Sankt Gallen: a cidade com o mosteiro e a mais bela biblioteca
Você já esteve em St.Gallen? O jornalista Gabriel Barbosa, da antiga Rádio Suíça Internacional (RSI) transmitiu em 1977 uma reportagem especial sobre essa localizada ao nordeste da Suíça e famosa pela sua abadia. Encontramos o áudio nos nossos arquivos.
Este conteúdo foi publicado em
4 minutos
Alexander Thoele é de origem alemã e brasileira e ingressou na swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, concluiu seus estudos de jornalismo e informática em Brasília e Stuttgart.
“…Sankt Gallen (ou mais comumente St.Gallen), que traz denominação francesa de Saint-Gall, italiana San Gallo, correspondentes a São Galo em Portugal, é uma cidade – no Nordeste suíço – que parece não ter nenhuma atração especial, o que desmente essa reportagem.
Do morro de São Jorge, o ponto mais alto de St. Gallen, Edgar Ricardo von Büttner dá uma visão de conjunto do centro urbano, com o lago de Constança à direita e, à esquerda, a prefeitura e a estação ferroviária. Varrendo o panorama com o olhar, à direita, sobressai o hospital cantonal, um dos mais modernos da Suíça e, no centro, as duas torres da catedral, símbolos da cidade. As ruas em torno da igreja, em forma de circunferência, correspondem à antiga muralha de proteção.
A catedral, barroca, tornou-se de fato o emblema de St. Gallen. Edgar relaciona a fundação do monumento à fundação acidental da cidade por São Galo, monge irlandês a caminho de Roma. Companheiro de Columbano, Galo queria evangelizar uma Europa dominada pelos bárbaros. Ele chegou em 612 à região, onde, atacado por uma febre, construiu uma cabana em lugar ermo.
Lá surgiria uma comunidade religiosa, com a construção de um mosteiro beneditino em 719. No começo do século 9, quando St. Gallen já era centro econômico importante, o mosteiro exercia forte influência cultural na Europa, em particular com sua famosa biblioteca (Stiftsbibliothek) que dispõe, hoje, de aproximadamente cem mil volumes, inclusive incunábulos de grande valor histórico, pois resultam de um trabalho de artesão. A biblioteca é considerada um dos maiores tesouros do mundo ocidental. A Stiftsbibliothek, cujos primeiros catálogos mencionam 400 obras, reúne escritos até do século 8, além de conservar uma múmia egípcia do VII sec. a.C.
Em visita à cidade, chama a atenção nas casas os chamados Erkers (em alemão), espécie de balcões com vidraças, no primeiro andar (até parecidos com oratórios), destinados a servir de ponto de observação do que acontecia na rua. Cada família procurava enfeitar o melhor possível os trabalhos em madeira dos balcões. No que diz respeito a eventos, destaca-se em St. Gallen a feira de agricultura e pecuária, OLMA, Schweizer Messe für Landwirtschaft und Ernährung.
Mostrar mais
Mostrar mais
Abadia de Saint Gallen
Este conteúdo foi publicado em
Fundado do século 8, a Abadia de St Gallen é um dos mais importantes centros da Europa para a religião, a cultura e a arte. O monastério e sua magnífica biblioteca barroca fazem parte do Patrimônio Mundial da Unesco desde 1983.
Consiste em uma mostra de máquinas agrícolas e produtos da terra: laticínios, exposição de gado, vinho… Sílvia apresenta em seguida a escola Superior de Estudos Econômicos e Sociais, um prédio moderno e recente para uma instituição tradicional, mais conhecida no setor de administração de empresas. A escola – que dispõe de obras de artistas famosos como Mirò, Tapies e Maria Penalba – tem um Instituto Latino-Americano que se ocupa de questões relacionadas com economia, sociologia, direito e cultura em geral, oferecendo curso de 4 anos.
