Soldados americanos e finlandeses treinam no Ártico
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Longe da turbulência diplomática, quase mil militares finlandeses, americanos e canadenses aliados da Otan estão treinando no norte da Finlândia, perto da fronteira com a Rússia, em uma área cobiçada pelas potências mundiais.
Esquiando em uma floresta sob a neve, recrutas finlandeses, com roupas de inverno salpicadas de cinza e branco, usam pinheiros para camuflar seus tanques.
Junto com soldados americanos e canadenses, eles se preparam para o combate no âmbito de um exercício militar dirigido pelos Estados Unidos em Sodankylä, Finlândia, uma localidade a 130 quilômetros da Rússia.
O objetivo do “Arctic Forge 25”, iniciado em 14 de fevereiro e que terminará na sexta-feira, é aprimorar as táticas de guerra e preparar uma intervenção rápida no caso de um conflito na região do Ártico.
Este tipo de preparação para a guerra nesta região é essencial para a Otan, visto que o Ártico é de interesse crescente para EUA, Rússia e China.
Com temperaturas que podem chegar a cerca de -20°C nesta época do ano, os soldados não perdem de vista a prioridade número um para a sobrevivência neste ambiente gelado: manter-se aquecido e seco.
Julius Kallinen, 19 anos, artilheiro de tanque e recruta da brigada Jaeger finlandesa, enfatiza a importância das habilidades de sobrevivência nestas condições extremas.
“Tudo pode acontecer aqui, você pode cair em um lago congelado ou em um pântano”, diz ele enquanto monta o acampamento de seu pelotão. Outros soldados cavam trincheiras na neve até os joelhos.
“É preciso saber se aquecer, porque a -30ºC você pode acabar rapidamente em hipotermia”, comenta Kallinen.
– Aperfeiçoando habilidades –
“Reunir combatentes de Finlândia, Canadá e Estados Unidos para treinar e aperfeiçoar nossas habilidade é extremamente importante para fortalecer nossa capacidade e preparação nos arredores do Ártico”, ressaltou Daniel Ludwig, comandante das tropas americanas.
O ministro da Defesa da Finlândia, Antti Hakkanen, confirmou em fevereiro que as Forças Terrestres Avançadas (FLF) da Otan, baseadas em vários países em sua frente oriental, ficarão estacionadas em Sodankylä e na cidade vizinha de Rovaniemi.
Além disso, uma base do norte da Europa será instalada em Mikkeli, uma das cidades mais próximas da fronteira com a Rússia.
É “provável que os Estados Unidos retirem mais tropas da Europa ou as redistribua dentro do continente”, diz Iro Sarkka, pesquisador do Finnish Institute of International Affairs.
A estratégia militar americana está sendo reorientada para a região da Ásia-Pacífico e para o Ártico, observa, o que “explica o interesse deles na Groenlândia”, afirma Sarkka.
China e Rússia também estão interessadas neste território, repleto de vastas reservas inexploradas de petróleo, gás e minerais essenciais.
Para o coronel Ari Mure, vice-comandante da brigada Jaeger que lidera o exercício, a Finlândia poderá contar com o apoio de seus aliados no caso de uma crise.
“Ainda acredito que receberemos ajuda dos membros da Otan, se necessário”, diz ele, sobretudo porque o país nórdico assinou um acordo bilateral de defesa com Washington no ano passado.
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