“Descendentes de suíços quiseram por muitos anos esquecer sua tragédia”
Para o escritor e psiquiatra friburguense Henrique Bon, ler as cartas escritas pelos parentes distantes não é apenas um hobby. Elas contam a história dramática da imigração suíça ao Brasil e ajudam os descendentes a se identificar com um país que já foi pobre.
Quando criança, Henrique Bon escutava as histórias do avô sobre os antepassados suíços que atravessaram, no século 19, o oceano e se instalaram em um vale selvagem no interior do Rio de Janeiro, a quase mil metros de altitude.
Hoje, esse psiquiatra de 67 anos vive ainda nas mesmas terras dos antepassados, o município de Nova Friburgo. Nas horas livres, pesquisa a história familiar em arquivos públicos e no próprio acervo, do qual fazem parte mais de 400 cartas escritas pelos parentes, fazendeiros no Brasil e banqueiros em Genebra.
Biografia
Henrique José da Silva Bon nasceu em 1952 in Nova Friburgo
Se formou em medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e se especializou em psiquiatria.
Dirigiu o Hospital Estadual Psiquiátrico, em Niterói, e presidiu a Associação Fluminense de Psiquiatria.
Como escritor, é autor dos livros “O Único Olho de Lourenço Arribas” (1983), “A Colônia Suíça de A à Z” (1988), “Imigrantes” (2002), “A Noite dos Peregrinos” (2008), “A Primavera Improvável” (2013), “A última vez que vi meu pai” (2016), “A fronteira” (2017).
Graças a suas pesquisas, Henrique Bom já escreveu diversos livros históricos, dentre ele “A Noite dos PeregrinosLink externo“, um romance contextualizado na história real da imigração suíça ao Brasil. Ao receber a swissinfo.ch em sua residência em Nova Friburgo, o escritor lembra a saga de uma família genebrina nos trópicos.
swissinfo.ch: Você publicou em 2004 um livro intitulado “Imigrantes” com mais de 900 páginas. O que leva um psicólogo a fazer um trabalho desses nas horas livres?
Henrique Bon: Foram 15 anos de trabalho, interrompidos sempre pela profissão. A motivação vinha da adolescência. O fio condutor surgiu quando tinha 17 anos e recebi um maço de cartas escritas pelo meu ancestral, Henri Bon. Elas estavam guardadas na fazenda do meu tio-avô. Por uma curiosidade, já que não sabia francês, ele levou as cartas até meu pai, que na época era gerente de banco em Cantagalo. A fazenda ficava uns trinta quilômetros distantes na zona rural. Quando vi esse maço de cartas, fiquei muito curioso de saber o que o meu trisavô nos revelaria de seu cotidiano através delas. Afinal, meu avô me falava sempre de seu avô genebrino, que havia se casado com uma mulher da região do Jura e depois, já viúvo, com uma mulher da Basileia. Meu trisavô morreu em 1878. Meu avô em 1969, quase 100 anos depois, mas sempre me contava, como se as tivesse vivido, o que sabia da história dos ancestrais.
swissinfo.ch: Na infância, o que representava para você a Suíça?
H.B.: Meu avô tinha um certo orgulho dos antepassados suíços que atravessaram o oceano e vieram ao mundo português. Eles se instalaram no Brasil e tiveram, de alguma forma, bastante sucesso. Talvez meu avô se considerasse original por isso (risos). Mas enfim, se já estava de alguma forma inoculado para essas histórias, essa ligação ficou mais forte quando meu tio-avô trouxe esses documentos. Eles concretizaram, afinal, a existência do meu trisavô. Alguns anos depois eu herdei todo esse acervo: mais de 40 anos de correspondência entre o suíço que estava no Brasil e seu irmão que permaneceu na Suíça.
swissinfo.ch: O que essas cartas contam?
