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O maior fã de Chaplin mantém sua memória viva na Índia

Aswani organiza e financia um desfile em homenagem a Chaplin desde 1980 Hari Adivarekar

Ashok Aswani, de 67 anos, é um dos maiores fãs de Charlie Chaplin. O indiano, organizador de um desfile anual em homenagem ao ator, esteve na Suíça para visitar a casa de Chaplin, o atual museu "Chaplin's World".

Cerca de uma centena de pessoas participaram da edição 2017 do desfile Chaplin organizado por Aswani Hari Adivarekar

Em 1966, o indiano Ashok Sukhumal Aswani estava a caminho do trabalho quando viu um cartaz do filme “Em Busca do Ouro”, de Charles Chaplin. Comprou um bilhete e gostou tanto do filme que o viu outra vez, esquecendo-se do seu trabalho. Ele acabou sendo demitido.

Uma imagem de Chaplin no cantinho de oração de Aswani em sua clínica Hari Adivarekar

Sete anos depois, ele decidiu marcar o aniversário de Chaplin, em 16 de abril, com um bolo de aniversário e uma pequena celebração com seus familiares. Ao longo dos anos, isso se transformou em um desfile de homenagem ao ator, na cidade de Adipur, com cerca de uma centena de participantes.

“A maioria das pessoas nem sabia quem ele era naquela época, elas achavam que o nome dele era Charlie Champion”, conta Aswani.

Outro fã, Ashih ‘Charlie’ Patro viajou do outro lado do país para participar do desfile Hari Adivarekar

O evento ajudou a colocar a desconhecida cidade do estado indiano de Gujarat no mapa. Todos os anos, as festividades atraem a atenção da mídia.

O desfile culminou com a cerimônia do corte do bolo com a presença do imitador canadense de Chaplin, Jason Allin, como convidado especial Hari Adivarekar

Com pouco ou nenhum financiamento, o desfile anual vai em frente, superando vários obstáculos. Aswani gasta em torno de INR100.000 (CHF1.507) para o desfile de seu próprio bolso e a mesma soma em hospedagem de visitantes de fora da cidade, porque ele os considera como seus convidados.

Além das pessoas fantasiadas de “Carlitos”, o desfile traz também dançarinos tradicionais de Garba, acrobatas, uma carruagem puxada por camelos e um caminhão com um DJ Hari Adivarekar

Quatro anos atrás, ele registrou oficialmente a Fundação Charlie Chaplin para angariar ajuda para o desfile.

“Apesar de termos estabelecido essa confiança, ninguém está disposto a doar nenhuma rupia. Nós temos gastos com água, alimentação, o DJ, luzes, trajes, chapéus, bengalas e o salão de festas. Todos os anos vários chapéus e trajes não são devolvidos ou são danificados”, diz Aswani.

Depois do desfile, todos se dirigem para o salão especialmente reservado para uma série de apresentações de estudantes e colaboradores Hari Adivarekar

Aswani paga tudo com seu trabalho como terapeuta da medicina Ayurveda.

Há um fluxo regular de pacientes e visitantes no Ashok Dispensary, a clínica de medicina tradicional indiana de Aswani localizada no centro da cidade Hari Adivarekar

Enquanto os moradores locais confiam nos poderes de cura de Aswani, ele mesmo diz que é Chaplin que o ajuda a superar o sofrimento.

“O que tanto Deus quanto Charlie fazem, é ensinar ao homem comum como viver”, diz Aswani. “Eles ensinam-lhe como rir, aumentar sua força de vontade, como suportar o seu sofrimento e seguir em frente. É por isso que eu acredito tanto nele”, diz.

Sonho suíço

Aswani ficou emocionado ao posar ao lado de fotos de si mesmo exibidas no Festival Images, em Vevey, em 2016 Celine Michel

Graças a uma campanha de crowdfunding da artista espanhola Cristina de Middel (que visitou o desfile em 2016), Aswani conseguiu vir visitar a cidade suíça de Vevey, no Lago de Genebra, onde Chaplin passou seus últimos 25 anos no exílio. Middel foi convidada a mostrar seu trabalho sobre Chaplin no “Festival Images” na cidade suíça em setembro do ano passado e Aswani fez parte dele.

“Sinto um arrepio cada vez que lembro da minha visita na Suíça”, diz Aswani. “Eu não tenho palavras para descrever como me senti, exceto que estava em transe.”

Aswani posa ao lado da estátua de Charles Chaplin em Vevey Delphine Schacher

Ele visitou o museu Chaplin, o “Chaplin’s World”, vestido de Carlitos e lembra dos parabéns que recebeu dos outros visitantes. Foi uma experiência comovente vir a sua “terra dos sonhos”. Aswani diz ter tocado em todos os objetos da casa de Chaplin, imaginando a relação deles com seu ídolo. Ele ficou especialmente emocionado quando se sentou na cama de Chaplin e acabou soltando umas lágrimas.

“Meus olhos se encheram de lágrimas e meu estado emocional fez duas mulheres que visitavam chorarem também”, conta.

Aswani ficou inspirado com essa visita e está mais motivado do que nunca para criar uma mini versão chamada Charlie Bhavan, em Adipur. O prédio deve abrigar um mini museu, espaços para apresentações, bem como alojamento para fãs e artistas. Ele já comprou o terreno e apesar dos obstáculos financeiros, sonha com o dia em que Adipur terá seu próprio espaço dedicado a Charlie Chaplin.



Adaptação: Fernando Hirschy

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