Uma classificação mundial que compara como os países lidam com o coronavírus revela que a Suíça é o lugar mais seguro para se estar.
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Minha especialidade é contar histórias, decifrar o que está acontecendo na Suíça e no mundo a partir de dados e estatísticas. Vivo na Suíça há vários anos e já fui jornalista multimídia na Televisão e Rádio da Suíça francófona (RTS).
Não contente de cuidar da própria vida, Susan estudou jornalismo em Boston (EUA) para ter a desculpa perfeita para se colocar no lugar e no mundo de outras pessoas. Quando não escreve, apresenta e produz podcasts e vídeos.
A Suíça está em primeiro lugar por sua resiliência econômica e por sua abordagem cuidadosa para relaxar “lockdowns e congelamento econômico de forma factual e científica, sem sacrificar a saúde pública e a segurança”, afirma o Deep Knowledge Group em sua Avaliação de Segurança Regional Covid-19.
O ranking, publicado na semana passada, leva em conta fatores como capacidade de monitoramento e detecção, quarentena e eficiência governamental, e prontidão na área de saúde e emergência. Ao todo, a análise inclui 130 parâmetros qualitativos e quantitativos.
O relatório de 250 páginas é baseado em 500 fontes de dados, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Universidade Johns Hopkins, Worldometers e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
A Suíça foi um dos países mais afetados pelo vírus na Europa. Oficialmente, um total de 30.934 pessoas foram infectadas e 1.923 morreram devido à Covid-19, de uma população de 8,5 milhões. Desde 27 de abril, o país vem gradualmente afrouxando as rígidas restrições relacionadas ao vírus.
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Em meados de abril, Israel e Alemanha ocuparam os dois primeiros lugares, enquanto a Suíça ficou em 11º lugar.
“Em nossa avaliação anterior de segurança e risco, regiões que tinham níveis muito altos de preparação para emergências e capacidade de administrar eficientemente crises nacionais alcançaram a pontuação mais alta porque tinham a maior probabilidade de administrar os estágios iniciais da pandemia”, explicam os autores.
Enquanto isso, eles analisaram mais de perto as táticas nacionais para relaxar as medidas de isolamento e resistir às consequências econômicas – áreas onde a Suíça é especialmente forte.
“A eficiência do governo no gerenciamento dos riscos econômicos é consideravelmente alta. A região tem auxiliado financeiramente empresas e cidadãos com maiores vulnerabilidades para amortecer os efeitos da crise econômica e, como consequência, a crise do desemprego tem sido controlada mais eficientemente nesta região do que na maioria das consideradas neste relatório”, observam os autores.
Outros pontos fortes incluem “garantia de acessibilidade a serviços de saúde de alto padrão para toda a comunidade” e “grande capacidade de mobilização de novos recursos de saúde”.
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Apesar de estar no topo do ranking geral, a Suíça ainda pode melhorar muito.
“A principal fraqueza do programa suíço tem sido a determinação de testar apenas cidadãos com sintomas leves, quando os vetores mais perigosos são os assintomáticos”, advertiu.
A Suíça também deve estabelecer programas coerentes para o monitoramento, detecção e neutralização de novos casos à medida que surtos potenciais ocorram nos próximos meses”, afirmou. O sistema de saúde suíço descentralizado pode se revelar um problema nesse sentido, acrescentou.
De fato, a crise está longe de ter terminado, adverte o relatório.
“A Suíça provou ser uma protagonista fundamental na luta contra a Covid-19 e seu esquema de gestão um modelo a ser mantido, mas é importante que o processo de reabertura da economia suíça seja realizado com cautela, avaliando a dinâmica do vírus, caso contrário todo o sacrifício e trabalho conjunto de cidadãos, governo e organizações não terão sentido”, disseram os autores.
O Deep Knowledge Group é um consórcio de organizações comerciais e sem fins lucrativos sediado em Hong Kong. Ele continuará a atualizar os rankings.
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