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Cidade encontra campo no feriado nacional suíço

Mesa farta com produtos da fazenda: uma tradição suíça cultivada em 1° de agosto, feriado nacional. Keystone

O brunch na fazenda, uma das tradições de 1° de agosto na Suíça, leva centenas de milhares de moradores das cidades para o campo.

Refeição híbrida entre o café da manhã e o almoço, o brunch também faz parte de uma campanha de marketing dos agricultores suíços e serve de teste para o ingresso no turismo rural.

“O amor passa pelo estômago”. Esse velho ditado deve ter inspirado os agricultores suíços a criar em 1992 o chamado “1.-August-Brunch” (Brunch de 1° de Agosto), um evento que se tornou parte inseparável das comemorações do “dia da pátria”.

No ano passado, aproximadamente 200 mil pessoas desfrutaram da culinária diversificada e da atmosfera especial em 420 fazendas – o mesmo número repete a oferta neste sábado (1°/8).

“No início, cerca de 500 estabelecimentos rurais ofereciam o brunch em 1° de agosto. Depois, o número passou a oscilar entre 400 e 450″, conta Mirjam Hofstetter, da Associação Suíça de Agricultores.

Janela para o campo

Ela explica que “as famílias de agricultores abrem à população urbana uma janela para a agricultura e, com isso, fomentam a compreensão e a simpatia por sua atividade”.

O cardápio da refeição reforçada, geralmente oferecida entre 9 e 13h, inclui especialidades como rösti (prato típico suíço à base de batata), ovos com bacon, pão fresco, rosca de manteiga (butterzopf), linguiças, salames, queijos e marmeladas, mel, iogurte, müsli e muito mais.

Segundo Hofstetter, há algumas diferenças regionais. Enquanto no Ticino (sul) predomina a polenta, na parte francesa (oeste) prevalecem pratos quentes, e os suíços alemães preferem uma combinação de café da manhã com almoço rica em variadades de pão, queijos e defumados.

Muitos agricultores também oferecem programações especiais, como visitas guiadas às instalações da fazenda e atrações para crianças, como apalpar animais, aprender a ordenhar uma vaca ou brincar em labirintos de feno.

Assim que visitantes e anfitriões embalarem na conversa, as crianças virem de onde vêm os ovos e o leite, e os estômagos estiverem cheios, o objetivo foi alcançado: “Um ganho de imagem para a agricultura e ao mesmo tempo publicidade para a própria fazenda”, diz Claudia Bernhard, da organização de agricultores Lobag, do cantão de Berna.

Venda direta

Hofstetter diz que “nenhum agricultor enriquece com o brunch“, que está sujeito a rígidas regras de higiene e a preços entre 15 a 25 francos por pessoa. Mas o esforço compensa e traz resultados no longo prazo, por exemplo, através da venda de produtos próprios.

Segundo a Associação dos Agricultores Suíços, cerca de 13 mil dos aproximadamente 60 mil agricultores do país vendem seus produtos diretamente a partir da fazenda. Cerca de 6 mil delas tem uma lojinha própria.

No total, 5 a 10% da receita anual da agricultura suíça – isto é, 500 milhões até 1 bilhão de francos –vêm da comercialização direta pelos fazendeiros, sem intermediários. Também no campo a concorrência aumenta.

Por exemplo, no setor leiteiro. Principalmente por causa das condições geográficas e climáticas, 40% dos agricultores suíços atuam na pecuária leiteira. Com um consumo per capita de 400 litros por ano, o país ocupa uma posição de liderança mundial.

Desde 1° de maio deste ano, acabou o sistema estatal de cotas, que regulava os preços do setor desde 1977. Agora valem as leis do livre mercado, o que é um motivo a mais para os agricultores intensificarem suas atividades de marketing.

Às vezes, até membros do governo aparecem no café da manhã na fazenda para sentir o clima entre os agricultores e consumidores. “Eles vêm como pessoas privadas. Não queremos politicagem”, diz Hoffstetter.

Ela insiste que o brunch de 1° de agosto faz parte de uma campanha de imagem da agricultura suíça. “Os consumidores aprendem a valorizar a qualidade dos produtos agrícolas suíços”, diz à swissinfo.ch.

Agroturismo

Hoffstetter explica também que para muitos agricultores esse é um teste para ver se sua fazenda é apropriada ao agroturismo, um setor que vem se expandindo no país.

Só em 2008, houve cerca de cem mil pernoites nos 230 estabelecimentos que participam do programa “Férias na Fazenda”. Outros 42 mil pernoites foram registrados pelas 183 fazendas da associação “Dormir na Palha”.

Além do brunch de 1° de agosto, há outras atividades para “diminuir a distância entre campo e cidade”, como diz Hoffstetter. Trezentos fazendeiros já participam do programa “Escola na Fazenda”, que atendeu 26 mil alunos em 2008. Nesse caso, os professores transferem por um dia as aulas do primário para a fazenda.

E há também fazendeiros que são chamados por escolas para explicar aos alunos do ginásio como funciona a vida na agricultura. “Quando a cidade não vai campo, o campo vai à cidade”, brinca Hoffstetter.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

A Suíça tem aproximadamente 60 mil estabelecimentos agrícolas.

Deste total, 6 mil realizam venda direta ao consumidor e respondem por 5 a 10% da renda agrícola anual do país.

No ano passado, cerca de 200 mil pessoas participaram do Brunch de 1° de Agosto em 420 fazendas.

Em 2008, houve cerca de cem mil pernoites pelo programa “Férias na Fazenda” e 42 mil pernoites pelo programa “Dormir na Palha”, destinados a fomentar o turismo rural.

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