Trabalhadores acima de 55 não perdem produtividade
Na Suíça existem mais trabalhadores de idade avançada do que em outros países da Europa. Porém muitos os veem também como um "peso".
Agora um estudo mostra que não é possível provar a suposta queda de produtividade dos “veteranos”. Os chefes de pessoal vão agora mudar sua posição?
O número de trabalhadores em idade avançada cresce na maioria dos países. Porém eles têm no mercado de trabalho muitas vezes grandes dificuldades. Os jovens têm a fama de ser mais produtivos, dinâmicos e flexíveis.
Por outro lado, já se admite que a atual dinâmica demográfica resultará em uma lacuna na oferta de mão-de-obra jovem. O envelhecimento da população ativa não é afetado pela atual crise econômica.
Ao invés de ocupar desempregados com mais de 50 anos, muitos chefes de pessoal nas empresas dão preferência aos jovens e com outros passaportes.
A taxa de ocupação das pessoas de 55 a 64 anos aumentou na Suíça nos últimos 12 anos de 63,5 para 68,4%. Isso, porém, não diz nada sobre a posição e as chances dos mais velhos no mercado de trabalho – apenas mostram que pouco menos de 70% da geração 55+ ainda está ativa. Esta percentagem é elevada – a média da União Européia em 2007 era de apenas 44,7%, ou seja, um terço a menos.
Na Escola Técnica de Lucerna, especialistas analisaram estudos realizados sobre a relação entre produtividade e idade. A crença geral de que esta se reduza com o tempo não foi confirmada.
Comparações
“As diferenças de produtividade dentro de uma mesma faixa etária são, em grande parte, maiores do que entre as diferentes faixas”, explica Colette Peter, autora do estudo e professora na Universidade de Lucerna.
Entre os trabalhadores mais idosos pode haver uma queda de produtividade por questões como a perda da capacidade física. Por outro lado, eles ganham graças à experiência profissional e capacidade de julgar.
“O fato de a Suíça ter um porcentual maior de trabalhadores com idades avançadas do que em outros países não significa que a política de pessoal reconheça melhor a produtividade desses grupos”, avalia Peter.
Maior concorrência
O desafio demográfico no mercado de trabalho dos trabalhadores mais velhos não é apenas uma questão suíça. “Temos de ter consciência de que nos próximos anos haverá uma maior concorrência entre os países na luta por mão-de-obra jovem, devido ao problema do envelhecimento da sociedade.”
Os chefes de pessoal não poderão resolver a questão do recrutamento “facilmente através da importação e migração de mão-de-obra”, avalia Colette Peter.
Mudança de abordagem
Ao invés de procurar novos potenciais no exterior, Colette recomenda cursos de formação e reciclagem profissional na Suíça: “Muitos jovens, sobretudo aqueles de origem estrangeira, continuam sendo prejudicados no mercado de trabalho. É necessário investir ainda mais para qualificar essas pessoas como trabalhadores ativos. Porém os mais velhos também necessitam cada vez mais de incentivos.”
As empresas terão necessidade crescente de “veteranos” experimentados: “As empresas precisam mudar sua abordagem. Não é possível contratar apenas jovens.”
A questão é que essas previsões já são feitas há mais de uma década. A realidade é que essa mudança da maneira de pensar ainda não ocorreu para os chefes de pessoal. “A docente explica que isso se explica “pelo fato da economia ainda estar sofrendo pouco com o problema”.”
“A falta estrutural de mão-de-obra especializada já existe em algumas regiões da Suíça. Em parte, ela já foi suprida graças à imigração de alemães. Porém estou convencida de que essa possibilidade não tem futuro há longo prazo.”
Exemplo da ABB
Alguns chefes de pessoal em grandes empresas teriam reconhecido o sinal dos tempos, acredita Peter.
Pelo menos para multinacionais como a ABB, a política de pessoal para a geração de trabalhadores com mais de 45 anos não é algo desconhecido: “Cerca de 10% das novas contratações foram de pessoas com mais de cinqüenta anos”, confirma o chefe de pessoal, Renato Merz.
Integração da mulher
Colette Peter também está segura de que o desafio do envelhecimento da sociedade terá conseqüências também para outros setores. Os resultados já são conhecidos pelos pesquisadores, mas levam anos até serem publicados e chegar ao conhecimento da opinião pública.
As empresas só reagirão quando não for mais possível suprir suas necessidades de mão-de-obra de outra maneira. “O mesmo vale também para a integração da mulher no mercado de trabalho. Jardins de infância e outras formas de apoio à mulher ativa só foram introduzidas quando esse grupo se tornou imprescindível. Até então as empresas sempre se opuseram a contratá-las.”
“No momento não podemos fazer nada além de transmitir essa mensagem à economia. Os chefes de pessoal precisam também ser treinados para esse novo contexto.”
“Quando você é confrontado com a realidade e os fatos, é possível então questionar muitos preconceitos e estereótipos.”
Alexander Künzle, swissinfo.ch
Segundo o grupo de trabalho Capital e Economia (AKW, na sigla em alemão), atualmente os trabalhadores na Suíça se aposentam em média aos 65 anos.
Por outro lado, segundo a AKW, também existe a tendência de aposentadoria precoce.
Porém muitos trabalhadores continuam a vida ativa, apesar de já terem atingido a idade de aposentadoria: 20% dos homens com mais de 65 anos e 10% das mulheres com mais de 64.
A proposta oficial de aposentadoria aos 67 anos, apresentada pelo ministro do Interior, Pascal Couchepin, continua sendo muito criticada.
Os sindicatos exigem, ao contrário, a redução da idade mínima de aposentadoria.
Uma possibilidade seria a flexibilização da idade de aposentadoria, como já ocorre atualmente de fato.
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