A cultura suíça era um tema constante nas reportagens produzidas pela antiga Rádio Suíça Internacional. Em 1976, o jornalista e chefe da redação em língua portuguesa, Sérgio Fernandes dedicou um programa inteiro ao carnaval da Basileia, um dos mais famosos e tradicionais do país.
Este conteúdo foi publicado em
4 minutos
Alexander Thoele é de origem alemã e brasileira e ingressou na swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, concluiu seus estudos de jornalismo e informática em Brasília e Stuttgart.
A reportagem começa com música típica do carnaval de Basiléia, “cidade fronteiriça, banhada pelo rio Reno, importante centro cultural e industrial” da Suíça e ligada por bonde com a França e a Alemanha.
Influenciada por duas culturas, ela seria para muitos a cidade menos suíça do país. O cantão de Basiléia é inteiramente urbano, sendo Basiléia-Campo, um cantão independente desde 1833. Servida por 3 ferrovias – suíça, francesa e alemã – a cidade dispõe de um aeroporto em território francês. A cultura e a indústria química são seus traços marcantes.
Para Coutinhas, Basiléia é “a cidade da seda e da indústria química”. A seda deu origem a essa indústria, hoje “a grande riqueza de Basiléia”. Com a seda vieram “indústrias complementares”. De corantes, por exemplo. Da química veio a indústria farmacêutica. Um dos diretores da Ciba-Geigy, Borsinger lembra que a Geigy é a firma mais antiga das duas, hoje fundidas. Geigy começou vendendo “produtos coloniais”, entre os quais o pau-brasil, que dava um importante corante azul-marinho. Ciba originou-se da “tinturaria de seda” e recebeu impulso com a descoberta da anilina sintética.
Ciba-Geigy juntamente com Hoffman-La Roche e Sandoz são os grandes nomes da indústria química suíça. Na indústria nacional, a química – que emprega 64 mil pessoas, das quais 50 mil em Basiléia -, representa apenas 3,8% do total, mas é responsável por 21% das exportações suíças, com um faturamento aproximado de 7 bilhões de francos em 1975. Borsinger diz que a indústria química de Basiléia tem instalações “sociais” avançadas para seus trabalhadores.
No tocante à história, a cidade remonta ao tempo dos celtas, sendo citada pela primeira vez “numa história romana no ano de 374”, com o nome da Basileia, daí Basel em alemão e Bâle em francês. O rio Reno, navegável, “é um trunfo precioso para a cidade”, ligando o centro da Europa a Roterdã, aportando matérias-primas que a Suíça não tem. Lembra que “o porto de Basiléia é um dos grandes do mundo, mesmo sendo fluvial”, abastecendo três países: Suíça, França e Alemanha.
José Coutinhas acha que para conhecer bem o habitante de Basiléia é preciso viver o carnaval basileense, que remonta à Idade Média e é voltado à crítica da sociedade. Segue-se música carnavalesca típica, com flautins e tambores (Guggenmusik). Trata-se de carnaval puritano, com suas cliques (cordões), suas fantasias e máscaras.
Mostrar mais
Mostrar mais
O pífano brasileiro pode ter vindo da Suíça
Este conteúdo foi publicado em
Julho de 1976, Rua das Flores, centro de Curitiba, frio de 4 graus centígrados. Um ano antes, eu havia retornado à cidade depois de quatro anos na então Rádio Suíça Internacional, em Berna. Aquele friozinho cortante de Curitiba me trazia um pouco de recordação de um período importante da minha vida pessoal e profissional. A…
O hoteleiro Alexandre Hartmann descreve esse carnaval, que começa na segunda-feira, às 4 horas da madrugada, uma semana depois dos carnavais tradicionais. É quando, desligadas as luzes da cidade, todas as cliques, inclusive as de mulheres, afluem ao centro da cidade. Por volta das seis, os restaurantes oferecem sopa de farinha, tortas de queijo com cebolinha. Depois a maioria das pessoas vai para o trabalho. Ao meio dia recomeça a folia, que dura toda tarde. Na terça, o carnaval é mais calmo com guggenmusiek, bandas desafinadas, sem tambores e flautins. Na quarta-feira recomeça tudo, à tarde, e a festa praticamente vara a noite. Resta que é “o maior acontecimento do ano” em Basiléia.
Mais lidos
Mostrar mais
Suíços do estrangeiro
Fim das vantagens fiscais pode levar aposentados suíços a considerarem emigração
A economia suíça deve respeitar os limites do planeta, conforme proposto pela iniciativa de responsabilidade ambiental, ou isso seria prejudicial à prosperidade do país? E por quê?
Estamos interessados em sua opinião sobre a iniciativa de responsabilidade ambiental.