H.B.: As coisas mais variadas. Por exemplo: Henri Bon escreveu ao irmão fazendo críticas profundas ao imperador Pedro I, que fazia a Guerra da Cisplatina e não se preocupava em melhorar as estradas, importantes para as carroças que transportavam o café na época. Em meados do século 19, Jules Bon escreveu de Genebra para falar sobre a guerra da unificação da Itália, Napoleão III e o golpe que ele cometeu. O Jules apoiava o golpe contra Napoleão. Era um sujeito ultraconservador.
O Henri Bon escrevia muito sobre a questão comercial do café. Ele tinha escravos e não via nenhum problema nisso.
swissinfo.ch: Como era a vida do colono suíço Henri Bom no Brasil?
H.B.: O Henri Bon já estava em Cantagalo em uma fazenda. Ele vem em melhores condições. Chegou aqui em 1826 e não 1819, como a maioria dos outros colonos suíços. Era o terceiro filho de um fabricante de relógios de Genebra e chegou trazendo uma parte do que herdaria do pai. Foi assim que comprou a fazenda em Cantagalo. O Henri Bon escrevia muito sobre a questão comercial do café. Ele tinha escravos e não via nenhum problema nisso. Ao chegar no Brasil, se adaptou inteiramente ao modelo português e adquiriu escravos. Essa visão romântica – de que os suíços achavam deplorável a escravidão – é falsa. Ao chegar, escandalizavam-se com o modelo por algumas semanas ou meses, depois consideravam um bom negócio. É terrível admitir, mas temos que contextualizar: era algo habitual em 1819 e eles não eram indivíduos além de seu tempo.
swissinfo.ch: Os colonos suíços tentaram também implementar algumas das suas tradiçõeEssa visão romântica – de que os suíços achavam deplorável a escravidão – é falsa. Ao chegar, escandalizavam-se com o modelo por algumas semanas ou meses, depois consideravam um bom negócio. É terrível admitir, mas temos que contextualizar: era algo habitual em 1819 e eles não eram indivíduos além de seu tempo. s em Nova Friburgo como a “Landsgemeide”, as votações em praça pública, por exemplo?
H.B.: A fazenda de Henri Bon era cercada de outros fazendeiros suíços. Mas, de fato, eles ficaram ilhados devido às grandes distâncias. Todos os casamentos, com exceção de um único filho, ocorriam dentro da comunidade de descendentes de suíços. Essa é uma tradição que permaneceu até meu pai, que se casou com a minha mãe, uma descendente de portugueses, mas que na verdade tinha origem suíça também, do cantão de Vaud. Não houve nenhuma tentativa política por parte dos colonos suíços de instalar algum modelo que já existia na Suíça em 1819. Temos que entender que a Suíça de 1819 não é a Suíça de hoje. Eu diria que os suíços acabaram mais colonizados do que colonizando, no sentido de tentar implantar um modelo trazido de fora.
swissinfo.ch: O que você encontrou sobre a imigração suíça nos arquivos brasileiros?
H.B.: Por exemplo, eu me deparei com um livro chamado “Registro Geral de Colonos Suíços”. Um tal de Miranda era inspetor de colonização estrangeira. Ele era tão acurado que nos seus relatos descrevia até os sinais particulares dos migrantes. “É inábil para o trabalho porque aleijado do braço direito”, escreveu ele uma vez. Tratava-se de um suíço que chegou no Brasil em 1819 e tinha essas características. Esse livro traz descrições sobre dois mil e pouco suíços: os que morreram na Holanda (último ponto de parada antes de atravessar o Atlântico), durante a viagem de navio, mas também dando o cantão de origem, o idioma que falavam, a religião e a idade, dentre outros.
swissinfo.ch: Qual era o perfil social dos colonos suíços? Eram pessoas pobres ou degredados?
H.B.: Não. Essa é uma visão espetacular da história. Porém houve dois momentos dessa migração: no primeiro eram suíços com todos os seus direitos, que decidem migrar por diversas questões. Uma dela foi o fechamento da França após a queda de Napoleão. Outros chegam atribuir essa imigração à erupção do Monte Tambora, Indonésia (entre 5 e 10 de abril de 1815), que provocou um inverno terrível durante dois anos consecutivos e arrasou com a agricultura local. As condições socioeconômicas eram precárias na época. Assim suíços de vários cantões decidiram emigrar.
