior para os quais existem estatísticasLink externo disponíveis, a lei foi aceita com uma maioria de votos superior a 70%.
Este resultado não surpreende o cientista político Lukas Golder, co-diretor do instituto gfs.bern. Muitos suíços no exterior vivem, trabalham ou viajam em grandes centros urbanos, observa ele, e nos últimos anos “tiveram a oportunidade de experimentar maior aceitação e visibilidade [de casais do mesmo sexo] do que na Suíça”.
“Os argumentos conservadores foram menosprezados, porque em outros países desenvolvidos essas uniões são ainda mais normais”.
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Maior debate sobre as disparidades de riqueza no exterior
O outro texto submetido à votação no domingo, a iniciativa dos 99%, propôs um imposto sobre os ganhos de capital. Quase dois terços do eleitorado (64,9%) e todos os cantões rejeitaram esta ideia, assim como uma longa série de tentativas da esquerda para introduzir uma maior igualdade fiscal.
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Taxar o 1% mais rico, uma ideia que não agrada os suíços
Mas na comunidade suíça no exterior, o texto recebeu um “surpreendente” voto favorável: com 48,6%, faltou pouco para convencer a maioria do eleitorado suíço no exterior.
A marca de 50% foi mesmo passada pelos suíços no exterior registrados nos cantões de Friburgo, Genebra, Basileia-Cidade e Lucerna.
De acordo com Lukas Golder, uma explicação pode ser que o debate sobre a desigualdade de riqueza é mais vivo internacionalmente, e que em outros países (por exemplo, os Estados Unidos ou o Reino Unido) o fosso entre ricos e pobres é um problema maior do que na Suíça. Isto pode ter dado aos suíços no exterior “uma perspectiva diferente”, diz o cientista político.
O Conselho Federal havia argumentado contra o projeto, alegando que a distribuição de renda era equilibrada na Suíça e que a carga tributária sobre os ganhos de capital era alta na comparação internacional. Esses argumentos tiveram muito peso na Suíça”, diz Golder.
O co-diretor do instituto gfs.bern também observa que uma grande proporção dos cidadãos que vivem na Suíça era sensível à ideia de que a reforma poderia penalizar a economia suíça e as PMEs.
“Este argumento quase sempre funciona na Suíça”, mas não é tão forte com as pessoas que vivem no exterior, aponta Lukas Golder. Os suíços no exterior seriam mais motivados por seus interesses individuais ao votar; neste caso, a população no exterior apoiou o projeto porque, de qualquer forma, não teria sido diretamente afetada por sua aplicação, segundo as análises dos especialistas.
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Adaptação: Fernando Hirschy
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