Criar duas crianças na Suíça custa meio milhão de francos
No país da vida cara, ter filhos às vezes é um luxo. Em média, os custos de subsistência situam-se entre 1200 e 1800 francos por mês e por criança. Um montante que ainda pode ser acrescentado de gastos com creche, uma das mais caras do mundo, e outros custos indiretos.
“Quando se ama, não se conta”, como diz o ditado. Aulas de música, excursões a parques de diversão, DVDs e produtos derivados da Disney, o último iPhone, etc.: há muitas oportunidades para mimar a criançada.
Mesmo antes do nascimento, muitos pais não hesitam em gastar vários milhares de francos em roupas, carrinhos de bebê ou assentos de carro para acolher o recém-nascido nas melhores condições.
No entanto, mesmo sem exagerar no consumismo, criar uma criança sai caro na Suíça. Quanto exatamente? É isso que queremos saber.
Até onde sabemos, há dois estudos oficiais com dados sobre o assunto. O primeiro, sobriamente intitulado “O custo das crianças na SuíçaLink externo” (em francês), vem do Departamento Federal de Estatística. Seus autores calcularam em 2009 que o custo médio de uma criança criada por um casal é de 819 francos por mês. Para duas crianças, a conta é de 1310 francos; ela sobe para 1583 francos para três crianças.
Mais detalhado que o do departamento de estatística, e atualizado a cada ano, o estudo da Secretaria da Juventude de ZuriqueLink externo (em alemão), que é usado como referência em muitos cantões suíços, especialmente para o cálculo da pensão alimentícia, chega a valores significativamente mais altos. Os custos diretos de um filho único são estimados entre 1200 e 1800 francos por mês, dependendo da idade.
Para uma criança de dez anos de idade, os pais devem pagar quase 1500 francos por mês, ou 18.000 francos por ano. As despesas mais importantes são: moradia (560 francos por mês), alimentação (340 francos) e lazer (300 francos).
A chegada de uma segunda e depois de uma terceira criança permite economias de escala substanciais (de 10 a 40%, dependendo da situação). No entanto, para um casal com dois filhos, o modelo familiar mais comum na Suíça, os custos totais ainda se elevam a 2500 francos por mês, ou seja, 30.000 francos por ano. Multiplicado por 18 anos, a idade da maioridade na Suíça, o montante total atinge 540.000 francos.
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Os cálculos da Secretaria da Juventude de Zurique não incluem um item de despesa significativo: os gastos com a creche. De acordo com um estudo da OCDE, as creches suíças estão entre as mais caras do mundo. Por três dias de creche por semana, a conta mensal pode facilmente chegar a 1000-2000 francos.
Além desses custos diretos, existem custos indiretos. A chegada de uma criança é frequentemente acompanhada por uma diminuição drástica da atividade profissional de um dos pais e, por conseguinte, do rendimento familiar. Na Suíça, esse fenômeno afeta principalmente as mulheres: metade das mães trabalha menos de 50%. As consequências são sentidas mesmo depois que as crianças saem de casa, já que o tempo dedicado à maternidade tem frequentemente impactos negativos em suas carreiras profissionais.
Por outro lado, toda uma série de subsídios estatais permite aliviar as famílias com filhos: prestações familiares (pelo menos 200 francos por mês e por criança), licença maternidade, deduções fiscais (variáveis segundo os cantões) ou subsídios para os planos de saúde para as famílias mais modestas.
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Não, porque muitos fatores influenciam a despesa com as crianças: o rendimento dos pais, a sua escolha de vida, o tipo de moradia, o seu local de residência ou a proximidade dos avós. Assim, criar uma criança no campo é mais barato do que na cidade: os aluguéis são mais baixos e a rede social é geralmente mais extensa, contribuindo para reduzir os custos com a creche.
Sim, e isso é particularmente verdade para os pais que têm que criar seus filhos sozinhos. Juntamente com os idosos que moram sozinhos, esta categoria da população é a mais exposta ao risco de pobreza: uma em cada seis famílias monoparentais encontra-se numa situação precária na Suíça. De acordo com o Departamento Federal de Estatística, a taxa de pobreza ou de risco de pobreza é também mais elevada para as famílias com três ou mais filhos do que para a população em geral.
Em geral, a Suíça não é considerada um país voltado para a família. Um estudo publicado em meados de junho de 2019 pela UNICEF chegou mesmo a classificar a Confederação Suíça como a última em termos de política familiar entre 31 países considerados. Em particular, a Suíça é apontada pela baixa duração da licença parental remunerada e pelo número limitado de creches.
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Adaptação: Fernando Hirschy
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