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OMS preocupada com tratamento contra a malária

Manhã nas vilas flutuantes perto de Siem Reap, no norte do Camboja Sebastian Stange (swissinfo)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma campanha mundial contra a propagação da malária resistente aos tratamentos e alerta que se nada for feito a situação pode se tornar "catastrófica”.

A iniciativa, anunciada em Genebra, se baseia em relatos do Sudeste Asiático de primeiros sinais de resistência à artemisinina, o principal componente usado no tratamento da malária em milhões de pacientes no mundo.























Um parasita resistente ao medicamento surgiu na zona da fronteira do Camboja com a Tailândia em meados de 2000 e é suspeito de ter se espalhado em outras áreas do Camboja, Mianmar, Tailândia e Vietnã. A OMS já deu início a um plano de contenção “agressivo” nos locais afetados.

A região do Delta do Mekong foi onde a cloroquina começou a falhar em 1950, antes de perder sua eficácia na África. Teme-se que o mesmo venha a acontecer com a artemisinina, a substância mais eficiente disponível contra a malária, especialmente usada na terapia combinada chamada ACT.

“A terapia ACT é a referência dos tratamentos. Não é exagero para mim dizer que as consequências da resistência generalizada à artemisinina seriam catastróficas”, declarou a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em uma reunião na quarta-feira (12).

Especialistas dizem que o tempo é curto para conter ou eliminar os parasitas resistentes. “Enquanto não temos evidência de resistência fora da área do delta do Mekong, a resistência pode surgir em outro lugar e precisamos estar preparados para isso”, disse Robert Newman, diretor do Programa Mundial da Malária da OMS, à swissinfo.ch.

Nicholas White, que pesquisou a resistência à artemisinina na região do Mekong, fez um apelo por um maior senso de urgência.

“A situação é como um câncer diagnosticado numa fase precoce, mas não sabemos se ele já se espalhou. Se não for o caso, então é possível tomar as medidas radicais para retirá-lo e curá-lo”, disse.

175 milhões de dólares por ano

Na nova campanha mundial, a OMS prevê que serão necessários mais de 175 milhões de dólares por ano. Os fundos seriam utilizados para conter a resistência nas áreas de foco, para melhorar o diagnóstico da forma resistente e aumentar o acesso aos testes de diagnóstico da malária. Do total, 65 milhões seriam necessários para a pesquisa em parasitas resistentes e em novos medicamentos de substituição à terapia ACT.

Embora seja feito um grande esforço no desenvolvimento de novas classes de antimaláricos, como o NITD609, uma substância experimental desenvolvida no ano passado por uma equipe internacional liderada pela Suíça, não há previsão de outro medicamento de substituição a curto prazo, dizem os especialistas.

A campanha foi bem recebida por seus integrantes presentes em Genebra, que aproveitaram para exigir uma melhor colaboração da agência.

A OMS está, entretanto, insistindo para que todos os Estados aumentem a vigilância da resistência aos remédios, dizendo que em 2010 menos da metade – 31 dos 75 países – procederam a testes rotineiros da eficácia de medicamentos contra a malária.

“Tremendo progresso”

A malária afeta cerca de 243 milhões de pessoas por ano, causando a morte de 781 mil, sobretudo crianças e mulheres grávidas na África subsaariana. Mas a OMS estima que o número de casos de malária caiu mais de 50% em 43 países na última década.

Um estudo recente de prevenção da malária realizado em 34 países africanos estima que mais de 730 mil vidas foram salvas, entre 2000 e 2010.

“Fizemos um enorme progresso nos últimos dez anos na luta contra a malária”, disse Newman. “Ainda assim, 781 mil é um número inaceitavelmente alto para uma doença que é totalmente previsível e tratável. Esse número tem que chegar a zero”.

O investimento anual na luta contra a malária aumentou para 1,8 bilhão de dólares, resultando um aumento rápido da prevenção e do controle da malária através de campanhas de combate aos mosquitos e modestos aumentos no acesso às terapias ACT.

Mas a verba ainda está aquém dos 6 bilhões necessários anualmente para o controle mundial da malária, diz Newman, acrescentando que nos próximos cinco anos os esforços deveriam ser mantidos no controle dos vetores – 350 milhões de mosquiteiros tratadas com inseticida na África – enquanto o progresso é feito nas áreas mais atrasadas, como o teste universal para diagnóstico de todos os casos suspeitos.

“Isso deve preservar as terapias ACT para as pessoas que realmente sofrem de malária e vai melhorar a vigilância da doença”, disse Newman.

Ele também pediu mais esforços para melhorar o acesso à terapia ACT com preços acessíveis e encerrar a fabricação das monoterapias orais à base de artemisinina, mais baratas, mas consideradas ineficazes, representando “o maior risco para a propagação da resistência”.

Desde 2005 que a OMS ajuda a reduzir o número de produtores, que caiu de 76 para 43, incluindo um na Suíça. Mas eles continuam explorando nichos de mercado, disse a organização.

A malária causada pelo protozoário P.falciparum caracteriza-se inicialmente por sintomas inespecíficos, como dores de cabeça, fadiga, febre e náuseas. Estes sintomas podem durar vários dias.

Mais tarde, caracterizam-se por acessos periódicos de calafrios e febres intensas que coincidem com a destruição maciça de hemácias e com a descarga de substâncias imunogénicas tóxicas na corrente sanguínea ao fim de cada ciclo reprodutivo do parasita.

Estas crises paroxísticas, mais frequentes ao cair da tarde, iniciam-se com subida da temperatura até 39-40 °C. São seguidas de palidez da pele e tremores violentos durante cerca de 15 minutos a uma hora.

Depois cessam os tremores e seguem-se duas a seis horas de febre a 41°C, terminando em vermelhidão da pele e suores abundantes. O doente sente-se perfeitamente bem depois, até à crise seguinte, dois a três dias depois.

(Fonte: Wikipédia)

Adaptação: Fernando Hirschy

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