A Suíça leva à sério o projeto de trem hiper-rápido
O turbilhão criativo Elon Musk quer revolucionar a indústria de transportes com a idéia de um trem maglev (trem de levitação magnética) em um túnel de vácuo. No final de julho, ele promoveu uma competição entre equipes de estudantes, incluindo duas da Suíça. Mas a ideia não é nova: na Suíça, um projeto semelhante já foi lançado com a Swissmetro. Pode haver uma nova versão?
A idéia de Musk, o chamado HyperloopsLink externo, não é nada de novo para os suíços. Décadas atrás, um projeto semelhante foi discutido no país: o SwissmetroLink externo. Naquela época, Marcel Jufer foi o promotor da idéia de um trem rápido correndo pelos túneis do país. O projeto porém foi por água abaixo em 2009 por falta de financiamento.
Com a iniciativa de Musk, Jufer colocou novamente seu projeto de vento em popa. “Na Suíça é impossível construir novas linhas ferroviárias: há muita oposição, altos preços de terrenos, a dificuldade de construir cidades, etc.”, aponta Jufer. “Se queremos andar mais rápido, precisamos de um novo sistema de transporte – e isso só é possível no subsolo”. A velocidade ideal nos túneis de vácuo é entre 400 e 500 km/h. Uma velocidade maior não faz sentido por causa das curtas distâncias na Suíça.
Estudos de viabilidade
“Faz bem estimular o interesse entre os jovens engenheiros e para manter o tema na boca do povo, e despertar entusiasmo por ele tanto na indústria e nos meios de pesquisa, como também na população”, diz Silvio Foiera. O secretário-geral da associação “SwissMetro-NG”Link externo (NG = Next Generation, ou nova geração) está empenhada em trazer o projeto de transporte super-rápido de passageiros de volta à agenda política.
As capacidades da rede ferroviária suíça já estão parcialmente no limite, assim que os inconvenientes aumentariam. As previsões estimam que o número de passageiros dobrará até 2040. “Estamos nos encaminhando para um gargalo que não pode mais ser resolvido com tecnologias comuns ou mais do mesmo”, adverte ele.
Agora, cabe à política decidir “se estamos preparados para abrir novos caminhos. Temos já nos movido, e realizamos sob encomenda um estudo de viabilidade para a consulta parlamentar sobre a extensão da infra-estrutura ferroviária 2030/35 em que discutimos se isso faz sentido para a Suíça assim como a questão de ordenamento do território”.
Começar com transporte de carga?
Os alunos das duas faculdades politécnicas ETH (Zurique) e EPFL (Lausanne) querem começar trabalhando em uma escala menor. Ambas as equipes falam que querem revolucionar o transporte de carga na Suíça. “No caso, começaríamos com um túnel de vácuo pequeno, subterrâneo, que ligaria os principais centros urbanos da Suíça”, diz Gabriela Fernandes, responsável pela finanças e captação de patrocínio para o projeto “Swissloop”Link externo da ETH.
Às objeções contra um projeto semelhante, o Cargo Sous Terrain (CST), para transporte ferroviário subterrâneo de mercadorias, Fernandes contra-argumenta que, “para a maior parte do transporte de mercadorias, o CST faria todo sentido. Mas para as remessas ‘same day delivery’, ou seja, entregas no mesmo dia, o CST não consegue cobrir toda a demanda. As duas abordagens para o transporte de cargas poderiam ser combinadas, com um sistema mais rápido e outro mais lento. “
Denis Tudor, diretor técnico do projeto da EPFL, o “EPFLoop”Link externo, também quer construir uma infra-estrutura na Suíça. “A melhor maneira seria começar com o transporte de mercadorias e verificar todos os parâmetros críticos no túnel de vácuo, e só então repensar a infra-estrutura de transporte de passageiros.”
Jufer, no entanto, vê pouco sentido em um trem de carga super-rápido. “Eu posso imaginar que seria interessante ter um sistema de transporte de carga rápido, por exemplo, entre Los Angeles e Nova York, mas não na Suíça.”
Os primeiros projetos comerciais
A Virgin Hyperloop OneLink externo e a Hyperloop Transportation TechnologiesLink externo (HTT) são atualmente as principais empresas privadas neste novo setor de transporte. Ambas planejam construir rotas em diferentes partes do mundo para transportar bens ou pessoas.
A HTT anunciou em 2017 a abertura de um centro de testes em Toulouse, na França. Este ano, a construção começou em uma pista de de escala 1: 1.
A Virgin Hyperloop One vem testando um modelo menor desde meados de 2017 em um trecho de 500 metros nos arredores de Las Vegas.
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