Basileia planeja construção de aquário gigante
O Zoológico da Basileia, noroeste da Suíça, quer construir um aquário gigante dedicado aos oceanos e à sensibilização do público. O zoológico clássico com exposição de animais como no circo já faz parte do passado.
Tubarões, crocodilos, girafas, leões ou ainda pinguins: os zoológicos nos habituaram a encontrar em espaços limitados animais selvagens.
No entanto, a ideia do Zoológico da Basileia, o “Zolli” para os habitantes da cidade, de construir um “Ozeanium”, um aquário marinho gigante, impressiona: esse tipo de centro se multiplica no mundo inteiro, mas encontram-se normalmente perto do mar e não 500 quilômetros distante dele.
“Que a Basileia não esteja próximo ao mar é um pouco a piada histórica”, admite Thomas Jermann, doutor em biologia marinha e responsável pelo projeto. “Mas também é o lema da cidade – Basileia está à beira-mar – graças ao Reno, que nos liga diretamente com o Mar do Norte.”
Por que o projeto? Além de o zoológico querer se expandir, Basileia também quer mostrar grandes animais – Thomas Jermann já tem suas idéias, mas prefere não revelar nenhum segredo. “Talvez uma instalação fantástica para os pinguins ou qualquer coisa que não estamos habituados a ver. Já temos 500 espécies de animais, mas todos de pequenas dimensões, originários das regiões costeiras ou fluviais. O alto mar nos falta para contar toda a história.”
O zoológico, como quase todas as infraestruturas desse tipo na Europa, quer mostrar, explicar e sensibilizar o público frente à necessidade de proteger as espécies e seu ambiente natural. Como Zurique, ele o faz no contexto de diversos programas de pesquisa e de colaborações internacionais.
Espetacular ou não
“O tempo no qual os animais eram expostos como peças de circo para serem observados passivamente terminou”, explica Olivier Pagan, diretor do Zoológico da Basileia. “Outros, como nós, procuram muito mais a simplicidade e proximidade com os animais. Mas no seu conjunto, todos aplicam métodos bastante profissionais para a manutenção dos animais.”
Apresentado em março pelo zoológico, o projeto deve ainda superar várias etapas antes de ser realizado. Se tudo decorrer sem problemas, talvez em cinco anos. O Parlamento deverá se pronunciar sobre a mudança no uso da área, que se encontra ao lado do zoológico atual.
Infeliz coincidência: esse é o mesmo lugar aspirado pelo Museu de História Natural para expandir suas instalações. O museu é uma instituição publica do cantão.
Preferência pelo zoológico
Repentinamente, Guy Morin, presidente do governo cantonal (estadual) e também ministro da Cultura da Basileia, surpreendeu alguns dos seus interlocutores ao afirmar, no final de junho, durante a transmissão da mensagem relativa à mudança de uso da área, que se os dois projetos forem realizáveis, ele daria preferência ao projeto do zoológico.
“É mais lógico dar prioridade ao Ozeanium, pois o local está praticamente ao lado do zoológico. Já o museu ocupará de todas as maneiras duas áreas.”
O ministro deu suas condições: é necessário que o zoológico prove que o financiamento da construção e da gestão estejam assegurados e, ao mesmo tempo, que tenha uma mensagem pedagógica forte.
“Os políticos têm razão de dizer que é necessário passar uma mensagem”, responde Stéphane Hénard, co-fundador do centro nacional marítimo Nausicaa, em Boulogne-sur-Mer. “Na França e na União Européia, os zoológicos têm a mesma obrigação de educar o público. Os que não cumprem essas regras podem sofrer sanções.”
“Aprender é uma aspiração dos visitantes. Eles vêm exatamente sob essas condições. Seria suicida não escolher essa opção. Isso não impede, porém, de sonhar.”, ressalta Stéphane Hénard.
Na Basileia, acreditamos nisso. Após o fracasso de um projeto de “polarium”, há alguns anos, o Ozeanium entusiasma a maioria dos habitantes da Basileia. A secretaria de turismo local já manifestou suas expectativas e uma comunidade de apoio já foi iniciada na rede social Facebook.
Vários por ano na China
Segundo Thomas Jermann, os aquários gigantes se multiplicam no mundo, sobretudo na China, que vê surgirem vários centros anualmente. Uma moda?
“Uma necessidade, sobretudo”, responde o biólogo. Estima-se que até 2050, 80% da humanidade vivera às margens de um oceano, ou pelo menos distante não mais do que 80 quilômetros do mar. É necessário mostrar como utilizar esses recursos naturais sem os destruir, de mostrar também como a natureza os utiliza de maneira durável e como nós podemos imitá-la. E isso é urgente!”
O Zoológico da Basileia vai trabalhar com organizações de defesa do meio ambiente para construir seu Ozeanium. As discussões já estão em andamento.
Ariane Gigon, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)
O projeto prevê a construção de um aquário gigante mostrando um “espaço vital desconhecido, fascinante e que deve ser preservado. Os custos foram orçados entre 70 e 100 milhões de francos, que serão financiados por doadores privados.
Os habitantes de Basileia esperam que o centro crie novos empregos e se firme como atração turística da cidade.
O aquário será o único em uma área de várias centenas de quilômetros quadrados.
O Museu de História Natural, que deve mudar-se ou renovar suas instalações, deve apresentar também um estudo de viabilidade para o mesmo local.
O Parlamento cantonal deve se pronunciar no dentro de alguns meses.
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