Qual é a melhor cidade suíça?
![Making the most of the sunny weather at the Seebad Enge public baths in the centre of Zurich](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/c79bc61b4b33b61540a1c72bf33dd467-254398144-data.jpg)
Em geral, as cidades suíças são altamente classificadas em pesquisas globais de qualidade de vida. Mas quando suas políticas urbanas são submetidas a um exame mais minucioso, como podem ser comparadas?
Um estudo do think tank liberal Avenir Suisse examinou mais de perto as políticas urbanas das dez maiores cidades da Suíça e as classificou com base em 47 indicadores de oito áreas específicas, desde a qualidade dos serviços administrativos locais até a mobilidade e o equilíbrio entre vida e trabalho.
1. Zurique: 64,7% dos pontos possíveis; 2. Basileia: 62,8%; 3. Berna: 62,7%; 4. Luzerna: 58,3%; 5. St. Gallen: 53,8%; 6. Winterthur: 52,8%; 7. Lausanne: 49,3%; 8. Biel: 48,9%; 9. Lugano: 43,1%; 10. Genebra: 38,8%
Assim como na pesquisa de qualidade de vida da consultoria Mercer de 2018, Zurique ficou em primeiro lugar no ranking do Avenir Suisse (64,7 pontos de um total de 100). O estudo mostrou que a cidade se destacou na gestão dos orçamentos estaduais, sendo elogiada por suas ofertas culturais e políticas educacionais, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e seu ambiente de negócios.
De acordo com o Avenir Suisse, nos últimos anos as contas da cidade foram equilibradas e “investimentos suficientes” foram feitos. O clima favorável aos negócios de Zurique foi ajudado por seu setor bancário tradicionalmente forte, o Instituto Federal de Tecnologia (ETH Zurich), a bolsa de valores e o aeroporto internacional.
![Aerial view of Zurich during the annual Street Parade music festival](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/5f7f441ba1a14dcad610497c080aa370-351576240-data.jpg)
A alta densidade de instalações de acolhimento para crianças da cidade – 43 vagas para 100 crianças em idade pré-escolar – também a tornou um bom local para jovens pais que trabalham. No entanto, Zurique foi mal avaliada pela mobilidade urbana – as bicicletas são usadas com pouca frequência – e por sua política social.
![View towards the Basler Münster cathedral](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/044d51687c9e641a215c0f2ccb99574a-256308138-data.jpg)
Classificada em segundo lugar, a cidade da Basileia (62,8) pontuou bem na maioria das áreas, incluindo a gestão de fundos públicos, seu ambiente de negócios e as políticas sociais e de integração. O Avenir Suisse afirmou que o mercado imobiliário local também foi regulado de forma mais eficaz do que nas outras cidades.
![People take part in art performance by Swiss artist Pipilotti Rist in Bern on October 7, 2018](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/ef2df8dba921cc3112011ecdf1b53c32-357040460-data.jpg)
Berna (62,7) também foi bem vista por sua gestão financeira. Os pesquisadores ficaram particularmente impressionados com o sucesso dos seus funcionários públicos em reduzir as dívidas do município. A cidade se saiu bem por ter também a política cultural “mais liberal e eficiente”. Contudo, o relatório reconheceu que Berna “não é um local de trabalho muito popular para o setor privado” e criticou as intervenções excessivas dos funcionários públicos no mercado imobiliário.
![A pedestrian walks across Rathausbruecke bridge in Lucerne](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/bc7441fb7cafc1cc8c9a47f387681072-94912719-data.jpg)
Na quarta posição, Lucerna (58,3) obteve as melhores notas pelas suas políticas de transporte, energia e infraestrutura.
‘Poderia fazer melhor’
Na parte inferior do ranking ficou Genebra (38,8). Embora tenha alcançado bons resultados pelos parques e espaços públicos, seu mercado imobiliário foi descrito como “de longe o mais ineficaz”. A cidade também foi classificada em último lugar por seu ambiente de negócios e quase em último pela mobilidade urbana, devido em parte aos problemas de tráfego na zona central.
