Primeiro dia da nova guerra de tarifas entre EUA e China
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz que “não tem pressa” de falar com seu homólogo chinês, Xi Jinping, apesar do início de uma nova guerra comercial entre os dois países.
Trump impôs novas tarifas de 10% sobre os produtos chineses, as quais se somam às que já vigoravam para a segunda maior economia mundial.
Em retaliação, a China apresentará uma queixa à Organização Mundial do Comércio e impôs tarifas de 15% sobre as importações de carvão e gás natural liquefeito dos Estados Unidos, e de 10% sobre o petróleo bruto, maquinário agrícola, veículos de alta cilindrada e caminhonetes.
Pequim também vai investigar o gigante tecnológico Google e o grupo de moda proprietário das marcas Tommy Hilfiger e Calvin Klein, além de reforçar os controles de exportação sobre alguns metais e produtos químicos usados em aparelhos industriais.
A China é um mercado importante para as exportações energéticas dos Estados Unidos, as quais totalizaram mais de 7 bilhões de dólares em 2024 (aproximadamente R$ 43 bilhões em cotação da época), muito abaixo dos 94 bilhões de dólares (R$ 582 bilhões) que representaram as importações da Rússia, um país aliado.
Mas Trump disse a jornalistas que “não tem pressa” de falar com Xi para desarmar o conflito.
O presidente americano “não vai permitir que a China continue fornecendo e distribuindo fentanil mortal em nosso país, essa foi a razão desta tarifa alfandegária”, afirmou mais cedo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
As bolsas de valores oscilaram nesta terça-feira, enquanto os investidores se preparam para uma atividade de mercado volátil nas próximas semanas devido às ameaçadas tarifárias de Trump sobre os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
México e Canadá também se viram ameaçados com tarifas de 25% sobre seus produtos (e de 10% sobre os hidrocarbonetos canadenses), mas a medida foi adiada por um mês enquanto um “acordo” é negociado.
– “Czar do Fentanil” –
Trump transformou as tarifas em uma ferramenta de política externa neste seu segundo mandato.
Desta vez, ele as usa, segundo afirmou, para punir os países por não deterem os fluxos de migrantes ilegais e drogas, incluindo o fentanil, um potente opioide sintético.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, chegaram a acordos de última hora com Trump na segunda-feira para endurecer as medidas na fronteira e ganharam 30 dias para negociar.
O México afirma ter começado a destacar 10 mil militares na fronteira, conforme prometido a Trump. “Já começaram a ser enviados”, confirmou Sheinbaum em uma coletiva de imprensa.
Mais de 480 mil pessoas foram assassinadas em todo o México desde que o governo lançou uma grande ofensiva contra os cartéis de drogas em 2006.
Trudeau prometeu nomear um “czar do Fentanil” e incluir os cartéis de drogas em sua lista de organizações terroristas, como fez Trump logo após retornar à Casa Branca.
Resta saber se haverá um acordo com a China nos mesmos moldes.
“Depende do chefe, nunca me adianto ao chefe”, despistou Navarro.
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