St. Gallen é nome tradicionalmente relacionado com a indústria têxtil. Rendas e bordados da região, utilizados por grandes costureiros parisienses, são base da indústria química. Essa indústria teve influência em Zurique e deu origem à produção de colorantes em Basiléia. Norma de Lucca fala por fim das características de seu trabalho de bailarina no teatro St. Gallen: apresentar algo novo, criações, estimando que na Europa a ópera está sempre em primeiro plano. St. Gallen caracteriza-se pelo seu conservadorismo.
Mostrar mais
Mostrar mais
Arte sacral e tradicional em uma cidade suíça
Este conteúdo foi publicado em
A pedra fundamental do mosteiro de St. Gallen foi colocada em 612. Os primeiros vestígios da biblioteca datam de 820. Nos séculos seguintes ela se transformou em uma oficina para a escrita e produção gráfica. Entre 1758 e 1767 a sala barroca foi reconstruída. Hoje a biblioteca tem 2.100 manuscritos, 1.650 incunábulos e 170 mil…
De fato, os divertimentos são escassos, o lazer se passa bastante nos numerosos cafés da cidade, onde a cerveja é a bebida mais consumida. St. Gallen tem apenas uma boate e o strip-tease começou apenas neste ano de 1977. Note-se que no centro da cidade, 60% da população têm mais de 50 anos….”
Mais lidos
Mostrar mais
Cultura
Documentário retrata adolescentes suíços forçados a voltar à terra natal dos familiares
A economia suíça deve respeitar os limites do planeta, conforme proposto pela iniciativa de responsabilidade ambiental, ou isso seria prejudicial à prosperidade do país? E por quê?
Estamos interessados em sua opinião sobre a iniciativa de responsabilidade ambiental.
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
Um giro pela cidade de Coira
Este conteúdo foi publicado em
O texto abaixo foi escrito na época e descreve o que o ouvinte estaria escutando no programa, cujas antenas da antiga RSI enviavam aos quatro cantos do planeta. “…O nome Coira – Chur, em alemão e Coire, em francês – deriva do celta cora ou còria que significa tribo. Coira seria a cidade mais antiga…
Este conteúdo foi publicado em
Uma típica cidade suíça, mas com palmeiras e às margens de um lago que mais lembra o mar: Lugano, na parte italófona. Em um programa transmitido em 1977, o jornalista Tarcísio Lage revela os segredos dessa pitoresca localidade do cantão do Ticino. Escute aqui mais um dos arquivos históricos da antiga Rádio Suíça Internacional (RSI) Como era…
Este conteúdo foi publicado em
A reportagem, iniciada com breve prelúdio musical, coloca os locutores na ponte Mont Blanc, centro de Genebra, tendo, de um lado, o lago e, de outro, o rio Ródano, com a cidade às duas margens. O famoso jato d’água lança meia tonelada de água por segundo à altura de 146 m a 200 km/h. Genebra,…
Este conteúdo foi publicado em
A reportagem começa com música típica do carnaval de Basiléia, “cidade fronteiriça, banhada pelo rio Reno, importante centro cultural e industrial” da Suíça e ligada por bonde com a França e a Alemanha. Influenciada por duas culturas, ela seria para muitos a cidade menos suíça do país. O cantão de Basiléia é inteiramente urbano, sendo…
Este conteúdo foi publicado em
“…A reportagem está ligada ao lançamento de Héh Bahia, o sétimo LP de José Barrense DiasLink externo na Europa, com letra de José Coutinhas, entusiasmado com o talento do jovem baiano e admirador do Brasil. O repórter reúne o músico e o letrista para comentar o trabalho. O programa abre com Barrense Dias apontando o…
Este conteúdo foi publicado em
Uma descrição do programa escrito na época. Baden Powell realizou dois concertos na Suíça durante uma tournée europeia em 1975: no Victoria Hal, de Genebra, e na Aula Magna da Universidade de Friburgo. O músico brasileiro que chegou com muito atraso a Genebra, depois de percorrer de carro quase 800 quilômetros, em função da grande…
Este conteúdo foi publicado em
