“Nobel de Arquitetura” para um “inventor de boas obras”
O suíço Peter Zumthor, de 65 anos, receberá em 29 de maio próximo, em Buenos Aires, o prêmio Pritzker, também conhecido como o "Nobel da Arquitetura", que inclui uma medalha de bronze e 100.000 dólares.
É a segunda vez que esse prêmio vai para a Suíça. Em 2001, foi homenageada a dupla Jacques Herzog e Pierre de Meuron, que projetou, entre outras obras, o estádio “Ninho de Pássaro” das Olimpíadas de Pequim.
Segundo a Fundação Hyatt, responsável pelo prêmio, Zumthor é “um arquiteto-mestre, admirado por seus colegas em todo o mundo por uma obra focalizada, sem compromissos e excepcionalmente determinada”.
“Todas as edificações de Peter Zumbthor possuem uma presença forte e atemporal”, disse Thomas J. Pritzker, presidente da instituição, citando a justificativa do júri. “Ele tem um talento raro para combinar pensamentos claros e rigorosos através de uma dimensão verdadeiramente poética. Isso resulta em trabalhos que sempre de novo inspiram.”
Zumthor é considerado o mais idiossincrático e polêmico e, ao mesmo tempo, renomado arquiteto suíço com fama internacional. Ele realizou obras na Holanda, Finlândia, Alemanha, Áustria, Inglaterra, Espanha, Noruega, Finlândia e Estados Unidos e na própria Suíça, que concentra a maior parte delas.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão as termas da cidade suíça de Vals, de 1996, e a Kunsthaus Bregenz (centro de arte moderna da capital do estado austríaco de Vorarlberg), construída em 1997 e cuja forma de um rígido cubo é considerada por alguns especialistas como um marco da arquitetura contemporânea.
Outras duas obras de Zumthor são o pavilhão “corpo sonoro suíço” para a Expo 2000 em Hannover e o novo museu de belas artes Kolumba, construído em 2007 pelo arcebispado de Colônia (Alemanha) sobre as ruínas de um antigo cemitério gótico.
“Inventor de boas casas”
“Sou um apaixonado inventor e construtor de boas casas. Por uma construção coerente, em que tudo se encaixa, não só a fachada, encaro muita coisa: não para enriquecer, mas para ser difícil para construtores”, disse Zumthor em uma entrevista à revista eletrônica do banco Credit Suisse em 2003.
Ele disse que nunca entrega uma obra antes de ter a sensação de que ela é coerente. Isso, segundo ele, é mais o estilo de trabalho de quem compõe para um quarteto de cordas ou escreve um livro.
“O autor determina, quando uma obra está pronta, não a editora. Pode-se certamente dizer que sou um arquiteto pronunciadamente autoral e, por isso, impróprio para pessoas que pensam que arquitetura é uma prestação de serviço”, acrescentou.
Termas de Vals
Quais as imagens que Zumthor tinha em mente quando construiu as termas de Vals?
“Sempre procuro imagens relacionadas com o lugar e o uso. Isso foi relativamente simples em Vals: uma fonte termal nasce de uma montanha, de uma pedra – montanha, pedra, água, caverna, escavar a montanha. Água quente que sai da montanha é uma coisa muito louca.”
Assim ele previu algo diferente do que para uma piscina esportiva. “Creio que todos nós teríamos mais ou menos a mesma idéia. Deve-se tentar relaxar e desfrutar a água quente. Em Vals, esse tema – água quente da montanha – é tão forte que a tarefa foi relativamente fácil.”
Segundo prêmio Pritzker para a Suíça
É a segunda vez que o prêmio Pritzker vai para a Suíça. Em 2001, foi para dupla Jacques Herzog e Pierre de Meuron, de Basiléia; no ano passado, para o francês Jean Nouvel. Na lista dos premiados também se encontra o brasileiro Paulo Mendes da Rocha, premiado em 2006.
O prêmio Pritzker é concedido desde 1979. Ele é patrocinado pelo empresário de Chicago Jay A. Pritzker e sua esposa Cindy – desde a morte dos dois é organizado pela Fundação Hyatt. A família possui, entre outros bens, a rede internacional de hotéis Hyatt.
Segundo Lorette Coen, editora suíço-brasileira do caderno de Cultura do jornal Le Temps, “ao coroar o suíço Peter Zumthor, o Prêmio Pritzker 2009 responde a interrogações muito atuais sobre os valores e seus fundamentos: ele coroa o trabalho e a exigência, a convicção e a profundidade, a sutileza e a inspiração”.
O próprio Zumthor disse que o prêmio “é um reconhecimento maravilhoso do trabalho arquitetônico que temos feito nos últimos 20 anos. O reconhecimento de um corpo de trabalho tão pequeno quanto o nosso no mundo profissional nos faz sentirmos orgulho e deveria dar muita esperança a jovens profissionais de que, se eles se empenharem na busca de qualidade no trabalho deles, poderão ter alguma visibilidade sem nenhuma promoção especial”, afirmou.
swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)
Nasceu em 1943, em Basiléia.
Fez curso profissionalizante de marceneiro e depois estudou arquitetura e design em Basileia e Nova York.
Trabalhou durante dez anos no departamento estadual de preservação do patrimônio histórico dos Grisões, leste da Suíça.
Vive e trabalha em Haldenstein, perto de Chur.
É casado com Annalisa Zumthor-Cuorad, uma escritora de língua retorromana, com a qual tem três filhos.
1987 Distinção por boas construções do cantão dos Grisões
1991 Gulam, European wiid-glue prize.
1992, 1995 e 1999: Prêmio Internacional para Novas Construções nos Alpes
1995 Prêmio Internacional para Arquitetura em Pedra, Itália
1998 Mies van der Rohe Award for European Architecture
2004 Membro honorário do American Institute of Architects
2006 Prêmio Meret Oppenheim da Secretaria Federal de Cultura
2008 Praemium Imperiale
2008 Brick Award
2009 Prêmio Pritzker, a ser entregue dia 29 de maio, em Buenos Aires.
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