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Don’t stop me now: Freddie Mercury e Montreux

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Montreux é há muito tempo um ímã para os fãs de Freddie Mercury. Keystone
Série Swiss oditties, Episódio 17:

Todos os anos, milhares de fãs se reúnem na cidade suíça de Montreux, atraídos por um número cada vez maior de atrações turísticas relacionadas a Freddie Mercury. À beira do lago, eles revivem a vida colorida da lenda do rock. O vocalista da banda de rock Queen morreu em 1991, mas seu vínculo com a cidade parece se fortalecer com o passar dos anos.

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Para Mercury, a cidade de Montreux era um refúgio, um lugar onde ele podia andar pelas ruas sem ser incomodado por fãs ou paparazzi. Seis álbuns do Queen foram gravados na cidade, no Mountain Studios, incluindo músicas de sucesso como “Under Pressure”, com David Bowie. A banda comprou o estúdio em 1979 e, mais tarde, ele foi ressuscitado como um museuLink externo pela Mercury Phoenix TrustLink externo, fundação criada logo após a morte de Mercury para ajudar a combater o HIV/AIDS. A entrada é gratuita e os visitantes podem ver os instrumentos originais do Queen, as roupas usadas pelo extravagante vocalista e a mesa de mixagem da banda.

O campeão de Freddie

Um homem em particular está ajudando a garantir que Mercury não seja esquecido em Montreux. Lucien Muller organiza os chamados Freddie ToursLink externo e as comemorações de aniversário Freddie DaysLink externo, realizadas todo mês de setembro: quatro dias de comemoração com bandas cover, conferências, passeios de barco e uma festa disco. A extravagância foi criada por seu pai, Norbert Muller, no início do século. A morte repentina de Norbert em 2024 deixou Lucien no comando. Sua dedicação em preservar o legado de Mercury é um tributo tanto ao seu pai quanto à banda.

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Lucien Muller mostra aos visitantes de Montreux os locais de Freddie Mercury. swissinfo.ch

“O evento é gratuito e queremos que continue assim”, diz Muller. “Ele é realizado por voluntários e pedimos às bandas que venham e toquem de graça como um tributo a Freddie”.

Os negócios realmente decolaram depois de 2018, quando o filme Bohemian RhapsodyLink externo foi lançado, apresentando a música do Queen a uma nova geração. A obra se tornou o filme biográfico musical de maior bilheteria de todos os tempos e ganhou quatro Oscars, incluindo o de melhor ator para Rami MalekLink externo, que interpretou Mercury.

O impacto para o Freddie Days foi enorme, diz Muller. “Nós realmente notamos um grande boom na edição de setembro de 2019. O público facilmente quadruplicou. Desde então, tem crescido cada vez mais”. Ele estima que o número de visitantes em 2024 tenha sido de 16.000, mas não há números oficiais divulgados pelo município de Montreux. O evento comemora sua 20ª edição neste ano.

They want it all

Muller iniciou os Freddie Tours há cinco anos, durante a pandemia de Covid. Os passeios se tornaram tão populares que ele deixou seu emprego como desenvolvedor web – numa empresa que ele mesmo havia fundado – para focar totalmente na realização de eventos relacionados a Mercury. Ele diz que prefere organizar os eventos a escrever códigos. “O que mais me emociona é encontrar fãs que nunca o conheceram, que nasceram depois da morte de Freddie, e que já sabem muito sobre sua vida quando vêm para esses passeios”, conta Muller.

O sócio de Muller no negócio é Peter FreestoneLink externo, que foi assistente pessoal de Mercury por 12 anos e é amigo íntimo da família Muller. Freestone participa do Freddie Days desde que o evento foi criado, há mais de 20 anos. Ele me contou o que Montreux significava para o astro.

A visita guiada em seis idiomas acompanha o grupo, ávido por lembranças de seu ídolo, pela cidade: desde a cobertura que Mercury possuía – e havia decorado com carinho – à beira do lago, até o cassino, que é a sede do Queen: The Studio Experience, o museu dedicado à banda de rock. O passeio chega, por fim, à parede de tributo a Mercury, onde os fãs são convidados a deixar um comentário. Lucien Muller distribui as canetas de feltro e o grupo começa a escrever suas mensagens.

A maioria desses fãs está longe de casa e precisa de um lugar para ficar. Em 2024, um hotelLink externo chamado Freddie Mercury – que originalmente era apenas um centro de treinamento para o setor hoteleiro – abriu suas portas para hóspedes externos. O hotel havia sido inaugurado oficialmente pelo empresário do Queen, Jim Beach, em 2018. O interior é uma homenagem à vida de Mercury, com referências à sua infância em Zanzibar e ao seu amor por gatos e arte japonesa. A subgerente, Madie Giussani, me mostrou o local.

O Museu de MontreuxLink externo também está começando a se abrir à ideia de celebrar seus visitantes mais famosos. Montreux faz parte da Rede de Cidades CriativasLink externo da UNESCO, na categoria música, e há planos para dedicar uma área do museu à música e às personalidades famosas associadas a ela, incluindo Freddie Mercury. E não é só isso. “Também é provável que uma exposição sobre o mundo de Freddie Mercury seja montada em outro local emblemático da cidade”, diz Sophie Brinca, assessora de comunicação do município de Montreux.

Montreux está se tornando para os fãs do Queen o que Graceland, em Memphis, se tornou para os admiradores de Elvis? Grégoire Chappuis, chefe de marketing e comunicação de Montreux, me garante que eles não têm intenção de torná-la mais centrada no Queen. “Transformar a cidade numa Disneylândia não é nosso objetivo de forma alguma. Montreux é considerada como uma cidade da música em virtude de sua história e atividades. O campo é muito mais amplo do que Freddie, mesmo que ele seja certamente um de seus ícones.”

The show must go on

Montreux está na lista de desejos de muitos fãs de Mercury: um lugar que deve ser visitado pelo menos uma vez na vida. Mas, à medida que a lenda do rock se torna uma figura histórica, quanto tempo isso vai durar?

Lucien Muller tem certeza de que a cidade tem um apelo duradouro. “Sempre há coisas novas acontecendo, tanto aqui em Montreux quanto internacionalmente com o Queen”, diz ele. “Portanto, não acho que ela vá perder a força. No ano passado, houve um grande leilão dos pertences de Freddie na Sotheby’s. Os fãs estavam lutando para conseguir os itens, e os preços subiram bastante. Houve muito alarde na mídia”.

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Um pedido de casamento na estátua do Freddie Mercury. swissinfo.ch

Os visitantes fazem fila para tirar selfies ao lado da estátua de Mercury em frente ao lago, quase três décadas depois de sua construção em 1996. Um homem chegou a pedir sua futura esposa em casamento ali, de joelhos. Na base da estátua, há homenagens ao astro, feitas por fãs que fizeram longas peregrinações para estar ali. O Freddie de bronze permanece congelado para sempre como se estivesse em uma performance, olhando para o outro lado do lago, com uma mão estendida para o céu e a outra segurando um microfone, pronto para a ação. Mas quem quer viver para sempre?

Edição: Samuel Jaberg/fh
(Adaptação: Clarice Dominguez, texto & Fernando Hirschy, vídeos)

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