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Presidente da Ucrânia se mostra favorável à participação da Rússia em próxima cúpula de paz

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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, se mostrou favorável nesta segunda-feira (15) à participação da Rússia em uma segunda cúpula de paz, depois de mais de dois anos de guerra entre os dois países.

Em meados de junho, uma primeira cúpula sobre a paz na Ucrânia foi organizada na Suíça, onde estiveram representantes de diversos países, porém, sem a presença da Rússia, que não foi convidada, e da China, aliado diplomático e econômico de Moscou, que decidiu não participar. 

Agora, Zelensky afirma querer apresentar em novembro um “plano” para “uma paz justa”.

“Estabeleci a meta de que, em novembro, tenhamos um plano totalmente preparado” para organizar a cúpula, disse Zelensky nesta segunda, em uma coletiva de imprensa em Kiev, na qual, pela primeira vez, afirmou que deseja a participação de Moscou. 

“Acredito que os representantes russos deveriam participar desta segunda cúpula”, disse.

O mandatário ucraniano não mencionou o fim das hostilidades, mas o estabelecimento de um plano sobre três temas: a segurança energética da Ucrânia — cuja infraestrutura foi devastada pelos bombardeios russos —, a livre navegação no Mar Negro e a troca de prisioneiros.

A Rússia ainda ocupa cerca de 20% do território ucraniano e as perspectivas de um cessar-fogo, e mesmo de uma paz duradoura entre Kiev e Moscou, são mínimas nesta fase, após quase dois anos e meio do ataque russo em grande escala.

Entretanto, é a primeira vez que Zelensky levanta a ideia de negociações com a Rússia sem a retirada prévia de suas tropas do território ucraniano.

No passado, o presidente da Ucrânia havia afirmado que não queria negociar com Moscou enquanto Vladimir Putin estivesse no poder. Também chegou a firmar um decreto que tornava ilegais as negociações com a Rússia.

– Posições distantes –

No entanto, tudo aponta que as posições entre Kiev e Moscou são irreconciliáveis atualmente.

Kiev afirma regularmente querer recuperar todos os territórios ocupados pelos invasores russos, incluindo a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

A condição essencial para a Ucrânia antes de qualquer discussão de paz é a retirada total das forças russas em solo ucraniano, quase 700 mil soldados, segundo números apresentados por Putin.

O presidente russo, que atacou a Ucrânia em fevereiro de 2022, reiterou em múltiplas ocasiões que suas “condições” são o abandono das quatro regiões — cuja anexação Moscou reivindica além da Crimeia — e a garantia de que Kiev renuncie à adesão à Otan.

Estas exigências foram rejeitadas por Kiev e seus aliados ocidentais.

Por sua vez, as potências ocidentais enfatizaram que cabe aos líderes ucranianos decidirem quando querem se sentar para conversar com a Rússia e sob quais condições, e Zelensky disse nesta segunda-feira que “não acredita” que alguém os esteja “pressionando” a negociar.

A possibilidade de negociar é “algo que foi comentado com eles”, declarou nesta segunda-feira o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, indicando ao mesmo tempo que cabe à Ucrânia decidir.

“Se quiserem convidar a Rússia à cúpula, apoiaremos”, acrescentou Miller, lembrando que, até o momento, a Rússia não deu mostras de querer uma solução diplomática para o conflito.

Mas o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, o principal aliado da Ucrânia, pode influenciar o desenvolvimento do conflito.

O republicano Donald Trump, que já elogiou as políticas de Putin no passado, prometeu acabar com a guerra dentro de semanas se vencer a eleição de novembro, e alguns temem que ele possa cortar a ajuda a Kiev.

Nas primeiras semanas da invasão russa, Belarus e Turquia organizaram reuniões de delegações russas e ucranianas para tentar chegar a um acordo de paz. Mas esses esforços não foram bem-sucedidos e, desde então, a Rússia tem argumentado que foram os países ocidentais que causaram o fracasso das negociações.

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