Imóveis no exterior: estrangeiros na Suíça preocupados
No contexto da luta contra a evasão fiscal, a troca de informações fiscais se tornará em breve automática entre autoridades fiscais suíças e estrangeiras. Essa mudança preocupa muitas pessoas na Suíça, especialmente italianos, espanhóis e portugueses: muitos não declararam seus imóveis no exterior no imposto de renda. Respostas às questões mais prementes.
Este conteúdo foi publicado em
3 minutos
Olivier Pauchard
English
en
Property owned abroad: what Swiss taxpayers need to know
Quando a troca automática de dados fiscais entrou em vigor?
Devido à nova diretriz mundial de troca automática de informações fiscais (EAR), a SuíçaLink externo já coleta informações desde 1° de janeiro de 2017. Todavia esses dados só serão intercambiados efetivamente a partir de 1° de janeiro de 2018.
Os bens em imóveis são abrangidos pelo acordo?
Formalmente, não. O EAR aplica-se somente às contas bancárias. Todavia, a partir de uma conta bancária é fácil para as autoridades fiscais determinar se um contribuinte possui um imóvel em outro país.
Os imóveis no exterior devem ser declarados também no imposto de renda na Suíça?
Sim, e isso não é novidade. O contribuinte na Suíça deve declarar todos os seus bens, não importando se estão na Suíça ou exterior.
Já que pago impostos para o meu imóvel no exterior, devo pagar mais uma vez ao declará-lo na Suíça?
Não, especialmente se existe um acordo de dupla-tributação entre a Suíça e o país estrangeiro onde está localizado o imóvel. As autoridades suíças não vão também cobrar mais um imposto sobre esse bem. No entanto, a taxa de impostos sobre a fortuna taxada na Suíça pode aumentar.
Exemplo concreto: se até então declarei às autoridades fiscais suíças uma fortuna total de 500 mil francos, eu pagava um imposto sobre fortuna a uma taxa correspondendo a esses 500 mil francos. Se então declaro possuir um imóvel no exterior avaliado em 200 mil francos, então continuarei a pagar impostos na base dos 500 mil francos, mas a uma taxa correspondendo ao valor total da fortuna, ou seja, 700 mil francos. A taxa aumenta de forma proporcional e a cobrança de impostos será então mais elevada.
Nota-se que o mesmo princípio se aplica para o valor de aluguel Link externo(geralmente entre 2,5% e 5% do valor do imóvel). O contribuinte não pagará diretamente sobre esse valor de aluguel, mas isso fará aumentar a taxa fiscal do imposto de renda.
A pessoa que até então não declarou seu imóvel no exterior será punida?
Não, se o contribuinte declarar espontaneamenteLink externo esse bem no exterior. Ele simplesmente deverá o valor devido dos últimos dez anos. Mas atenção: essa possibilidade de declaração espontânea só é válida durante os dezoito meses que seguem a entrada em vigor da EAR, ou seja, até 30 de junho de 2018.
Após essa data, o contribuinte que não declarou seu imóvel no exterior corre o risco de receber uma multa bastante salgada, representando entre um terço e três vezes o montante sonegado.
Adaptação: Alexander Thoele
Os mais lidos Suíços do estrangeiro
Mostrar mais
Fim das vantagens fiscais pode levar aposentados suíços a considerarem emigração
A economia suíça deve respeitar os limites do planeta, conforme proposto pela iniciativa de responsabilidade ambiental, ou isso seria prejudicial à prosperidade do país? E por quê?
Estamos interessados em sua opinião sobre a iniciativa de responsabilidade ambiental.
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
Benefícios fiscais em Portugal atraem cada vez mais estrangeiros
Este conteúdo foi publicado em
Por esse motivo, esperam que esta tenha sido a última mudança de país nas suas vidas, até porque não têm outro plano senão ficar. Numa tarde cinzenta, a swissinfo.ch encontrou-se no centro da cidade do Porto para tomarmos um café e conversarmos sobre a experiência de Ilona, 71 anos, e Renilo, 75,* em Portugal e,…
Este conteúdo foi publicado em
O grupo de mídia chinês Hurun Report acompanha de perto essas fortunas, e as rotas de migração das pessoas mais ricas do planeta. A “Hurun Global Rich List 2017” revela que, embora a Suíça tenha a sexta maior concentração de bilionários do mundo, apenas metade é composta de magnatas suíços. O resto é constituído por…
A reforma tributária é favorável demais para as empresas?
Este conteúdo foi publicado em
A reforma, entretanto, está sendo combatida pelos socialdemocratas por meio de um plebiscito. Segundo Partido Socialista (SP, na sigla em alemão), os partidos burgueses pretendem fazer da reforma tributária um verdadeiro presente fiscal para as empresas. A questão será votada no dia 12 de fevereiro. As duas reformas anteriores do imposto sobre pessoas jurídicas foram…
Suíça consegue boa classificação em conformidade fiscal
Este conteúdo foi publicado em
O Ministério das Finanças suíço disse que a “avaliação positiva” reflete o progresso feito durante o período da avaliação, de 1° de julho de 2012 a 30 de junho 2015, com a implementação da norma internacional para o intercâmbio de informações. A avaliação foi realizada pelo Fórum Global sobre Transparência e Troca de informações para…
Carga tributária suíça entre as mais baixas no mundo
Este conteúdo foi publicado em
Quem mora na Suíça arca com um dos impostos de renda mais baixos do mundo, de acordo com a mais recente pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Este conteúdo foi publicado em
Novas decisões estão estreitando os lanços de comunicação entre Suíça e o Brasil. No final de 2015, a Receita Federal do Brasil assinou mais um acordo com a Suíça para facilitar a troca, em nível administrativo, das informações tributárias entre os países. No início do ano, a presidente Dilma Rousseff sancionou, com vetos, a lei…
Este conteúdo foi publicado em
A relações entre Brasil e Suíça estão avançado e ganhando novos contornos. Um dos mais recentes é o fato de que tanto a Suíça como o Brasil terem assinado o acordo, alinhado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), para troca automática de informações. O compromisso, previsto para entrar em vigor em 2018, demanda…
Este conteúdo foi publicado em
“Os erários estrangeiros poderão aceder a todas as informações relativas a seus cidadãos através das autoridades fiscais suíças, ao passo que estas continuarão de pés e mãos atados diante dos sonegadores. É evidente que esse sistema incompatível não seja defensável.” O professor emérito de Economia da Universidade de Lausanne, Jean-Christian Lambelet, resume assim o dilema…
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.