No caso do segundo grupo, as autoridades cantonais de Friburgo ou Argóvia tinham interesse que também os apátridas abandonassem o país. Então eles exerceram alguma pressão sobre esses grupos de pessoas, que eram paradoxalmente minoritários entre os colonos. A grande maioria não precisaria deixar o país. Ao avaliar a estratificação social dos emigrantes, descobrimos que um terço eram muito pobres, um terço “remediados” e o outro terço era formado por um grupo de pessoas que tinham pequenas e até grandes fortunas.
swissinfo.ch: Eram realmente 200 famílias, como estão nos registros históricos?
H.B.: É difícil definir o número de famílias, mas podemos considerar que foram entre 2.013 a 2.018 pessoas. Havia um contrato para receber no Brasil 100 famílias, mas na verdade vieram mais de 200 nesses navios. A questão é definir o que eram famílias. Os migrantes eram alojados nas casas na vila e nas glebas rurais, mas elas abrigavam por vezes mais de uma família. Uma casa abrigava 17 pessoas e a outra, até 14 pessoas, respeitando determinados critérios. Na casa 22, por exemplo, eles agruparam duas famílias com sobrenomes diferentes. Mas na realidade, eram cunhados e concunhados ou pessoas casadas com duas irmãs. Eles chegaram a utilizar critérios como o vilarejo de origem, idioma e até mesmo da religião para agrupar as pessoas. A religião oficial de estado do Império Português era o catolicismo. Talvez por essa razão eles instalaram os colonos protestantes na praça Marcílio Dias. Eles eram separados dos católicos para que não houvesse brigas. Além disso, ainda haviam as pressões dos funcionários que tentavam persuadir os colonos para que se convertessem ao catolicismo.
swissinfo.ch: Por que você não encontra hoje em Nova Friburgo tradições suíças como coros alpinos, lutas alpinas ou campeonatos de tiro ao alvo com arbaletes?
H.B.: Não há muito documentação a respeito para explicar o que ocorreu. A questão é que muitos dos colonos suíços foram viver nessas glebas coloniais e ficaram muito dispersos. Se hoje você vai a Lumiar (n.r.: localidade distante 30 quilômetros de Nova Friburgo), ainda encontra até hoje áreas inabitadas. Imagine então como era a vida naquela época: esses colonos viviam, de fato, muito isolados uns do outros. Apenas um terço deles ficou em Nova Friburgo. Descrições de viajantes da época contam que Cantagalo chegou a ter mais suíços do que Nova Friburgo, pois lá havia o chamamento pelo café, uma cultura que estava dando bastante dinheiro na época. Na região serrana, os suíços haviam sido condenados a uma cultura de subsistência. Tanto que nos primeiros momentos não podiam sequer sair da colônia. Ele precisava de uma autorização assinada pelos funcionários para ir ao Rio de Janeiro ou qualquer outro lugar. Sem ela poderiam ser aprisionados e trazidos de volta à Nova Friburgo. Mas isso vigorou por pouco tempo, já que a realidade acabou se impondo. Os suíços em Nova Friburgo começam a ver que o português estava ganhando dinheiro com o café. Nas terras frias não havia muita possibilidade para plantá-lo. Então se deslocaram para o Vale do Paraíba. Ao longo das décadas, os colonos suíços vão descendo pelo rio Paraíba. É possível acompanhar essas famílias suíças ao longo desse rio. Você encontra famílias suíças em São Fidélis, Campos e até no sul do Espírito Santo, que já não pega mais o rio Paraíba do Sul, mas pela proximidade, e pelo fato de as terras locais serem baratas e devolutas, você ainda encontra muitas dessas famílias.
Henri Bon escreve para mãe para descrever o que seria a mandioca. Ele disse que alguns a consideravam muito melhor do que a batata.
swissinfo.ch: A vida nos trópicos deve ter sido um choque para os colonos. Como foi se adaptar à nova topografia, clima, flora e fauna das novas terras?