A reportagem começa com o Fado da Adiça em que Amália Rodrigues canta “não é fadista quem quer, só é fadista quem calha”. Indagada a esclarecer o que o fado representa para ela, diz nunca ter raciocinado sobre isso: “É como se eu me pusesse pensar porque é que eu respiro”… Lembra-se de ter começado…
Uma visita ao Instituto Jacques Dalcroze de Genebra
Este conteúdo foi publicado em
Emile Jacques DalcrozeLink externo era um austríaco nascido em 1865, mas que se mudou para Genebra, na Suíça, quando tinha apenas seis anos de idade. Ele foi o criador de um sistema de ensino de música baseado no movimento corporal expressivo, que se tornou mundialmente difundido a partir da década de 1930. Com sua pedagogia…
Este conteúdo foi publicado em
Quarenta e cinco anos depois, a última LandsgemeindeLink externo foi organizada no cantão de Glarus em 6 de maio de 2018. Nessa assembleia em praça pública, em que os eleitores votam levantando os braços, várias propostas foram apresentadas, dentre elas um novo mecanismo de partilha dos encargos financeiros dentro do cantão (estado) e uma nova lei de transparência pública. As duas…
Este conteúdo foi publicado em
A ideia da Cruz VermelhaLink externo surgiu na mente de Henri Dunant em 8 de junho de 1859, no norte da Itália, quando da Batalha de Solferino. Depois de presenciar os horrores da guerra escreveu o livro Recordações de Solferino, publicado em 1862, propondo soluções para o problema: sociedades nacionais de socorro e conclusão de…
Este conteúdo foi publicado em
Em quase sete séculos, desde o Pacto de Aliança Perpétua do século 13 entre os cantões de Uri, Schwyz e Nidwalden contra a casa dos Habsburgos, de que se originou a Suíça, os helvécios têm procurado autogovernar-se contraventos e marés, defendendo-se dos inimigos. Os primeiros testes da aliança foram as batalhas de Morgarten (1315) e…
A Suíça vista pelo pintor brasileiro Adão Pinheiro
Este conteúdo foi publicado em
Filho de mulato com branca de origem italiana, o gaúcho Adão Pinheiro diz ter oscilado entre duas culturas sofrendo “um processo de desarraigamento”, mas sempre jurando pelo barroco: da Idade Média ao barroco pernambucano. Reorientou, porém, seus trabalhos segundo preocupações próprias “que iam do Oriente às culturas africanas”. Em sua temática, depois de chegar à…
O Livro de Maurice Pianzola sobre o barroco brasileiro
Este conteúdo foi publicado em
A obra “transcende o comum” além de ter boa apresentação gráfica. O conservador do Museu de Artes e História de Genebra estima que o barroco transplantado ao Brasil se transformou “em outra coisa”. Se o desenvolvimento da Colônia fez com que fossem transportadas igrejas inteiras nos porões dos navios (ex. Conceição da Praia, em Salvador), com…
A “Landsgemeinde” e outras formas suíças de governo
Este conteúdo foi publicado em
Até 1848 (quando passou a vigorar a atual Constituição Federal), a autonomia dos cantões suíços era enorme: eles até cunhavam moeda, imprimiam selos e mantinham exércitos próprios. Em 1848 reservaram-se ao governo federal poderes sobre política exterior, defesa, economia nacional, alfândegas e correio. Os cantões continuaram, porém, soberanos, com controle sobre assuntos internos como educação,…
Como era a indústria suíça no Brasil entre os anos 1950 e 1960
Este conteúdo foi publicado em
A presença suíça no Brasil começou em 1555, quando um pequeno grupo de protestantes genebrinos pretendia instaurar uma ‘Nova Genebra’ na região que hoje se chama Rio de Janeiro, lembrou na época o embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Bucher, que apontou ‘várias vagas’ posteriores de emigração suíça para o Brasil. O embaixador declarou que…
Este conteúdo foi publicado em
Nesse arquivo histórico da Rádio Suíça Internacional (RSI), a predecessora da swissinfo.ch, a jornalista Dolores Ferrero, da redação em português, lê o comentário da semana. O tema era uma proposta de reconstrução dos Estados Unidos, intitulada Plano Marshall, e a recusa da União Soviética de participar dele e permitir que outros países sob controles soviéticos…
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.