Craque brasileiro do FC Thun torce pela Suíça
Sem poder ir assistir aos jogos da Copa no Brasil por causa de uma agenda de treinos carregada, o jogador brasileiro Cássio Magalhães espera que um bom desempenho da seleção Suíça no Brasil dê mais visibilidade internacional ao futebol suíço.
O jovem mineiro de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, começou a levar o futebol como coisa séria ainda criança. Com o mesmo sorriso de um garoto que acaba de marcar um gol, o rapaz conta ao swissinfo.ch sua história no futebol, a realização de um sonho de vida.
Um sonho que começou cedo e o levou a ter sua primeira grande oportunidade aos 13 anos, quando chegou ao Clube de Regatas Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, após se destacar na Copa A Gazetinha. O campeonato capixaba é uma das mais importantes competições da chamada categoria de base do Brasil, revelando todos os anos jovens atletas que são descobertos por grandes clubes.
Desde então, Cássio se acostumou a viver longe da família, adquirindo experiência em outros países, dentro e fora dos campos. A alegria com a qual o rapaz fala do esporte dá mesmo a impressão de se estar em um sonho. Um sonho conquistado com muita luta, perseverança e dedicação ao futebol.
Antes de chegar na Suíça, em 2012, Cássio já havia jogado na Croácia, Espanha e Bósnia, onde foi descoberto pelo FC Thun. O atacante brasileiro revelou seu potencial de craque já na fase dos testes, concluindo várias finalizações com gols brilhantes que lhe garantiram um contrato com o clube do cantão de Berna até junho de 2015.
Satisfeito com sua vida aos pés dos maiores picos da Europa, o jogador brasileiro diz aproveitar o tempo livre para conhecer os Alpes da região em passeios que faz com amigos e a namorada. Morando a meio caminho do estádio do FC Thun e do lago que banha a cidade rodeada por imensas montanhas, Cássio confessa estar vivendo um bom momento na sua carreira como jogador de futebol.
Em um dia ensolarado de uma primavera precoce, como a carreira do craque, swissinfo.ch se encontrou com Cássio Magalhães na casa do FC Thun, o estádio Arena Thun, para uma conversa descontraída sobre a realização de um sonho de criança.
swissinfo.ch: Como é que você começou sua carreira?
Cássio Magalhães: Eu comecei nos campinhos de Fabriciano, que é minha cidade, em Minas Gerais, ainda criança, quando tive a oportunidade de disputar a Copa A Gazetinha, no Espírito Santo. Fui o artilheiro da competição, aí fui chamado para o Cruzeiro, o Atlético, o Internacional e o Vasco da Gama.
Eu optei pelo Vasco, mas meus pais ficaram na dúvida, achando o Rio de Janeiro perigoso. Foi aí que eu disse: “olha mãe, se vocês não me deixarem ir, eu vou fugir de casa, porque esse é o meu sonho e ninguém vai me tirar dele, não”. Acabamos conversando e eu fui para o Rio, onde fui muito feliz nos 7 anos que passei no Vasco. Lá, fui chamado para jogar na Europa, que é o sonho de todo garoto que pensa em jogar futebol.
swissinfo.ch: Qual é sua experiência na Europa?
C.M.: Primeiro fui para a Croácia, aos 16 anos, com mais dois colegas brasileiros. No começo foi bem difícil, a gente não conseguia nem pronunciar o nome do país, Hrvatska. O idioma é bem diferente, o clima também não ajudava. Meus colegas acabaram voltando, mas eu insisti. Nessas horas, a gente tem que pensar no sonho de jogar futebol, na família que está lá no Brasil torcendo para que tudo dê certo. Também joguei na Espanha, no Montañeros, e na Bósnia, no Travnik. Lá, fui o segundo melhor marcador e recebi o convite de vir para o Thun, onde me aceitaram muito bem e estou muito feliz.
swissinfo.ch: Há quanto tempo você está aqui?
C.M.: Agora vai fazer dois anos, mas espero ficar por muito mais (risos). Meu contrato vai até o verão do ano que vem, mas já estamos conversando para continuar por mais algum tempo.
Nascimento:
20 de agosto de 1990
Naturalidade:
Coronel Fabriciano, MG
Altura:
1,73 m
Peso:
68 kg
Posição:
Atacante
Clubes:
Vasco/RJ, Social, Ipatinga, Dínamo Zagreb (CRO), Boavista/RJ, Montañeros (ESP), Travnik (BOS) e FC Thun (SUI)
swissinfo.ch: O que você acha do futebol suíço?
C.M.: Para ser sincero, é um futebol bem gostoso de jogar. É um futebol técnico, com muita força, características que prevalecem muito no futebol de hoje e nas quais me encaixo muito bem.
swissinfo.ch: Para você, quais são as dificuldades que um jogador brasileiros deve enfrentar na Suíça?
C.M.: Na Suíça, o único problema é o idioma. As dificuldades existem, mas a gente precisa passar por cima. Sinto saudades do Brasil, da família, mas hoje a gente consegue amenizar um pouco a saudade da família, pois a internet ajuda um pouco com o Skype, ou o próprio telefone. Mas a comidinha da mamãe, o feijãozinho mineiro faz mesmo muita falta (risos).
swissinfo.ch: E quais são as vantagens do país?
C.M.: O que me chama muito a atenção aqui é o profissionalismo, o horário pontual, o salário sempre pago em dia. Quanto a mim, a minha característica é bem parecida com o futebol daqui, que une técnica e força e onde eu me encaixei muito bem.
swissinfo.ch: Como é sua vida na Suíça fora do campo?
C.M.: minha vida é muito tranquila, estou sempre com minha namorada, com meus amigos. Gosto de jogar boliche ou sinuca com os amigos, mas não sou um cara de agitação, de balada, procuro descansar bastante porque os treinamentos aqui são bastante puxados e exigem muito da gente. Por isso, como preciso do meu corpo para o meu trabalho, procuro preservá-lo bastante.
swissinfo.ch: Onde você vai assistir a Copa?
C.M.: Vai ter que ser na minha casinha mesmo, né, porque a gente vai estar ainda em treinamento e não vai dar tempo de estar no Brasil para assistir os jogos.
swissinfo.ch: Quais são as chances da Suíça no Brasil?
C.M.: No futebol, é difícil a gente falar de chances, porque o futebol é algo bem incógnito. Cada jogo é um jogo. Antigamente todo mundo falava do Brasil, já te respeitava pelo nome, mas hoje em dia tem o Japão, a Coreia, países que nunca ouviram falar de futebol e estão aí. A Suíça vem crescendo bastante, tem uma seleção boa, com muitos jogadores jogando fora do país, em grandes clubes.
É difícil falar em como vai ser o desempenho, mas espero que ela faça um bom campeonato, até mesmo para aumentar a visibilidade do futebol suíço e para que nós que jogamos aqui também possamos aparecer mais.
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