Teólogo suíço é homenageado na Alemanha
Pelo seu combate por uma melhor compreeensão entre as religões, o teólogo suíço Hans Küng recebeu o prêmio Lev Kopelev pela paz e os direitos humanos, na Alemanha.
Presente à cerimônia, a ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey saudou o “intelectual engajado”, enquanto Küng criticou a política dos Estados Unidos.
Hans Küng, de 78 anos, foi premiado pelo seu “engajamento infatigável para uma melhor compreensão entre as grandes religões”. O prêmio Lev Kopelev, que lhe foi entregue domingo (03/12), em Colônia, não tem qualquer dotação financeira.
O teólogo católico foi lembrado também pelo seu projeto “Fundação Ética Planetária”, fundado na idéia de que a paz entre as nações não é possível sem paz entre as religiões.
Perda de credibilidade sem precedentes
Durante a cerimônia, Hans Küng fez uma crítica severa ao presidente George W. Bush. Qualificicou a administração atual de “política néo-imperial e desrespeitosa, fundada em interesses, potência e prestígio”.
Bush ousa inclusive apresentar-se como Cristo mas, na realidade, pratica uma política dominadora que despreza os direitos humanos, afirmou o teólogo.
Hans Küng falou ainda de “uma atititude militar agressiva, tratamento desumano dos prisioneiros de guerra, e violações em massa dos direitos humanos”. Tudo isso levou a uma perda de credibilidade sem precedentes para os Estados Unidos, inclusive nos paíes aliados e amigos.
Pela tolerância
No discurso de cumprimentos, a ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, descreveu o compatriota como “a encarnação do intelectual que se engaja na vida pública e nos debates da sociedade”.
Hans Küng dedica-se, de fato, a sublinhar os traços comuns entre as diferentes religiões e ampliar o conhecimento delas. Para ele, nada é mais importante do que o respeito mutual em matéria de religião.
“Se, por exemplo, o problema é o véu usado por uma funcionária de um supermercado, não devemos interpretar de maneira muito restrita esses sinais. Ainda me lembro exatamente do tempo em que era perfeitamente natural para a minha avó lusar um lenço que cobria os cabelos”, declarou Hans Küng.
Um prêmio para dissidentes
Desde 2001, o prêmio Lev Kopelev é atribuído todo ano a personalidades engajadas, organizações e projetos na área dos direitos humanos.
O prêmio foi entregue por Fritz Pleitgen, primeiro presidente do Fórum Lev Kopelev, que também é diretor geral da WDR, maior rede regional de rádio e tv da Alemanha.
O jornalista israelense Uri Avnery, o politólogo palestino Sari Nusseibeh e o jurista checheno Sainap Gaschajewa estão entre as personalidades premiadas até agora.
swissinfo com agências
Hans Küng nasceu em 1928 em Sursee, cantão de Lucerna.
Estudo filosofia e teologia em Roma e foi ordenado padre em 1955.
Em 1960, tornou-se professor da Universidade de Tübingen, sul da Alemanha.
1962/65: Hans Küng participou do Conselho Vaticano II como teólogo especialista, junto com Joseph Ratzinger, futuro papa Bento XVI.
1979: porque coloca em causa a infalibilidade do papa em questões teológicas, Hans Küng foi proibido de dar aulas.
Em 1995, Hans Küng tornou-se presidente da Fundação Ética Planetária.
O prêmio Lev Kopelev foi instituído em memória de um escritor e ex-oficial do Exército Vermelho que ficou dez anos preso nos campos soviéticos.
Privado na nacionalidade russa, Lev Kopelev (1912-1997) instalou-se em Colônia em 1981. Esse judeu russo originário da Ucrânia, sempre foi defensor da Europa.
Em Colônia, ele fundou o Fórum Lev Kopelev que, desde 2001, recompensa personalidades, projetos e organizações que atuam na mesma direção de Lev Kopelev.
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