H.B.: Henri Bon escreve para mãe para descrever o que seria a mandioca (risos). Ele disse que alguns a consideravam muito melhor do que a batata. Ele conta à sua mãe como se comia a mandioca no Brasil. O Henri parecia estar absolutamente adaptado à vida no campo, embora fosse uma pessoa letrada. Ele escreve, por exemplo, em uma delas: “Estou num país em que ando de tamancos durante a semana e só coloco os sapatos nos domingos”. Outra carta interessante que escreveu para o irmão logo após comprar uma fazenda: “Estou numa casa em que o vento pode apagar a minha vela ou a chuva molhar o papel”. Quer dizer, havia goteiras nessa casa. Enfim existem também cartas em que as pessoas deploram sua situação. Um outro ancestral meu, Johann Peter Businger, originário da Basileia, lamenta ter emigrado em 1819. Ele repudia o que encontrou no Brasil e acaba morrendo na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro em 1826, ou seja, seis anos e meio depois da chegada ao Brasil, deixando filhos órfãos.
swissinfo.ch: O que fizeram os colonos para sobreviver nas terras que ganharam do Império? Como foram as primeiras tentativas?
H.B.: Há registros de que houve tentativas de plantar uva para vinho. Mas as primeiras experiências agrícolas dos dois primeiros anos em Nova Friburgo foram terríveis. Ocorreram muitas inundações. Choveu demasiadamente. Os relatos desses imigrantes são, de forma geral, muito desanimadores. Mas, a partir de 1828, a situação começa a mudar. Especialmente na região de Cantagalo, algumas famílias suíças chegam a escreve e convidar seus parentes para virem ao Brasil. Eles contavam que estavam produzindo café e tendo um bom rendimento. Um deles, Farquet, originário do cantão do Valais, escreveu que não compreendia porque que outros não o seguiram.
Houve um empobrecimento muito grande durante muitos anos. A travessia foi terrível para alguns e então, de alguma maneira, eles queriam esquecê-la.
swissinfo.ch: Como os imigrantes suíços em Nova Friburgo foram perdendo suas tradições como o idioma, canções, festas populares, e outros para se diluir na cultura brasileira?
H.B.: Algumas famílias sempre mantiveram essas tradições. A minha é um desses exemplos. Meu avô me passava as informações. A família Monnerat, a família Wermelinger e outras mantiveram também esse vínculo com a Suíça através da transmissão de histórias. Porém na maioria das outras famílias isso se perdeu. Houve um empobrecimento muito grande durante muitos anos. A travessia foi terrível para alguns e então, de alguma maneira, eles queriam esquecê-la. Me lembro de uma entrevista feita por mim há uns trinta anos com um senhor que seria bisneto de suíços. Ele não tinha muita noção da Suíça, mas me contou o seguinte: os pais lhe contaram que seus antepassados haviam atravessado o oceano e haviam tido uma febre tão terrível, que a pele dos pés havia até se descolado. Essa imagem dramática ficou impregnada nele, apesar de ser uma pessoa muito simples, sem noção do que seria esse oceano e de onde teriam vindo os ancestrais. De alguma maneira, talvez alguns tivessem tentado negar um pouco essa história tão triste. Você pega, por exemplo, a história da travessia de uma dessas famílias de colonos suíços e descobre que de dez, só cinco sobreviveram. Isso significa que, em alguns casos, mais da metade de uma família foi dizimada. Da família Armingaud, só a mãe chegou incólume no Brasil. Seus filhos e o marido morreram durante a viagem. Foi algo dramático.
swissinfo.ch.: Seu último livro se chama “Uma viagem só de ida à Nova Friburgo”, mas é um romance. Ele também foi inspirado na história da imigração dos suíços?
