Cerca de 38% dos jovens suíços foram vítimas de discriminação, de acordo com o último relatório governamental - 10 pontos percentuais a mais do que há dois anos. O relatório exaustivo sobre a situação na Suíça sublinhou o incitamento ao ódio na internet e os problemas estruturais no local de trabalho como questões fundamentais.
No começo da semana, o governo divulgou um relatório de 186 páginas sobre a discriminação racial na Suíça, abrangendo o período 2017-2018, com uma seção especial dedicada ao papel da internet e das redes sociais.
Entre os jovens, 38% de 15 a 24 anos afirmaram ter sido vítimas de discriminação, contra 28% no último relatório de 2016.
O relatório atribui este fato, em grande parte, ao aumento do discurso de ódio e da intimidação na internet. No prefácio, o Ministro do Interior, Alain Berset, escreve: “A Web tornou-se uma caixa de ressonância que torna possível espalhar o ódio e incitar as pessoas ao racismo”.
Considerando todas as idades, a porcentagem de pessoas que dizem ter sido discriminadas é de 28% – um valor estável, segundo os autores.
Procura de emprego e local de trabalho
A maioria dos casos de discriminação ocorre no mundo do trabalho, tanto na procura de emprego como no local de trabalho. Uma vez que o local de trabalho é considerado uma parte importante da integração, o relatório considera esta conclusão “dramática” e apela a mais medidas para combater a discriminação no local de trabalho.
Os muçulmanos são particularmente vítimas de comentários negativos, diz o relatório.
Uma em cada três pessoas entrevistadas disse que era incomodada por pessoas percebidas como “diferentes delas”.
Ao todo, 59% das pessoas interrogadas disseram que o racismo era um grave problema social na Suíça. Ao mesmo tempo, a mesma porcentagem afirmou que as medidas existentes para combater a discriminação eram adequadas.
Falhas estruturais
No entanto, o relatório do Governo aponta para a necessidade de mudanças estruturais, particularmente no trabalho, na procura de habitação ou na vida pública – para que todas as pessoas possam participar equitativamente na vida da nossa sociedade, independentemente da sua origem étnica, nacionalidade ou filiação religiosa.
No entanto, o relatório chamou a atenção para o número crescente de organizações da sociedade civil ativas na luta contra o racismo, que considera uma evolução positiva.
O relatório baseia-se em várias fontes, incluindo uma pesquisa de opinião realizada de dois em dois anos pelo Departamento Federal de Estatística intitulada “Viver na Suíça”, que recolhe experiências pessoais, bem como opiniões de diferentes grupos sobre o racismo em geral no país. O relatório também se baseia em observações dos centros de aconselhamento, decisões judiciais e estatísticas oficiais do governo.
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