Suíça envia especialistas ao Chile após terremoto
Após o terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter, que causou centenas de mortes e atingiu mais de 1,5 milhão de pessoas no Chile, o governo suíço enviou especialistas à região da catástrofe.
O Ministério suíço das Relações Exteriores confirmou também que a embaixada em Santiago foi fortemente atingida, mas não dispõe de informações sobre eventuais vítimas entre os 4,4 mil suíços que vivem no Chile.
Segundo o porta-voz do ministério, Erik Reumann, a equipe enviada ao Chile é formada por peritos suíços em ajuda humanitária que já estavam estacionados na América do Sul. Eles chegariam ao país neste domingo, embora o Chile não tenha pedido oficialmente ajuda internacional, acrescentou.
Reumann disse que até agora o Ministério das Relações Exteriores (DFAE) não dispõe de informações sobre eventuais vítimas suíças do terremoto. Segundo ele, é difícil obter informações precisas da região atingida pela catástrofe.
De acordo com dados do DFAE, no ano passado, 4420 suíços viviam no Chile. O porta-voz disse que o Corpo Suíço de Ajuda Humanitária(CSA, na sigla em francês) mantém contato com a embaixada suíça no Chile para obter um quadro da situação.
Parte dos escritórios da embaixada, porém, não são mais acessíveis depois do terremoto. O edifício em que ela se encontra, no bairro Condes – segundo a televisão chilena, um dos mais atingidos de Santiago –, foi bastante danificado, confirmou o DFAE ao jornal suíço Sonntag.
Parte do prédio está interditada, disse o porta-voz do ministério, Erik Reumann. “Na chancelaria, no 14° andar, há portas de vidro quebradas e salas bloqueadas”, disse.
Surpreendidos no sono
O terremoto no Chile, de magnitude 8,8 na escala Richter, ocorreu às 3h34 (horário local) de sábado (27/2). O epicentro foi localizado a 115 quilômetros de Concepción, segunda maior cidade do país, com 200 mil habitantes, e 320 quilômetros a sudoeste da capital Santiago.
Segundo números preliminares divulgados pelas autoridades chilenas, mais de 700 pessoas morreram e mais de 1,5 milhão foram atingidas. Cerca de 500 mil residências foram seriamente danificadas. Cerca de 90% das vítimas foram surpreendidas no sono no momento da catástrofe, disse a chefe do Serviço Nacional de Salvamento, Carmen Fernández.
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, declarou estado de calamidade pública para seis das 15 regiões administrativas do país. “A força da natureza novamente atingiu nosso país”, disse em mensagem transmitida pela televisão. Segundo ela, cerca de 2 milhões dos 16 milhões de habitantes do país foram atingidos pelo terremoto.
Lembranças de maio de 1960
O terremoto mais forte registrado até hoje, de magnitude 9,5 na escala Richter, ocorreu em 22 de maio de 1960, na mesma região, com um saldo de 1655 mortos e dois milhões de desabrigados. O tsunami causado pelo tremor provocou mortes no Hawaii, no Japão e nas Filipinas, e danos na costa oeste dos EUA.
O terremoto de sábado no Chile foi cerca de 900 vezes mais forte do que o de 12 de janeiro de 2010 no Haiti. Apesar disso, 220 mil pessoas morreram em consequência do terremoto no Haiti, cerca de 730 vezes mais do que no Chile.
Segundo o portal suíço Tagesanzeiger.ch, há uma explicação muito simples para essa diferença no número de vítimas. “O Chile está muito melhor preparado para catástrofes desse tipo. No país mais rico da América Latina, há normas restritivas de construção que, em regra, são respeitadas. Também existe um plano de catástrofe, que funcionou logo após o violento terremoto de sábado. O Haiti não tem um plano desses.”
Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)
No século 19, o Chile foi destino de emigrantes suíços. Comerciantes estabeleceram-se na cidade portuária de Valparaíso, agricultores e artesãos principalmente no Sul do país.
Já em 1897, os dois Estados assinaram um acordo comercial sobre tarifas preferenciais.
Em 1918, a Suíça abriu um consulado honorário em Santiago. Desde 1939, existe uma escola suíça na capital chilena. Em 1957, o consulado foi transformado em embaixada.
Hoje as relações comerciais estão regulamentadas por um acordo sobre investimentos (2002) e pelo acordo de livre comércio entre o Chile e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), formada pela Suíça, Islândia, Liechtenstein e Noruega.
A União Europeia, as Nações Unidas, os Estados Unidos e vários países vizinhos ofereceram ajuda ao Chile.
“Oferecemos ajuda rápida, se o governo e o povo chileno o desejarem”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em Nova York.
A Comissão da União Europeia ofereceu 3 milhões de euros de ajuda de emergência.
A Alemanha enviou equipes de ajuda à região da catástrofe.
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