H.B.: Sim. Eu tinha esse material todo. As cartas me davam uma ambiência bem especial. Eu comentava com a minha mulher que nós convivemos documentalmente tanto com essas pessoas, que elas até pareciam íntimas de nós. Então fiquei motivado pela ideia de popularizar um pouco essa história escrevendo um romance histórico, ou seja, um romance balizado nesses documentos. Seus personagens chegam a ser uma mescla de duas pessoas que efetivamente existiram. No entanto, o fio condutor do livro é a história real. Um dos personagens tem o sobrenome “Cougnard”, que é de um antepassado meu. Ela teria sido uma espécie de “Eva” da família, porque quando o meu ancestral de Genebra se casou com ela no século 18, a família cresceu bastante. Ela se chamava Marie Cougnard. O ancestral mais remoto que conheço abandonou a Borgonha em direção à Genebra na época da revogação do Edito de Nantes (documento histórico assinado em Nantes, França, em 30 de abril de 1598 pelo rei Henrique IV. O edito concedia aos huguenotes a garantia de tolerância religiosa após 36 anos de perseguição e massacres por todo o país). Quando ele chegou em Genebra, não teve o direito de residência. Era apenas um estrangeiro. Foi só quando seu filho se casou com Marie Cougnard, membro de uma família muito antiga de Genebra, é que os Bons se integraram. Eu criei então o personagem “Henri Cougnard”, que faz parte da viagem desse grupo de colonos suíços em 1819. Foi uma liberdade poética minha, pois o Henri Bon só chegou no Brasil em 1826. Com o manancial de documentos históricos à minha disposição, ousei escrever um romance histórico que, no Brasil, recebeu o título “A Noite dos Peregrinos”. Na tradução em francês ficou “Uma Viagem só de ida para Nova Friburgo”.
swissinfo.ch: A família Bon existe ainda na Suíça?
H.B.: Sim. Em grande parte, seus membros residem no cantão de Genebra, especialmente na capital e em um vilarejo chamado La Petite Grave, próximo a Cartigny. Em 1981, fiz uma viagem de mochila a essa região. Quando cheguei, perguntei a alguém na rua se ele conhecia alguém da família Bon. Respondeu negativamente, mas apontou para um vilarejo um pouco mais distante – La Petite Grave – dizendo que lá havia uma família com esse nome. E quando chegue, essas pessoas me falaram que, de fato, eram descendentes desse tio descrito na carta dos meus antepassados. Eles pegaram a minha mochila em Genebra e me levaram para a casa deles. Tempos depois, uma parente chamada Elisabeth Bon, que morava em Zurique e aparentada com essa família em Genebra, veio ao Brasil nos seus 70 anos e aprendeu o português. Ela insistiu então para ler todas as cartas históricas que estão nos meus arquivos.
Meu avô contava a história de um parente que muito tempo atrás havia emigrado para a América do Sul, mas era algo muito nebuloso, perdido no tempo. Quando você chegou, esse eco se concretizou
swissinfo.ch: Como a família Bon na Suíça reagiu ao saber que tinha parentes no Brasil?
H.B.: Esses “primos” distantes – afinal, compartilhamos ancestrais que nasceram no século 18 – já estiveram no Brasil e firmaram uma forte amizade conosco. Porém um deles se confessou incomodado ao saber que um ancestral tinha sido escravocrata. Mais tarde ele visitou a fazenda do Henri Bon e viu elementos do período da escravidão. Ele, como um suíço do século 20, se sentia incomodado. Outro parente, o André Bon, me contou: “Meu avô contava a história de um parente que muito tempo atrás havia emigrado para a América do Sul, mas era algo muito nebuloso, perdido no tempo. Quando você chegou, esse eco se concretizou”. Para alguns parentes, houve até uma certa perplexidade.
swissinfo.ch: E o que explica essa procura dos descendentes pelas suas raízes?
H.B.: Eu acredito que tudo começa com aquela primeira indagação: de onde vim, para onde vou, o que significa isso tudo? Talvez tentamos responder a esse questionamento procurando os ancestrais. Com relação à Suíça, ela apresenta no século 20 como um país glamoroso e rico. Foi quando surgiu aquele romantismo: de uma Suíça alpina, do bem-estar social. Talvez os descendentes tentem se identificar com essa herança.
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