Sai um suíço e entra outro
Acossada pela Justiça em meio aos maiores escândalos de corrupção de sua história, as federações dos cinco continentes designaram o suíço Gianni Infantino como sucessor de Sepp Blatter na presidência da Fifa. Quatro candidados estavam no primeiro turno, pois o sul-africano Tokyo Sexwale retirara sua candidatura.
Para muitos, o rosto de Gianni Infantino é familiar por seu papel de regente dos sorteios da Liga dos Campeões e das grandes competições da Uefa: este ítalo-suíço poliglota, número 2 do futebol europeu, é, desde esta sexta-feira, o novo presidente da Fifa.
Eleito no segundo turno da eleição à presidência da Fifa com 115 dos 207 votos possíveis, Infantino tentou desde o início se desvencilhar da imagem de candidato do futebol europeu.
“Não sou o candidato da Uefa. Não sou o candidato europeu, sou o candidato do futebol”, declarou o ambicioso Infantino ao término da reunião do Comitê Executivo da Uefa em janeiro, quando recebeu o pleno respaldo da entidade.
A Uefa apostava todas as fichas em Michel Platini, seu presidente, mas essa opção foi excluída com a suspensão do ex-jogador francês, acusado de ter recebido um pagamento de 1,8 milhão de euros em 2011 de Joseph Blatter, presidente da Fifa.
Infantino foi incluído de última hora, em outubro, na lista de candidatos à presidência da Fifa como teórico ‘plano B’ da Uefa, caso Platini não pudesse apresentar candidatura às eleições, o que finalmente acabou acontecendo.
Blatter longe da eleição
Sepp Blater terá passado toda sua vida profissional na Fifa – primeiro como secretário-geral na presidência de João Havelange e depois como presidente por 17 anos – mas nem sequer esteve presente no congresso que elegeu seu sucessor.
Ele está suspenso de todas as atividades por seis anos e ainda vai recorrer ao Tribunal Arbitral do Esporte, como o ex-favorito à presidência da Fifa, Michel Platini, também suspenso por seis anos.
Propostas de reformas aprovadas no Congresso da Fifa
Propostas por uma comissão dirigida no ano passado pelo suíço François Carrard, o pacote de reformas foi aprovado por ampla maioria (179 a 22) pelo congresso do dia 28, antes da eleição do novo presidente.
As reformas são elogiadas por alguns, mas vistas como tímidas por outros:
– A separação clara entre as funções “políticas” e de gestão: o Conselho da Fifa (substituindo o Comitê Executivo) será encarregado de determinar a orientação estratégica geral da entidade, enquanto um secretariado-geral vai supervisionar as atividades operacionais e comerciais a fim de aplicar a estratégia.
– Mandatos limitados para o presidente da Fifa, os membros do Conselho da Fifa, os membros da Comissão de Controle e dos órgãos jurisdicionais (12 anos no máximo)
– A eleição dos membros do Conselho será supervisada pela Fifa, conforme o estatuto eleitoral da Fifa; todos os candidatos serão submetidos a controles severos de elegibilidade e integridade, conduzidos por uma comissão de controle independente da Fifa.
– Um maior reconhecimento e promoção das mulheres no futebol, com no mínimo uma mulher eleita como membro do Conselho em cada confederação; promoção das mulheres em resposta a um objetivo estatutário explícito da Fifa visando a diversificar o ambiente e a cultura das tomadas de decisão.
– Divulgação individual das remunerações do presidente da Fifa, de todos os membros do Conselho da Fifa, do secretário-geral e dos responsáveis dos órgãos independentes e das comissões jurídicas apropriadas.
– Controle reforçado dos movimentos financeiros.
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