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Recuo das geleiras ameaça biodiversidade nos Alpes

Geleira Rhone
A geleira do Ródano, no cantão de Valais. 2022 foi um ano desastroso para as geleiras suíças - 2023 parece que será outro ano ruim. Keystone/ Valentin Flauraud

À medida que as geleiras derretem nos Alpes em índices sem precedentes devido à crise climática, a biodiversidade dos rios está ameaçada e muitas espécies de invertebrados correm o risco de extinção, segundo um novo estudo.

O estudo publicadoLink externo na revista Nature Ecology and Evolution na quinta-feira por cientistas da Suíça, Áustria, Itália e Reino Unido mostra como os invertebrados que vivem na água fria do derretimento das geleiras dos Alpes podem desaparecer com o recuo das geleiras devido à mudança climática. Isso pode ter consequências em toda a cadeia alimentar.

Os rios das geleiras nos Alpes abrigam muitas espécies de invertebrados, como moscas-das-pedras ou vermes achatados, que são um componente essencial do ecossistema. Eles servem de alimento para peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos.

Porém, com o aumento das temperaturas globais e o recuo das geleiras, as condições de vida desses animais estão se tornando cada vez mais hostis. O ano de 2023 parece ser mais um ano desastroso para as geleiras suíças, com cobertura de neve cerca de 30% abaixo da média dos últimos dez anos.

+ A Suíça corre o risco de ver outro recorde de derretimento de geleiras em 2023, diz glaciologista

Os autores do estudo coletaram dados de 30 anos e realizaram simulações sobre a evolução de 15 espécies de invertebrados no ambiente alpino entre 2020 e 2100. Os pesquisadores agora preveem que os rios se tornarão mais quentes, mais secos ou desaparecerão devido às mudanças climáticas, de modo que esses organismos poderão perder a maior parte de seu habitat.

A maioria desses invertebrados enfrentará quedas na população, e alguns até correm o risco de extinção nos Alpes. Entre eles estão a mosca-pedra Rhabdiopteryx e os mosquitos que não picam. Também não está claro se esses animais conseguirão migrar para novos refúgios, pois não são bons em voar ou se deslocar por longas distâncias.

+ Espécies alpinas lutam para acompanhar a crise climática

Mas, mesmo que alguns tentem escalar para áreas mais frias, atualmente elas não estão totalmente protegidas. Portanto, os cientistas dizem que isso trará “novos desafios para a proteção da biodiversidade”.

“As estratégias de conservação alpina devem mudar para acomodar os efeitos futuros do aquecimento global”, concluem os pesquisadores.


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