Abuso de opiáceos aumenta na Suíça

As vendas de Oxycodone aumentaram visivelmente na última década, dizem os pesquisadores. Copyright 2018 The Associated Press. All Rights Reserved.

Os casos de envenenamento por opiáceos quase triplicaram na Suíça durante os últimos 20 anos, embora a extensão total da situação não seja clara.

O número de chamadas relacionadas a opiáceos feitas para a Tox Info Suisse, a linha direta nacional de envenenamento, aumentou em 177% entre 2000 e 2019, disseLink externo o Instituto Federal de Tecnologia ETH Zurich na segunda-feira. Entretanto, a 3,9 chamadas registradas por 100.000 habitantes, este número continua limitado.

Durante o mesmo período, as vendas de opióides quase dobraram, de 14.300 unidades vendidas por 100.000 habitantes para 27.400. O estudo advertiu que o aumento foi maior para produtos mais fortes – por exemplo, oxicodona, que agora responde por mais de um terço das chamadas de emergência para o Tox Info e quase um quarto de todas as vendas.

O uso ilícito do altamente potente fentanil – o principal motor da crise dos opiáceos nos EUA, Canadá e Austrália – é menos claro. Embora seja o terceiro opióide mais vendido na Suíça, a demanda pode ser impulsionada em grande parte pelas casas de repouso, que o utilizam como parte do tratamento do câncer em fase terminal, disseram os pesquisadores.

A ponta do iceberg

Andrea Burden, professora de farmacoepidemiologia da ETH Zurich, disse que a Suíça estava “ainda muito longe da situação atual nos EUA ou no Canadá”, mas alertou que deveria ser cautelosa, especialmente porque as vendas atuais são semelhantes às registradas no Canadá no início dos anos 2000.

Os números encontrados poderiam ser apenas a ponta do iceberg e mais dados e pesquisas são necessários para entender a situação da Suíça – incluindo os níveis de dependência e o número de mortes relacionadas a opiáceos, disse Burden.

Nos EUA, estima-se que a crise dos opiáceos tenha levado à morte de cerca de 180.000 pessoas em 2021, um aumento de 17% em relação ao ano anterior.

A pesquisa da ETH Zurich também foi publicadaLink externo na segunda-feira na revista médica Lancet Regional Health Europe.