Formação no local de trabalho, um cartão de visita suíço
2017 foi um ano excepcional para o modelo vocacional suíço no cenário mundial. O que distingue a formação profissionalizante do país da concorrência? Uma jovem que levou para casa o prêmio principal de um concurso internacional dá algumas ideias.
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Jornalista suíço-americana que cobre principalmente educação, migração e juventude, além de, ocasionalmente, reportagens sobre queijos, dadas as suas raízes na Suíça e Wisconsin. Ela também produz podcasts e trabalha com a equipe de mídia social.
“Algumas pessoas de outros países treinaram durante dois anos só para esta competição”, diz Irina Tuor, jovem suíça participante do concurso WorldSkills, onde recentemente ganhou uma medalha de ouro em seu ramo. Tuor conheceu concorrentes da China e do Brasil, por exemplo, que decoraram tudo o que podiam sobre lasers para a hipótese de serem questionados sobre o assunto na competição realizada em outubro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Mas a equipe suíça de 38 candidatos, de 36 ramos diferentes, trabalhou normalmente em seus aprendizados até a competição. No final, a Suíça se saiu como o melhor país europeu na competição de 59 nações. No nível mundial, a equipe suíça ficou em segundo lugar, atrás apenas da China, e ganhou 20 medalhas.
Essa atenção na formação realizada no local de trabalho é uma marca do sistema de formação da Suíça, onde 70% dos jovens passam por um aprendizado após a escolaridade obrigatória. Irina Tuor está no topo como assistente de cuidados – pessoa que atende as necessidades cotidianas dos pacientes em hospitais e lares de idosos. Um dos mais de 400 campos disponíveis para os aprendizes suíços que se candidatam à formação profissionalizante.
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Depois de conversar com representantes de outros países na WorldSkills, Irina concluiu que uma outra vantagem do sistema de aprendizado suíço é a variedade do dia-a-dia. A maioria dos aprendizes só frequenta a escola algumas horas por semana antes de voltar para seus empregos.
“Eu acho que a forma como é construída torna interessante para as pessoas aprenderem”, diz Irina. “Ouvi dizer que outros países têm blocos muito grandes na escola que interferem nos horários de trabalho”.
“Se alguém não gosta de ir à escola, eles sabem que são apenas algumas horas e então estarão no trabalho novamente”.
A pressão para frequentar a universidade está aumentando na Suíça, o que para alguns vem tirando a atratividade do sistema de aprendizado para os jovens. Ainda assim, o sistema oferece uma alternativa interessante para aqueles que não pretendem seguir um caminho puramente acadêmico. O modelo suíço é constantemente examinado por outros países, porque também permite que os aprendizes obtenham títulos superiores e troquem de carreira através das Universidades de Ciências Aplicadas.
Mauro Dell’Ambrogio, Secretário de Estado da Educação, Pesquisa e Inovação, diz que 2017 foi um ano de grande interesse internacional pelo modelo vocacional suíço.
“Cada vez mais, a educação e a pesquisa estão no centro da conscientização internacional sobre a Suíça”, disse em uma reunião de representantes dos centros de ciência e inovação da Swissnex em todo o mundo.
“Estamos trabalhando para expor uma imagem de inovação e educação no exterior”.
No entanto, Dell’Ambrogio chama a atenção para a dificuldade de implementar o modelo suíço em outros países, já que os sistemas educacionais desses países provavelmente estarão configurados de maneira diferente da Suíça. Em vez disso, cada país precisa considerar cuidadosamente e adaptar os aspectos apropriados do modelo suíço às suas próprias necessidades para ser bem sucedido.
Adaptação: Fernando Hirschy
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