Pressão competitiva, discriminação contra organizações de ajuda internacional por parte da União Européia, necessidade de cortar custos - as organizações de auxílio humanitário suíças encontram-se em crise.
Este conteúdo foi publicado em
3 minutos
SRF, Iwan Santoro, SRF
English
en
Political hurdles risk undermining Swiss aid groups
original
A organização de ajuda humanitária das igrejas protestantes da Suíça, HEKS, anunciou na terça-feira a demissão de seis funcionários e a decisão de se retirar de dois países. O anúncio soou como um pedido de socorro das organizações humanitárias, diz Dieter Wüthrich, porta-voz da HEKS.
As condições de atuação tornaram-se cada vez mais difíceis nos últimos anos. “Especialmente por razões políticas: o trabalho cooperativo de desenvolvimento das ONGs tem sido ultimamente alvo de fortes críticas – a nosso ver, bastante infundadas.”
A opinião é compartilhada pela Alliance Sud, a organização guarda-chuva de ONGs suíças. Os políticos exigem cada vez mais que os fundos de ajuda ao desenvolvimento sejam cortados, diz Mark Herkenrath, diretor administrativo.
Mas a competição por contratos é grande. “Mandatos da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (SDC), por exemplo, são anunciados internacionalmente, enquanto que, inversamente, os contratos da UE são exclusivos para instituições de caridade que vêm dos países da UE. Os suíços estão em clara desvantagem”.
Novas ameaças por causa duma iniciativa popular
Essa luta por projetos também é conhecida na Caritas. Está se tornando cada vez mais difícil e exigente financiar projetos de ajuda ao desenvolvimento, diz o porta-voz da Caritas, Stefan Gribi. As submissões para a SDC são sempre complicadas, “Se você não conseguir fechar contratos, ficam faltando recursos para nossa própria subsistência.” Mas mesmo quando se obtém um contrato, geralmente é preciso iniciar projetos grandes e abrangentes em pouco tempo.
Em suma, a pressão vem de três lados: concorrência, custos, e discriminação contra organizações humanitárias internacionais. E isso não é tudo: o Partido Popular Suíço (SVP/UDC, de direita), ameaça levar a cabo uma iniciativa popular que pretende transferir a verba de ajuda ao desenvolvimento para o seguro social (AHV/AVS).
Tal projeto não tem chance nenhuma de ser aprovada nas urnas, disso estão convencidas as agências de ajuda. Ao contrário do governo federal, o apoio da população à ajuda ao desenvolvimento é bastante alto. Isso também se reflete no volume de doações privadas na Suíça para instituições de caridade.
swissinfo.ch/ets
Mais lidos
Mostrar mais
Cultura
Documentário retrata adolescentes suíços forçados a voltar à terra natal dos familiares
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
Um engenheiro suíço trabalha em um vale do Hizbollah
Este conteúdo foi publicado em
O veículo de Lucas Beck Link externoultrapassa dois carros. Barulho e poeira, buzinaços constantes e uma velocidade de tirar a respiração nas pistas. Eu me seguro na maçaneta da porta ao meu lado e tento ignorar o caminhão que está rugindo atrás de nós. Beck diz: “Bem-vinda ao transito no Líbano”. Nós estamos em uma…
Este conteúdo foi publicado em
No início, o motorista do Uber (empresa que oferece serviços de taxi através de um aplicativo de internet) parecia soberano. Agora ele tem que se esforçar para encontrar o endereço digitado no celular, no norte de Yangon. Em 2006, lá era a capital da Birmânia, mas ainda é a maior cidade do país. Há pouco…
Este conteúdo foi publicado em
O escândalo em torno da mega-agência humanitária Oxfam, em que funcionários de carreira supostamente usaram prostitutas no Haiti em 2011, atraiu atenção global – e desaprovação global. A ideia de que pessoas que se deslocaram para uma zona de desastre para ajudar os mais pobres e vulneráveis, acabaram por se envolver em exploração sexual, desapontou muitos adeptos leais da…
Este conteúdo foi publicado em
A Caritas Suíça, ligada à Igreja Católica, por exemplo, vendeu velas em forma de estrela no Natal para ajudar a Casa do Menor, no Rio de Janeiro, que realiza um trabalho com crianças de rua. A Heks, ONG da Igreja Protestante, apóia projetos na Bahia e em Pernambuco. Essas são apenas duas das aproximadamente 3…
Este conteúdo foi publicado em
Não existe publicidade negativa. A menos que você seja uma empresa multinacional cujo produto mais conhecido foi transformado em um objeto de repulsa por meio das mídias sociais. É isto o que aconteceu com a Nestlé em 2010, quando foi acusada pelo Greenpeace de estimular o desmatamento em países tropicais ao usar o óleo de…
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.