Mídia lusófona destaca inauguração do túnel do Gotardo
Na manhã após a abertura oficial do túnel de base do Gotardo, o mais longo do mundo, a mídia lusófona faz comentários e destaca o que muitos consideram como "a obra do século". Alguns ressaltam a capacidade da Suíça de executar obras em tempo e sem exceder o orçamento.
O Terra destaca os valores gastos, mas mostra que os objetivos dos responsáveis pela obra foram alcançados. “Embora os túneis não tenham sido nem fáceis de construir nem baratos – a Suíça pagou um total de 12,2 bilhões de francos suíços (cerca de 11 bilhões de euros) por ele – o custo excedente em comparação com a estimativa inicial foi de apenas 21%, desconsiderando a inflação”, relata. Ao entrevistar um especialista, o conhecido portal brasileiro faz a comparação com outros países. “‘O túnel de base de São Gotardo está perto da média de excesso de custos, mas considerando que ele é maior do que a maioria dos túneis e levou mais tempo para ser construído, eu diria que 21% não é um número ruim’, ressalta o pesquisador Bent Flyvbjerg, da Universidade de Oxford. Segundo ele, megaprojetos de transporte na Europa normalmente ultrapassam as estimativas orçamentais iniciais em cerca de 27%.”
Já o Diário de Notícias lembrou do aspecto simbólico do túnel de base do Gotardo. “Uma maravilha da engenharia suíça que pretende ser um símbolo da unidade europeia numa altura de divisões e fragmentação, assumem os responsáveis, que inauguram hoje a sua “obra-prima”, dizem, numa cerimónia que conta com vários líderes europeus.”
O Expresso compara o túnel do Gotardo com outra obra recém-finalizada em Portugal. “É dez vezes mais comprido que o recentemente inaugurado Túnel do Marão e tem mais 6,5 km que o Túnel da Mancha. Demorou 18 anos a construir e é uma das maiores obras de todos os tempos da engenharia europeia”. O jornal português lembra que uma das principais razões para justificar o gigantesco projeto está no meio-ambiente. “…Desta forma procura-se atenuar a tendência moderna para concentrar todo o transporte de mercadorias no camião. A Suíça, entre a França, Alemanha e Itália corria o risco de se transformar numa espécie de rotunda gigante da Europa, congestionada e poluída por fluxos de mercadorias com os quais pouco ou nada tem a ver….”
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Os festejos de inauguração do túnel do Gotardo
A RTP Notícias associou o túnel do Gotardo com grandes feitos portugueses.”…Chamam-lhe “a conquista dos Alpes” e comparam-no à aventura das explorações marítimas de outros séculos. O túnel de Gotardo, ou São Gotardo, é inaugurado esta quarta-feira, 1 de junho, com pompa, circunstância e quatro chefes de Governo”, escreveu o portal do canal de televisão pública de Portugal, dando também destaque às qualidades dos planejadores. “Tal como um relógio suíço, a engenharia financeira não falhou um milímetro. A obra custou exatamente os 12,2 mil milhões de francos suíços orçamentados, o equivalente a onze mil milhões de euros. E foi terminada no prazo previsto…”
Ao entrevistar o presidente da Comboios de Portugal, que estava presente na inauguração do túnel de base do Gotardo, o Expresso faz referência histórica. “…Sua inauguração concretizou um sonho projetado em 1947, pelo engenheiro Carl Eduard Gruner, para uma ligação, na altura com menos quilómetros, por túnel entre Amsteg e Bodio”, afirmou Manuel Queiró. Em sua opinião, um dos maiores ganhos da Suíça com o túnel é na ecologia. “A grande vantagem”, diz, “será notada na sustentabilidade ambiental do transporte de mercadorias, porque vão passar diariamente por este túnel 260 comboios de mercadorias, que circulam movidos a eletricidade, sem emissões de CO2.”
O Antagonista, portal dos jornalistas brasileiros Mario Sabino e Diogo Mainardi, compara os custos de construção do túnel do São Gotardo com as obras do metrô de São Paulo. “….Hoje, foi inaugurado o túnel ferroviário de São Gotardo, construído pela Suíça para ligar o Norte e o Sul da Europa. Com 57 quilômetros de extensão, o túnel atravessa montanhas alpinas de até 2.300 metros de altura. Custo total desse prodígio da engenharia: 11 bilhões de euros, o equivalente a 44 bilhões de reais. Cada quilômetro custou, portanto, 772 milhões de reais” e “A Linha Amarela do metrô paulistano, se um dia ficar pronta, terá 12,8 quilômetros de extensão. Custo total dessa banalidade da engenharia: 5,6 bilhões de reais. Cada quilômetro custará, portanto, 437 milhões de reais. Mas esse preço deve aumentar.”
O Angola Press escreveu um relato sobre a inauguração e acrescentou no artigo que “…o recorde do túnel pode durar pouco, já que existe um projeto na China ainda mais ambicioso: perfurar um túnel de 123 km sob o Mar de Bohai…”
O túnel de base do Gotardo é a obra do século?
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