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Ajuda suíça ao desenvolvimento completa 50 anos

Trabalhadores do Bangladesh na Líbia em filas por comida num campo de refugiados na fronteira com a Tunísia. Keystone

A DDC, a agência do governo suíço para a cooperação e o desenvolvimento, faz 50 anos. Um jubileu marcado pela onda de revoltas no mundo árabe.

Um ano de comemorações “sem nostalgia” para o diretor da DDC, Martin Dahinden. De olho no futuro e nos recursos extras obtidos pelo Congresso, o suíço garante que a verba servirá para “participar de forma ainda mais eficaz na resolução de problemas locais e mundiais”.

Com as revoltas na Tunísia, no Egito e o destino incerto da Líbia, muitas questões se abrem ao engajamento da Suíça nas margens sul do Mediterrâneo.

Diante destas reviravoltas, é preciso distiinguir entre ajuda humanitária, que deve ser feita de imediato e a curto prazo, e cooperação para o desenvolvimento, que pode ser tratada a longo prazo, disse Martin Dahinden.

Quanto à primeira, a Suíça já está comprometida desde fins de fevereiro. Atualmente, dez especialistas suíços estão na região, divididos em três equipes entre a Líbia e suas fronteiras com Egito e Tunísia, participando das medidas para tentar evitar uma catástrofe humanitária e de saúde.

Além dos 3 mil cobertores e 200 barracas, a Suíça disponibilizou um milhão e meio de francos, repartidos entre o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a Organização Internacional para as Migrações e Corpo Suíço de Ajuda Humanitária da Direção para o Desenvolvimento e a Cooperação (DDC), que enviou os especialistas na região. “E vamos certamente reforçar esta participação nas próximas semanas”, garantiu numa conferência de imprensa o chefe da DDC.

Decisão política

“A cooperação para o desenvolvimento é outra coisa. É um compromisso a longo prazo que depende de uma decisão política”, disse.

Em comparação a outros países, a agência suíça dispõe de meios relativamente limitados (cerca de um bilhão de francos por ano). Para maior eficiência, concentra seus esforços em determinados países ou grupos de países definidos como “prioritários”. E até o momento, a lista não inclui nenhum país árabe. Só os territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia são beneficiados por “programas especiais”.

Em 2009, o governo decidiu reduzir o número de países prioritários de 17 para 12. A partir do próximo ano, por exemplo, a DDC vai deixar a Índia e o Peru, onde trabalhou por quase 50 anos, e fará mais programas especiais na Coreia do Norte. Caberia, portanto, ao governo decidir instalar, ou não, uma presença suíça no norte da África, que exigiria, obviamente, uma redistribuição dos recursos.

“Esta região tem grande importância para a Europa e também para nós”, lembrou Martin Dahinden, destacando a experiência da DDC em apoio à democratização, na criação de administrações locais ou ainda nas áreas de trabalho e renda, um conhecimento que poderia ser muito útil para os países que terão que construir um Estado de direito e relançar a economia.

Água, meio ambiente e dívida

Enquanto o meio político decide se envia ou não a DDC para um trabalho de longo prazo no norte da África, o Congresso suíço já atribuiu, apesar de muitos protestos, mais 640 milhões de francos durante dois anos para a região. O objetivo é alcançar até 2015 um orçamento equivalente a 0,5% do PIB.

Ainda não são os 0,7% recomendados pela ONU (embora alguns países como a Noruega doem mais de 1%), mas Martin Dahinden só pode parabenizar esse aumento.

Os montantes assim obtidos serão destinados a duas tarefas que os suíços têm prioridade: a gestão da água, uma área vital para os países mais pobres e a proteção do meio ambiente, com a promoção de energias alternativas. Parte do dinheiro também servirá para aliviar a dívida desses países, compromisso assumido pela Suíça que não poderia ser mantido sem esse aumento.

“A DDC sempre foi muito criticada. Dois anos atrás, uma pesquisa mostrou que quase metade da população é a favor da cooperação para o desenvolvimento, um terço queria aumentar a contribuição e cerca de 20% achavam que fazíamos demais. Mas a maioria dessas pessoas superestimam a verdadeira dimensão dos nossos recursos. Elas acham que já alcançamos o topo do mundo.”

Se a DDC comemora este ano seus 50 anos, a Suíça se dedica à causa humanitária há quase um século e meio. Mas os primeiros passos foram dados por particulares. Algumas datas.

1863. Fundação, em Genebra, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) por Henry Dunant.

1918. A Cáritas organiza viagens de repouso à Suíça para crianças de países devastados pela guerra.

1936. Fundação da Ação Suíça de Ajuda Operária (OSEO, na sigla em francês).

1944-1948. Campanha de doações às vítimas da guerra na Europa, iniciada pelo governo suíço e que se tornou a Swissaid.

1946. Fundação da Ajuda Mútua Protestante (EPER, na sigla em francês).

1950. Primeira missão de quatro cooperativas suíças no Nepal, financiadas pelo governo.

1951. A Suíça começa a contribuir financeiramente aos programas de assistência técnica da ONU.

1955. Fundação da Ajuda Suíça para Regiões Extra-Europeias, que deu origem à Helvetas em 1965.

1960. Fundação da Terre des Hommes.

1961. O governo nomeia o primeiro delegado ao Serviço de Apoio Técnico. A futura DDC (termo adotado em 1996).

1974. A Suíça adere à Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

1976. Lei sobre a Cooperação para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária Internacional.

2011.

O Congresso suíço concorda em aumentar a ajuda pública da Suíça ao desenvolvimento em 0,5% do PIB até 2015.

Adaptação: Fernando Hirschy

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