A presidente da Suíça Doris Leuthard (à direita), atendeu pessoalmente dezenas de chamadas de doações durante uma hora, nos estúdios da telefisão suíça SRF, em Zurique.
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Terça-feira à meia-noite, a Rede de Solidariedade tinha arrecadado 9,86 milhões de francos para as vítimas da fome na África. É um novo sucesso para a organização criada logo depois da Segunda Guerra Mundial.
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Nasci no cantão dos Grisões em 1978 e estudei alemão, economia e ciências políticas. Iniciei minha trajetória profissional como jornalista independente, colaborando com veículos de mídia local e regional. Posteriormente, fui editora-chefe do jornal Bündner Tagblatt e, mais tarde, da SWI swissinfo.ch. Desde 2019, atuo como diretora da SWI swissinfo.ch, a unidade internacional da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR), além de integrar o conselho executivo dessa organização.
Criada em 1946, depois da Segunda Guerra Mundial, na forma de um programa de rádio, a Rede de Solidariedade tonou-se uma das primeiras organizações suíças de financiamento da ajuda humanitária. Ela coleta doações para vítimas de catástrofes naturais e de conflitos no mundo, há mais de 70 anos.
A jornada de coleta em favor das vítimas da fome na Somália, Sudão do Sul e Nigéria mostrou o bom funcionamento da tradição humanitária suíça: em um dia, a organização recolheu 8,76 milhões de francos que se adicionam ao 1,1 milhão doados anteriormente, como detalha a Rede de Solidariedade.
As linhas telefônicas funcionaram sem parar durante 18 horas. Das 6 da manhã até meia-noite, mas de 500 voluntários respondiam aos apelos dos doadores em quatro estúdios da televisão suíça SSR, em Zurique, Cóira, Genebra e Lugano.
1,7 bilhão de francos em 70 anos
A pobreza e a miséria causadas pela Segunda Guerra Mundial estão na origem da criação da Rede de Solidariedade. Os radialistas Roger Nordmann e Paul Valloton e o cantor popular
Jack Rollan, lançaram em 1946 um programa em francês para coletar doações em favor dos órfãos. Assim nasceu a Rede de Solidariedade.
Desde 1946, a organização coletou mais de 1,7 bilhão de francos suíços no total de doações. Sua ação mais importante por enquanto foi em favor das vítimas do tsunami na Ásia em 2004, quando recolheu 227 milhões de francos suíços.
A Rede de Solidariedade é uma fundação independente da televisão suíça. Ela não é operacional no terreno e coloca o dinheiro recolhido à disposição de 25 organizações humanitárias parceiras.
“A Rede de Solidariedade representa para mim uma parte de minha pátria. Ela também é uma garantia de profissionalismo e de um profundo sentido de responsabilidades. Aqui trabalhamos com competência, muita vontade e respeito pelas pessoas com necessidades e dos doadores”. Explica a atual presidente da fundação Ladina Heimgartner.
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Uma história construida sobre a solidariedade
A solidariedade faz parte da identidade suíça e é apoiada pelo conjunto da população. “A tradição humanitária é como uma vaca sagrada na Suíça. Podemos constatar que a população suíça considera a solidariedade como um dos de seus valores mais importantes de nosso país”, explica Tony Burgener, diretor da Rede de Solidariedade.
Aliás, a solidariedade teve um papel importante na criação da Confederação Helvética, em 1848. As catástrofes naturais do século 19 – inundações e deslocamento de terra – tiveram um impacto nacional. Muito dinheiro foi coletado. Essas catástrofes favoreceram então a “integração nacional”.
Vinte anos depois da criação do Estado moderno, as autoridades souberam interpretar aquela enorme vaga de solidariedade como um sentimento de pertinência. “Os apelos à ajuda da Confederação foram vistos como um apelo à mobilização contra um inimigo de guerra – a força na natureza” – analisa do historiador do meio ambiente Christian Pfister.
A máquina de coletar doações, que entrou em função no século 19 e soube explorar para reforçar a legitimidade do Estado, provou mais uma vez terça-feira.
Depois das inundações catastróficas das margens da Moselle, em dezembro de 1948, a ajuda de urgência foi em latas de conserva.
A.S.L.
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