Em 1973, o jornalista Torquato Treichler, chefe da redação de língua portuguesa da Rádio Suíça Internacional (RSI) transmitiu um programa dedicado à "Landsgemeinde", uma das mais antigas e simples formas de democracia direta praticadas no continente.
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Alexander Thoele é de origem alemã e brasileira e ingressou na swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, concluiu seus estudos de jornalismo e informática em Brasília e Stuttgart.
Quarenta e cinco anos depois, a última LandsgemeindeLink externo foi organizada no cantão de Glarus em 6 de maio de 2018. Nessa assembleia em praça pública, em que os eleitores votam levantando os braços, várias propostas foram apresentadas, dentre elas um novo mecanismo de partilha dos encargos financeiros dentro do cantão (estado) e uma nova lei de transparência pública. As duas foram aprovadas pelos eleitores.
A Landsgemeinde ocorre tradicionalmente em GlarisLink externo – ou Glarus, em alemão – a minúscula capital do cantão do mesmo nome e no cantão de Appenzell-Interior.
A reportagem começa com uma identificação geográfica do cantão e da cidade de Glaris, região de 685 km2 e que na época tinha apenas 42 mil habitantes (hoje o número caiu para 40 mil).
Uma região em que sopra o vento da liberdade e também o foen (vento quente procedente da África) portador de problemas e benefícios. Explica meio de chegar a Glaris, partindo de Zurique. Fala das belezas das paisagens realçando que os habitantes de Glaris são “trabalhadores e esforçados”, o que explicaria por que o cantão é um dos mais industrializados da Suíça, em particular no setor dos têxteis.
Quanto à própria Landsgemeinde, ela começa tradicionalmente às 9h30 da manhã com o repicar dos sinos, o desfile de autoridades do palácio do governo à praça principal, num cerimonial imutável. Entrevistado, Jean-Claude Stricker define a Landsgemeinde como uma assembleia que reúne todas as pessoas com direito de voto (ser suíço, ter 20 anos e não privado de direitos cívicos).
Ela ocorre uma vez por ano, no início de maio, mas pode se realizar mais vezes em caso de necessidade. É uma assembleia democrática e nela podem ser lançadas novas ideias.
No encontro, todos têm direito de dizer o que pensa dos temas em votação. Suas origens são muito antigas, democratizou-se com o correr do tempo, evoluiu muito, admitindo, p.ex. no ano passado, a participação feminina, decisão criticada por parte das mulheres mais idosas.
A Landsgemeinde tem poder legislativo e, curioso, o cidadão vota p.ex., o aumento de impostos, depois de admitir a medida como “um mal necessário”. Tudo é dirigido pelo “Landammann”, que significa presidente do conselho de Estado ou governador.
Ele decide se uma votação é positiva ou negativa, mesmo havendo erro na difícil contagem de votos de sete mil pessoas. Os eleitores recebem com quase um mês de antecedência um memorial com todas as questões a serem decididas. Resta que é uma excelente ocasião para encontro de famílias e de amigos.
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