Como espremer mais alguns milhões de pessoas na Suíça
A população suíça deverá aumentar de 8,7 milhões hoje para mais de dez milhões de habitantes em 2050. Será que a pequena nação alpina tem espaço para todas essas pessoas? Vejamos os números.
Uma imagem da Suíça é de paisagens de montanha, lagos, pastos e queijarias. É também um país rico e moderno, no qual três quartos da população vivem em áreas urbanas.
Qual é a relação entre o idílio rural e a vida urbana? Os suíços vivem muito próximos uns dos outros por comparação internacional? E como está geograficamente distribuída a população na Suíça? Utilizamos os dados para chegar ao fundo dessas questões.
Normalmente quando se quer descobrir se algo em um país é grande ou pequeno, bom ou ruim, forte ou fraco, utiliza-se outros países como referência.
Há pelo menos duas perguntas básicas que você tem que fazer a si mesmo para uma comparação significativa. Primeiro: qual(is) índice(s) você está comparando? Segundo: com que países você está comparando?
A densidade populacional é um indicador adequado. Ele mede a população em relação à área que eles habitam. Isso é fácil de calcular porque a maioria dos países conhece tanto a área de sua superfície quanto o número de habitantes.
A disponibilidade de tais dados permite comparações globais. O gráfico a seguir compara a Suíça com os países vizinhos e outras áreas geográficas.
A Europa tem uma alta densidade populacional em comparação com o resto do mundo. E a Suíça tem significativamente mais habitantes por quilômetro quadrado do que a média da UE.
Entretanto, no sul da Ásia, particularmente na Índia, as pessoas estão muito mais próximas entre si. O grande vizinho da Suíça, a Alemanha, tem uma densidade populacional maior do que seu vizinho menor e há um número semelhante de pessoas por quilômetro quadrado na Itália.
Existem semelhanças geográficas, históricas e culturais com os países vizinhos. Mas haveria alguma mudança significativa quando a Suíça é comparada com países de tamanho semelhante?
Ao compararmos países com uma superfície semelhante, a Suíça está entre os mais densamente povoados. Na Europa, entretanto, a Bélgica e os Países Baixos têm significativamente mais habitantes por quilômetro quadrado.
Há uma clara diferença no espaço disponível para moradia entre a Holanda e a Bélgica, por um lado, e a Suíça, por outro. Enquanto os países do Benelux são muito planos, a Suíça é toda cortada pelos Alpes.
As condições topográficas na Suíça, com suas montanhas e lagos, significa que grandes extensões do país não podem ser ocupadas. “Se você comparar a área que pode ser ocupada por pessoas, a Suíça é densamente povoada”, diz Damian Jerjen, diretor da EspaceSuisse, a Associação Suíça para o Planejamento Espacial.
Um olhar mais atento sobre a Suíça mostra que o espaço para construção e moradia é uma coisa rara nas montanhas. Isso é evidente na distribuição da população. No mapa seguinte – colorido de acordo com a densidade populacional por município – as áreas montanhosas são visivelmente menos habitadas.
As áreas mais densamente povoadas (em cores mais escuras) podem ser encontradas em torno de cidades maiores. A aglomeração ao redor de Zurique, que se estende até o cantão vizinho de Aargau (Argóvia), é particularmente marcante.
No mapa inferior, os municípios são coloridos de acordo com a mudança no crescimento populacional entre 2010 e 2018. As áreas em azul claro registram uma redução de habitantes, revelando uma queda na população entre as comunidades alpinas.
Então, para onde as pessoas vão? O maior crescimento populacional pode ser visto não nas grandes cidades, mas nas áreas entre elas. O exemplo mais óbvio é entre o Lago de Genebra e o Lago de Neuchâtel.
De modo geral, o maior crescimento ocorreu onde ainda havia espaço disponível; não nas cidades ou em seus subúrbios, mas em vilarejos maiores além deles. Um caso clássico de expansão urbana.
A resposta a este fenômeno é a construção mais compacta dentro das cidades. “Em termos de planejamento espacial, o crescimento deve ser direcionado para áreas que já estão bem desenvolvidas”, disse Jerjen. Nos próximos 15 a 20 anos, a população suíça crescerá principalmente nas três grandes áreas metropolitanas de Zurique, Basileia e Genebra/Lausanne, que se tornarão mais densas. Mas ainda há espaço para o crescimento no centro das cidades? Se olharmos para o exterior, a resposta é claramente sim.
Não é necessário comparar a Suíça com cidades-estado como Cingapura ou Hong Kong para chegar a essa conclusão. A emissora pública suíça SRF calculou quantos habitantes a Suíça poderia absorver se as cidades fossem tão densamente povoadas quanto a região da Grande-Amsterdam. Os resultados sugerem que a Suíça teria espaço para mais de 17 milhões de habitantes – cerca do dobro do número atual.
“Esta é uma boa ilustração do que é possível”, diz Jerjen, que está convencido de que ” a Suíça não ficará muito mais apertada no futuro próximo”. Mas ele acrescenta que é importante considerar a qualidade de vida em espaços tão comprimidos. Isto significa pensar em espaços verdes e abertos, por exemplo.
swissinfo.ch/ets
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