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Suspeito de atear fogo em canavial de SP integra facção criminosa, diz governo

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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – Um dos seis homens presos por suspeita de atear fogo em canaviais e matas do Estado de São Paulo relatou ser integrante de uma facção criminosa, afirmou a Secretaria de Segurança Pública em nota nesta terça-feira.

Segundo a secretaria, o homem que afirmou participar da facção criminosa tem 42 anos e foi preso no domingo, em Batatais, interior de São Paulo.

“Desde a semana passada, seis pessoas foram detidas (no Estado) por causar incêndio em vegetação. As investigações realizadas até o momento não apontam relação entre os casos e os suspeitos presos e detidos”, acrescentou a secretaria.

Os incêndios em canaviais do Estado de São Paulo, que responde por cerca de metade da produção de cana do Brasil, destruíram milhares de hectares na última semana, causando prejuízos de centenas de milhões de reais a produtores.

O órgão do governo paulista ressaltou ainda que “todas as circunstâncias são investigadas” pela Polícia Civil.

A manifestação da secretaria foi feita após o secretário estadual de Agricultura, Guilherme Piai, ter afirmado à Reuters nesta terça-feira que suspeitos de atear fogo em canaviais teriam agido com a motivação de retaliar o combate ao crime realizado pelo governo paulista.

“O governo do Estado de São Paulo através da Secretaria de Segurança Pública, Secretaria da Fazenda, está trabalhando muito contra combustíveis adulterados”, ressaltou Piai.

“Hoje o crime organizado comprou algumas usinas em recuperação judicial, comprou centenas de postos de gasolina, e talvez seja uma maneira de retaliar esse trabalho contra o crime organizado”, acrescentou.

Ele mencionou também que “alguns” detidos se declararam ligados à facção criminosa PCC. A nota da secretaria não cita o PCC.

A Polícia Federal está investigando o caso juntamente com o governo paulista.

Segundo o secretário, alguns focos de incêndio em canaviais de São Paulo começaram no mesmo horário, o que indica que não foi algo acidental, conforme apurado por meio de imagens de satélite.

Mais cedo, na abertura de evento da Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda), o secretário afirmou que as queimadas geraram “prejuízos bilionários para o agronegócio de São Paulo”, enquanto apenas o setor de cana-de-açúcar perdeu 400 milhões de reais.

Durante discurso, o secretário citou a prisão de um quinto suspeito de estar envolvido nos crimes.

Procurado, o promotor Luis Fernando Rocha, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou que até agora não há elementos que permitam dizer que as queimadasforam uma ação do crime organizado, embora isso não esteja descartado.

“Trabalhamos com todas as hipóteses.”

O Gaema, que atua na prevenção, combate e responsabilização cível por incêndios e queimadas, tem atuado junto com outros órgãos do MPSP, inclusive criminais, por conta da situação “excepcional”, disse Rocha.

“Foi (incêndio) criminoso. O que não temos elementos para falar é que foi organizado, que foi crime organizado. Até agora, não.”

A Secretaria da Segurança Pública afirmou ainda que prendeu na segunda-feira um homem de 44 anos em São José do Rio Preto, além de outro suspeito em Jales.

Além desses dois suspeitos, outros quatro suspeitos foram detidos desde a semana passada, sendo um deles na cidade de Guaraci, por atear fogo em vários pontos de um canavial. Um outro foi detido em São José do Rio Preto e outros dois em Batatais.

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