Brasileiros organizam encontro de emigrantes em Berna
Durante quatro dias, representantes de várias associações brasileiras no exterior e ativistas se reúnem em Berna para debater várias questões de interesse a essas comunidades. Um dos principais pleitos do grupo é a criação de um órgão dentro do governo brasileiro para representar os interesses de mais de três milhões de emigrantes brasileiros.
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Alexander Thoele é de origem alemã e brasileira e ingressou na swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, concluiu seus estudos de jornalismo e informática em Brasília e Stuttgart.
O I° Fórum Internacional dos Emigrantes ocorre de 4 a 7 de abril no Käfigturm, um espaço da Chancelaria federal e dos serviços do Parlamento helvético em Berna, a capital da Suíça. Durante esses dias, os temas apresentados para o debate vão desde eleição de parlamentares emigrantes, promoção de cultura brasileira no exterior até o empreendorismo de migrantes brasileiros.
Um dos organizadores do fórum, e também palestrante, é o jovem Edmar da Rocha, originário da capital paulista e radicado na Europa há oito anos. Depois de concluir um doutorado na Itália, ele foi morar em Londres, Inglaterra, onde trabalha hoje como pesquisador na London School of Economics and Political Science (Faculdade de Economia e Ciência Política de Londres).
Como outros brasileiros, Edmar já viveu situações difíceis na sua história de migração. “Uma das maiores dificuldades que vivi na Europa foi encontrar trabalho e moradia”, conta. O seu trabalho de pesquisa ligado aos efeitos econômicos da imigração para a Inglaterra servem de base para a sua principal reivindicação dentro do grupo de ativistas responsáveis pela organização do evento em Berna: a criação de uma Secretaria de Estado para o Emigrante. “Ela seria uma secretaria dentro do poder executivo para acompanhar dentro do Congresso medidas e políticas que possam vir a favorecer a comunidade brasileira no exterior.”
A maioria dos brasileiros que residem no exterior é do sexo feminino (53,88%), com idade entre 20 e 34 anos (60%), e emigrou dos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
Os dados fazem parte dos resultados definitivos sobre as características da população e dos domicílios do Censo Demográfico 2010, divulgados em novembro de 2011 pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), e mostram também que há pelo menos um brasileiro residindo em 193 países no exterior.
Foi a primeira vez em que o IBGE introduziu nas projeções a análise sobre migrações internacionais.
Embora o número estimado de brasileiros residentes no exterior seja 491.645 mil, de acordo com a pesquisa, o Ministério das Relações Exteriores calcula que existam entre 2 milhões e 3,7 milhões de pessoas morando fora do país – grande parte em situação ilegal. (Fonte: Agência Brasil/16/11/2011)
Cultura brasileira
Outro participante, Lamartine Bião Oberg, vive na França desde 1967. Aposentado, hoje o carioca de nascimento atua na Associação Bião de Difusão da Cultura Brasileira. O motivo de vir à Berna é o intercâmbio de informações. “Eu achei interessante conhecer outras associações de brasileiros na Europa e também quero falar sobre a minha experiência de criar uma associação e ter escrito um livro para os docentes brasileiros e crianças e adolescentes brasileiros que querem aprender o português do Brasil”, explica.
O jornalista Rui Martins, radicado na Suíça, é um dos organizadores do fórum. Em sua opinião, a importância do evento não está apenas no encontro de diversos representantes de associações e ativistas brasileiros, mas também na sua mensagem política. “O fórum é um marco histórico, pois vai exigir a criação de um órgão institucional para o emigrante e também vai exigir algo mais fácil: os parlamentares emigrantes”, afirma, ressaltando que seu modelo já é aplicado em outros países como a França, “que tem parlamentares vivendo em outros países como é o caso na Suíça.”
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