![Cyclists in Geneva park](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/60a1028f587627c570d0229d5eeb66f4-280710499-data.jpg)
O Avenir Suisse declarou que a cidade de Calvino também apresentou altos custos administrativos, que aumentaram em 10% por habitante entre 2010 e 2016. O relatório foi divulgado no momento em que autoridades municipais e estaduais se viram envolvidas em um escândalo de despesas e acusações de “gestão desonesta dos interesses públicos”.
Em um editorial no jornal Tribune de Genève, o secretário estadual de Genebra Pierre Maudet, principal envolvido no escândalo, criticou o estudo por seus “numerosos erros e deficiências metodológicas, que mostraram uma clara falta de conhecimento de como funciona a política de língua francesa, especialmente em Genebra”.
![An aerial view of Lausanne, located on the northern shores on Lake Geneva](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/705080a6beff9ea01ec3fe5f75aa2338-70225240-data.jpg)
Lausanne, a outra grande cidade do Lago de Genebra, ficou em sétimo lugar. Foi bem avaliada por seu bem-estar e pelas políticas culturais, ambiente de startups e espaços verdes, mas deixou a desejar em mobilidade urbana, especialmente por sua política para ciclistas. O Avenir Suisse observou que seus funcionários municipais ficam doentes, em média, 13,2 dias por ano – número muito maior do que o das outras cidades. A administração local também é cara e burocrática; como exemplo, é preciso mais de 200 dias – um mês a mais do que em outras cidades suíças – para se receber uma permissão de construção.
Grégoire Junod, prefeito socialista de Lausanne, rejeitou o relatório, descrevendo-o como cheio de “erros, aproximações e preconceitos ideológicos”.
Ele criticou o fato de que Lausanne havia sido mal avaliada pela mobilidade urbana porque seu transporte público era considerado muito barato, e que a cidade estava atrás de Berna por suas ofertas culturais.
![Bern](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2018/11/74d11cd3e8d8663ce3fe9b531304699c-32953100-data.jpg)
Mostrar mais
Basileia e Zug são as cidades preferidas pelos expatriados
“Isso fará os especialistas rirem”, comentou.
Renascimento e fundos fiscais
Apesar das disparidades, as dez cidades suíças – com mais de 50 mil cidadãos e a maioria dirigida por governos de centro-esquerda – geralmente aprovam os autores do estudo. Ao contrário de muitas grandes cidades ao redor do mundo, suas finanças públicas estão sob controle, com baixo nível de endividamento, segundo o relatório de 196 páginas. As administrações funcionam razoavelmente bem e as dez cidades oferecem um alto padrão de infraestrutura.
O Avenir Suisse afirmou que as áreas urbanas suíças tiveram um renascimento graças às reformas econômicas, à implementação de acordos bilaterais com a União Europeia, ao influxo de trabalhadores estrangeiros altamente qualificados e ao mercado imobiliário revigorado.
Os recém-chegados ajudaram a despejar dinheiro nos cofres das cidades suíças, que foram gastos em infraestrutura, administração local e programas sociais. As receitas fiscais para as dez maiores cidades, por exemplo, aumentaram em média 50% por habitante entre 1990 e 2016; na Basileia, o aumento foi superior a 90%.
“As cidades suíças experimentaram um boom desde meados da década de 1990 e seu fator de atração continua até hoje”, declarou o diretor do Avenir Suisse, Peter Grünenfelder.
Porém, ainda há espaço para melhorias. O Avenir Suisse prevê grandes desafios ligados à diversidade, envelhecimento e expansão das populações nas cidades suíças, à mudança na estrutura das administrações locais e seus funcionários, e a rápida digitalização de todos os aspectos da vida moderna.
Adaptação: Renata Bitar
![Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch](https://www.swissinfo.ch/por/wp-content/themes/swissinfo-theme/assets/jti-certification.png)
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.