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
Um músico baiano que acabava de chegar na Suíça
Este conteúdo foi publicado em
“…A reportagem está ligada ao lançamento de Héh Bahia, o sétimo LP de José Barrense DiasLink externo na Europa, com letra de José Coutinhas, entusiasmado com o talento do jovem baiano e admirador do Brasil. O repórter reúne o músico e o letrista para comentar o trabalho. O programa abre com Barrense Dias apontando o…
Este conteúdo foi publicado em
Uma descrição do programa escrito na época. Baden Powell realizou dois concertos na Suíça durante uma tournée europeia em 1975: no Victoria Hal, de Genebra, e na Aula Magna da Universidade de Friburgo. O músico brasileiro que chegou com muito atraso a Genebra, depois de percorrer de carro quase 800 quilômetros, em função da grande…
Este conteúdo foi publicado em
A reportagem começa com o Fado da Adiça em que Amália Rodrigues canta “não é fadista quem quer, só é fadista quem calha”. Indagada a esclarecer o que o fado representa para ela, diz nunca ter raciocinado sobre isso: “É como se eu me pusesse pensar porque é que eu respiro”… Lembra-se de ter começado…
Uma visita ao Instituto Jacques Dalcroze de Genebra
Este conteúdo foi publicado em
Emile Jacques DalcrozeLink externo era um austríaco nascido em 1865, mas que se mudou para Genebra, na Suíça, quando tinha apenas seis anos de idade. Ele foi o criador de um sistema de ensino de música baseado no movimento corporal expressivo, que se tornou mundialmente difundido a partir da década de 1930. Com sua pedagogia…
Este conteúdo foi publicado em
Quarenta e cinco anos depois, a última LandsgemeindeLink externo foi organizada no cantão de Glarus em 6 de maio de 2018. Nessa assembleia em praça pública, em que os eleitores votam levantando os braços, várias propostas foram apresentadas, dentre elas um novo mecanismo de partilha dos encargos financeiros dentro do cantão (estado) e uma nova lei de transparência pública. As duas…
Este conteúdo foi publicado em
A ideia da Cruz VermelhaLink externo surgiu na mente de Henri Dunant em 8 de junho de 1859, no norte da Itália, quando da Batalha de Solferino. Depois de presenciar os horrores da guerra escreveu o livro Recordações de Solferino, publicado em 1862, propondo soluções para o problema: sociedades nacionais de socorro e conclusão de…
Este conteúdo foi publicado em
Em quase sete séculos, desde o Pacto de Aliança Perpétua do século 13 entre os cantões de Uri, Schwyz e Nidwalden contra a casa dos Habsburgos, de que se originou a Suíça, os helvécios têm procurado autogovernar-se contraventos e marés, defendendo-se dos inimigos. Os primeiros testes da aliança foram as batalhas de Morgarten (1315) e…
A Suíça vista pelo pintor brasileiro Adão Pinheiro
Este conteúdo foi publicado em
Filho de mulato com branca de origem italiana, o gaúcho Adão Pinheiro diz ter oscilado entre duas culturas sofrendo “um processo de desarraigamento”, mas sempre jurando pelo barroco: da Idade Média ao barroco pernambucano. Reorientou, porém, seus trabalhos segundo preocupações próprias “que iam do Oriente às culturas africanas”. Em sua temática, depois de chegar à…
O Livro de Maurice Pianzola sobre o barroco brasileiro
Este conteúdo foi publicado em
A obra “transcende o comum” além de ter boa apresentação gráfica. O conservador do Museu de Artes e História de Genebra estima que o barroco transplantado ao Brasil se transformou “em outra coisa”. Se o desenvolvimento da Colônia fez com que fossem transportadas igrejas inteiras nos porões dos navios (ex. Conceição da Praia, em Salvador), com…
A “Landsgemeinde” e outras formas suíças de governo
Este conteúdo foi publicado em
Até 1848 (quando passou a vigorar a atual Constituição Federal), a autonomia dos cantões suíços era enorme: eles até cunhavam moeda, imprimiam selos e mantinham exércitos próprios. Em 1848 reservaram-se ao governo federal poderes sobre política exterior, defesa, economia nacional, alfândegas e correio. Os cantões continuaram, porém, soberanos, com controle sobre assuntos internos como educação,…
Como era a indústria suíça no Brasil entre os anos 1950 e 1960
Este conteúdo foi publicado em
A presença suíça no Brasil começou em 1555, quando um pequeno grupo de protestantes genebrinos pretendia instaurar uma ‘Nova Genebra’ na região que hoje se chama Rio de Janeiro, lembrou na época o embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Bucher, que apontou ‘várias vagas’ posteriores de emigração suíça para o Brasil. O embaixador declarou que…
Este conteúdo foi publicado em
Nesse arquivo histórico da Rádio Suíça Internacional (RSI), a predecessora da swissinfo.ch, a jornalista Dolores Ferrero, da redação em português, lê o comentário da semana. O tema era uma proposta de reconstrução dos Estados Unidos, intitulada Plano Marshall, e a recusa da União Soviética de participar dele e permitir que outros países sob controles soviéticos…
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.