Suspeito de assassinar português teria cometido o ato por “vingança contra o Estado”
O suspeito de ter assassinado um cidadão português em Morges no sábado passado (12.09) teria confessado o crime. De acordo com a televisão pública RTS, o jovem turco-suíço de 26 anos teria agido por "vingança contra o Estado".
Os jornalistas da RTS basearam o noticiárioLink externo em fontes próximas aos investigadores. Segundo eles, o motivo do crime teria sido ” vingança contra o Estado suíço”. A pedido da agência de notícias Keystone-SDA, a Procuradoria-Geral (BA, na sigla em alemão) não quis confirmar ou negar as informações divulgadas
No sábado passado (12 de setembro), o suspeito esfaqueou um português de 29 anos em uma lanchonete turca em Morges. Um dia depois, policiais capturaram a pessoa que estava escondida em Renens, um vilarejo próximo.
Sob observação desde 2017
O suspeito estava na mira das autoridades federais desde 2017. O Serviço Federal de Inteligência (FIS, na sigla em alemão) começou a monitorá-lo após consumo e divulgação da propaganda jihadista, escreveu o Ministério PúblicoLink externo (BA, na sigla em alemão) na quarta-feira.
O turco-suíço ficou preso em abril de 2019, após ter cometido um ataque incendiário contra um posto de gasolina em Prilly, também no cantão de Vaud. Foi durante as investigações caso que os policiais de Vaud encontraram “indicações de possíveis ligações com o jihadismo”, escreveu o BA.
Os investigadores se depararam com um possível passado jihadista, que coincidiu com as descobertas do NDB. Em outubro de 2019, o BA, responsável pelas investigações sobre o terrorismo, pediu às autoridades cantonais para assumir o inquérito
Ao mesmo tempo, o BA expandiu as alegações para incluir violações nas leis que proíbem atividades de grupos terroristas como o Al-Qaeda e do Estado Islâmico, bem como a exibição de atos violentos.
Solto em julho
As autoridades judiciais prorrogaram a detenção do acusado a pedido da Justiça de Vaud e depois do BA. Em julho, o tribunal deu liberdade condicional ao suspeito a pedido BA, mas sob condições. O BA baseou seu pedido, em particular, em um relatório psiquiátrico. As condições impostas incluíam a proibição de sair à noite, a proibição de portar armas e de se apresentar regulamente às autoridades.
Até o homicídio de sábado passado, o acusado cumpriu todas as condições. Por isso, explicam, não havia motivo para uma nova prisão, escreveu o BA.
Deputada-federal “chocada”
“É chocante”, disse Jacqueline de QuattroLink externo, deputada-federal do Partido Liberal (FDP) no programa “Fórum” do canal RTS. Ela comparou o incidente com os casos “Adeline” e “Marie”, duas mulheres que foram vítimas de criminosos reincidentes. Quattro ressaltou não compreender como pessoas perigosas à sociedade podiam estar em liberdade.
Um endurecimento das medidas antiterroristas está sendo atualmente no Parlamento federal, incluindo a prisão domiciliar. Quattro lamentou que alguns dos políticos sejam contra as medidas propostas, pois as consideram como “privação de liberdade”. “Agora temos provas de que existem ameaças terroristas reais em nosso território”, disse a deputada-federal.
O BA inclui no caso suspeitas de assassinato premeditado e homicídio. E não exclui um fundo terrorista para o assassinato. O BA realiza as investigações junto com as autoridades de Vaud, a Polícia Federal Suíça e (Fedpol) e o Serviço Federal de Inteligência (NDB)
Fuga após crime
O ataque a faca ocorreu no sábado à noite por volta das 21:20 em uma lanchonete turca perto da estação ferroviária de Morges. A vítima, que morreu no local, é um cidadão português de 29 anos. Ele estava acompanhado pela namorada quando o atacante veio até os dois com uma faca nas mãos e o golpeou.
Após uma noite de fuga, o agressor foi preso no domingo em Renens pela polícia de Vaud. No dia seguinte, a investigação foi assumida pelas autoridades federais por causa do possível fundo terrorista do caso.
Em Morges, cerca de cem pessoas prestaram homenagem à vítima na segunda-feira à noite, no local da tragédia. O homem falecido vivia no vilarejo e trabalhava para uma empresa de transporte.
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