St. Moritz deve agradecer ao ex de Brigitte Bardot
Gunter Sachs era um generoso "bon vivant", cuja principal contribuição a St. Moritz foi financiar competições de bobsleigh, segundo o editor de um jornal local.
Gian Andreossi, fundador e editor da INN, uma revista para os visitantes do vale da Engadina, contou à swissinfo.ch que ele será lembrado com carinho na famosa estação de esqui nos Alpes suíços, além das suas excêntricas corridas à meia-noite em um lago congelado.
O matemático, fotógrafo, playboy e multimilionário alemão, famoso pelo seu estilo de vida e o curto casamento com a atriz francesa Brigitte Bardot, cometeu suicídio no último sábado (07/05). Ele tinha 78 anos.
Em um comunicado divulgado no domingo pela sua família a seu pedido, Sachs declarou ter escolhido terminar com a sua vida após concluir estar sofrendo de uma doença degenerativa incurável, que afetava sua memória e capacidade de se comunicar.
A mensagem não deu detalhes sobre a hora ou as circunstâncias do seu falecimento, mas a polícia afirma que Sachs deu um tiro em si próprio na sua residência na exclusiva localidade suíça de Gstaad.
O estilo de vida glamoroso de Sachs ajudou a dar a St. Moritz sua reputação de centro do jet-set internacional. Ele viveu durante anos em uma suíte no Hotel Palace. Em 1976 o alemão se tornou cidadão suíço.
swissinfo.ch: St. Moritz atrai turistas abastados desde o final do século 19. Teria sido Gunter Sachs apenas mais um desses visitantes ou ele realmente mudou a localidade de alguma forma?
Gian Andreossi: Em primeiro lugar ele não era apenas rico, mas também uma pessoa muito especial. Ele não era um exibicionista, mas alguém que gostava de ostentar em público sua alegria de viver. Ele era um agradável bon vivant. Ele trouxe um monte de amigos, parceiros e pessoas que tinham a mesma filosofia de vida. Eles eram como meninos peraltas, garotos que se recusavam a crescer e viviam pelo prazer de curtir o melhor da vida e deixando outras pessoas participarem disso.
Mas o que é mais importante é que ele estava bastante envolvido com o clube de bobsleigh (ver coluna da direita), o clube de tobogã e a corrida no estilo “cresta” (uma espécie de trenó) em St. Moritz.
swissinfo.ch: Durante quarenta anos ele foi presidente do clube local de bobsleigh…
G.A.: Para ser franco, sem ele, o bobsleigh em St. Moritz não seria definitivamente o que é. Ele financiou a custosa infraestrutura do esporte por muitos, muitos anos. E no final do ano, quando o clube de bobsleigh verificou o caixa e descobriu o rombo, foi Gunter Sachs que o cobriu.
swissinfo.ch: O bobsleigh foi a maior contribuição dele à St. Moritz?
G.A.: Eu diria que sim. É por essa razão que o topo, no começo da corrida olímpica de bob, costuma ser chamado de lodge do Gunter Sachs. Isso irá continuar. Também existe o Clube do Drácula, fundado por ele (em 1974).
swissinfo.ch: O que é o Clube do Drácula?
G.A.: O Clube do Drácula realmente reflete o Gunter Sachs. Drácula é uma espécie de figura misteriosa, mas está muito mais relacionada a uma forma de gozar a vida. Sachs fundou esse clube com seu logotipo de morcego. Hoje ele continua a ser o clube mais popular e exclusivo de St. Moritz. Agora ele é dirigido pelo seu filho, Rolf.
Tanto Gunter como Rolf frequentaram o conhecido internato Lyceum Alpinum em Zuoz.
swissinfo.ch: Como o senhor imagina que ele gostaria de ser lembrado
G.A.: Ele era uma pessoa sorridente e agradável, que gostava da vida não de uma forma arrogante, mas deixando todos participar. Ele não apenas gozou a vida por si só, mas sempre foi uma questão de grupo.
Ele era generoso e trouxe pessoas à St. Moritz para aproveitar com ele desse estilo de vida no Palace e outros lugares como no King’s Club (uma discoteca no Hotel Palace). Havia muitos ingleses, além de pilotos loucos de bob e de cresta (uma espécie de trenó). Lá no Clube de Cresta ainda há um troféu doado por Sachs. No último inverno ele veio a uma cerimônia em St. Moritz para apresentar os botões aos ganhadores. Eram botões para um blazer.
swissinfo.ch: O senhor acredita que a secretaria de turismo de St. Moritz estava satisfeita de ver a localidade ser vista como um núcleo do hedonismo?
G.A.: Penso que o Hotel Palace fazia sua própria política. O hotel gostava (da presença de Sachs) e penso que a secretaria de turismo também, em grande parte pela sua contribuição às competições de bob. Trata-se de um importante esporte para St. Moritz e que, por ser tão caro, sem Gunter Sachs…Tenho certeza que eles estavam muito agradecidos.
Mas eles não gostavam de tudo o que ele fazia. Por exemplo, talvez eles tenham ficado menos impressionados quando Sachs e seus amigos cruzaram o lago congelado à meia-noite com seus veículos ingleses com potentes motores. Mas ele era tão charmoso que isso era parte da vida extraordinária que ocorria na época em St. Tropez, Portofino, Londres, Paris e Cannes.
Muitas pessoas irão escrever muitas histórias malucas sobre Gunter Sachs, mas no final, St. Moritz deve ser muito grato pelo que ele fez.
O bobsleigh, bobsled ou bobsledge é um esporte de inverno no qual equipes de duas ou quatro pessoas realizam, por meio de um trenó, descidas cronometradas em uma pista de gelo sinuosa e estreita especialmente construída para a competição.
O trenó é movido pela força da gravidade, e pode atingir velocidades de até 150 km/h.
Desde 1924, o bobsleigh faz parte dos Jogos Olímpicos de Inverno, como uma competição para equipes masculinas de quatro pessoas. (Texto: Wikipédia em português)
(Schonungen, 14 de novembro de 1932 — 7 de maio de 2011) foi um matemático, fotógrafo, playboy e multimilionário alemão.
Co-herdeiro da Fichtel & Sachs, uma empresa alemã de motocicletas e triciclos all-terrain, ex-marido da atriz e sex-symbol francesa Brigitte Bardot nos anos 1960.
Seu pai, Willy Sachs, foi amigo de Heinrich Himmler e Hermann Goering, próceres da Alemanha Nazista. Como outros herdeiros industriais alemães, Sachs jamais discutiu publicamente as relações de sua família com os líderes nazistas.
Em 1966 ele ficou famoso internacionalmente ao casar com a atriz Brigitte Bardot, uma relação que começou com ele jogando milhares de pétalas de rosas de helicóptero na piscina da mansão da atriz em Saint Tropez, e terminou três anos depois, em 1969. Casou depois com uma ex-modelo sueca, Mirja Larsson.
Sachs foi um matemático treinado, economista, industrial e investidor em bolsas de valores, e nos últimos anos o dono de um instituto de pesquisas em astrologia.
Quando jovem foi um reconhecido esportista e ganhou fama como documentarista e fotógrafo, que sempre esteve interessado passionalmente na astrologia e suas conexões com a matemática.
Em 7 de maio de 2011, Sachs foi encontrado morto em seu chalé em Gstaad na Suíça, onde vivia, após suicidar-se com um tiro. (Texto: :Wikipédia em português)
Adaptação: Alexander Thoele
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