Vítimas católicas de abuso sexual podem ser indenizadas
A luta contra o abuso sexual dentro da Igreja Católica na Suíça deu um passo à frente na terça-feira com o lançamento oficial da CECAR, uma comissão de inquérito de abuso sexual que pretende ser "neutra e independente das autoridades da Igreja Católica".
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Nascido em Londres, Simon é jornalista multimídia que trabalha para a swissinfo.ch desde 2006. Fala francês, alemão e espanhol e cobre questões de ciência, tecnologia e inovação.
A CECAR é o resultado de 6 anos de negociações e um acordo entre grupos de vítimas, parlamentares e a Conferência Episcopal Suíça. A iniciativa destina-se às vítimas que eram menores no momento dos incidentes, mas cujos casos prescreveram.
“Exceder o estatuto de limitações não acaba com o sofrimento”, disse Charles Morerod, bispo de Lausanne, Genebra e Friburgo, em uma entrevista coletiva em Lausanne. Ele foi um dos cossignatários de um acordo em 2015 entre a Igreja Católica e o grupo de vítimas SAPEC, que levou à criação da CECAR.
A partir de setembro, uma vítima de abuso poderá registrar uma reclamação online pedindo reparações à CECAR, que examinará o caso com a ajuda de três especialistas das áreas social, de justiça e de saúde. A decisão final sobre cada processo de reconciliação individual e eventual indenização será decidida por um comitê da CECAR.
A Conferência Episcopal Suíça, envolvida na criação e aprovação da comissão, criou um fundo para as vítimas de 500.000 francos ($ 520.394). Estão previstas indenizações acima de 20 mil francos para os casos mais graves.
Ninguém sabe ao certo o número de vítimas a buscar reparação. A CECAR diz que pode haver cerca de 200 vítimas de abuso na Suíça que podem estar interessadas. Mas o número poderia ser muito maior. A comissão suíça foi inspirada pelo trabalho de um esquema de reconciliação da Igreja na Bélgica, que registrou 800 casos.
Com a criação da CECAR, as autoridades estão agora encorajando as vítimas a apresentar uma queixa.
O bispo Morerod, por sua vez, reconhece as dificuldades à frente.
“Se o agressor ainda estiver vivo, ele terá que aceitar este processo. É certamente difícil para todas as pessoas envolvidas. Há provavelmente um desejo de negar os fatos, mas nem sempre é assim. Depois, será a vez de um superior religioso, ou do próprio bispo, procurar a vítima. Eu mesmo já me encontrei com várias vítimas”, disse.
Adaptação: Fernando Hirschy
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