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Como os suíços viviam no passado

A Suíça é um dos países mais ricos do mundo, mas nem sempre foi assim. No museu ao ar livre de Ballenberg, na região dos Alpes bernenses, os visitantes podem descobrir a dura realidade dos camponeses nos séculos 18 a 19.

Ein Paar küsst sich vor einer Zisterne
O cenário do museu serve também para a apresentação de peças de teatro como “O Padre e o Capitão”, em 9 de julho de 2012. Keystone

Não muito longe do lago de Brienz, cercado por altas montanhas, situado em uma área de montanhas e florestas, cerca de 110 construções rurais estão espalhadas por 66 hectares: quintas magníficas, com fachadas de tiras de madeira longas e finas ou com telhados de palha, chalés talhados de madeira, edifícios em estilo enxaimel, construções de pedra sobre pedra, (encaixadas entre elas, sem espaços) com telhados de placas de gnaisse (rocha metamórfica constituída de cristais de mica, quartzo e feldspato, disposta em lâminas paralelas), uma herdade mediterrânea, chalés alpinos e uma casa de viticultura – poder-se-ia pensar que aqui se encontram as tradições de construção de diferentes países.

Onde está?

O museu ao ar livre de BallenbergLink externo, nas proximidades do lago de Brienz (centro), está aberto de 14 de abril a 31 de outubro de 2018. A fundação comemora seu 50º aniversário em 2018 com eventos adicionaisLink externo

Uma exposição especial é dedicada às vacas, animal que desempenhou um papel importante para a economia suíça. O museu ao ar livre Ballenberg não é apenas um museu, mas também um local de pesquisa e estudo. Ele abriga uma parte do arquivo de pesquisa agrícola do paísLink externo.

Mas todas as casas são da Suíça – foram trazidas de todas as partes do país e reconstruídas no Ballenberg, fiel ao original. “A Suíça é um estado multiétnico”, explica Beatrice Tobler, chefe de pesquisas científicas do museu ao ar livre Ballenberg. “Ela tem regiões geográficas e climáticas muito diferentes, cada uma delas exposta a outras influências culturais.” Por isso a arquitetura é tão diferente, pois sempre foram usados materiais que estavam à disposição, explica Tobler. Em algumas regiões havia mais madeira, em outras mais material de pedra.

Um zoológico humano não era desejado

O museu quase falhou, por causa dessa multiculturalidade da Suíça. Nos anos 1930, a organização Pro Campagna sugeriu seguir o exemplo de outros países, e se abrisse um museu ao ar livre na Suíça. Mas o Serviço de Proteção ao Patrimônio da SuíçaLink externo, que cuida da preservação de monumentos, foi contra: os tipos de casas na Suíça são muito diversos para poderem ser mostrados, sem parecer artificiais, em um só lugar.

Além disso, havia a preocupação de um museu a céu aberto poderia igualar-se à ação duvidosa da Exposição Nacional em Genebra de 1896, quando foram exibidos mais de 200 sudaneses em uma “aldeia de pretos”, e cerca de 300 suíços em uma “vila suíça”. Tal “zoológico humano” parecia problemático. O plano de transformar uma parte de um vilarejo habitado de Brienz em um museu a céu aberto foi, portanto, rejeitado.

Finalmente, concordou-se em abrir um museu no desabitado Ballenberg, perto de Brienz. Em 1968 criou-se uma fundação. Ela procurou por casas com valor histórico, que estavam ameaçadas de demolição, em toda a Suíça. Em 1978 o museu foi aberto. A partir deste dia, a fundação só traz casas para o Museu Ballenberg que não podem ficar lá devido aos projetos de tráfego ou projetos de construção no local antigo.

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Tão autêntico quanto possível

Nas casas, o museu exibe móveis originais, bem como utensílios e ferramentas. Todos os objetos são do período de antes da motorização da agricultura – isto é, anterior a 1950. A casa mais antiga foi construída em 1336, a mais recente em 1900. Os expositores querem mostrar como elas realmente eram, juntamente com os edifícios modestos, as condições de vida escassa e o mobiliário pobre.

Os jardins também são cultivados e plantados de acordo com antigas tradições. Muitas obras são realizadas por cavalos e carroças. Os operadores do museu tentam preservar o conhecimento antigo: eles plantavam, por exemplo, “erva sabão”, da qual um detergente líquido pode ser feito. Todo outono, a equipe do museu processa linho do jardim em um pano de linho.

Uma nação de agricultores e trabalhadores domésticos

Como a Suíça é um país pobre em recursos naturais, a agricultura costumava ser muito importante. Em 1850, a maioria dos suíços trabalhava na agricultura, seja no campo, pecuária, silvicultura, viticultura ou pesca.

Mas a maioria desses trabalhadores não eram agricultores no sentido mais restrito. Eles possuíam pouca ou nenhuma terra, e trabalhavam para outros agricultores. “Muitas famílias também tiveram trabalhos paralelos em tecelagem, processamento de lã e bordados, porque tinha-se que vender algo para comprar outros bens – como o sal”, diz Tobler.

Frequentemente, um chamado “intermediário” disponibilizava pequenas mercadorias para os pequenos agricultores, que as transformavam em um produto trabalhando em casa, os quais ele comprava deles de volta. No museu, os visitantes podem observar a equipe do museu na fabricação de cestas tradicionais, ferraria, tecelagem, fiação e esculturaLink externo.

Ein historisches Wohnzimmer
Nessa casa, construída aproximadamente em 1780, viviam agricultores mais abastados. Keystone

Pobreza amarga junto à riqueza pomposa

Havia lugares com grande riqueza na Suíça – especialmente nas cidades – e as magníficas mansões de fábrica e imponentes fazendas são testemunhadas no museu.

No entanto, uma grande parte da população rural vivia em extrema pobreza, como mostram as casas dos pobres diaristas e as cabanas alpinas. “Mesmo que a maioria das casas pareça boa do ponto de vista de hoje, logo se percebe em que situação as pessoas pobres estavam, quando se imagina que se tem que morar nestas casas”, diz Tobler.

No século 19, uma grande parte da população rural mudou-se para as cidades para trabalhar na indústria.

Toda a Suíça: um museu ao ar livre

Hoje, o museu está lutando contra a perda de visitantes. O problema: ao contrário de outros museus ao ar livre, por exemplo, na Alemanha e na Escandinávia, o Museu Ballenberg não fica perto de uma cidade grande, mas isolado nas montanhas. Além disso, o terreno do museu é muito espaçoso e íngreme – especialmente para turistas estrangeiros, que não estão acostumados a longas caminhadas em terrenos íngremes, dependendo do país de origem. Isso é um desafio.

Para isso, os visitantes experimentam um pedaço da história: o museu está localizado na área do chamado “Reduit” (reduzido), onde durante a Segunda Guerra Mundial o exército suíço deveria ter se retirado para defender o país contra a Alemanha nazista. Mas a Suíça teve sorte: um ataque militar não aconteceu. Como a Suíça, com exceção de alguns fracassos, não foi bombardeada, os prédios históricos foram preservados. Visto desta forma, toda a Suíça é uma espécie de museu ao ar livre.

Entre em contato com a autora @SibillaBondolfi no FacebookLink externo ou TwitterLink externo.

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