Trump e Putin concordam em negociar “imediatamente” paz na Ucrânia
![](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2025/02/27873e54ff5c651afe7f9bb69c80b489-88867211.jpg?ver=021c072f)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordou nesta quarta-feira (12) com Vladimir Putin em iniciar negociações “imediatas” para pôr fim a quase três anos de guerra na Ucrânia e em se reunir pessoalmente com o contraparte russo.
“Ele virá aqui, eu irei para lá e provavelmente nos encontraremos na Arábia Saudita na primeira vez”, declarou a jornalistas na Casa Branca, sem especificar uma data.
Trump também previu um cessar-fogo “em um futuro não muito distante” na Ucrânia e considerou que a entrada do país na Otan, solicitada por Kiev, mas rejeitada por Moscou, não seria “funcional”.
Na opinião do republicano, a Ucrânia precisa de novas eleições “em algum momento”. O pleito deveria ter ocorrido em março de 2024, mas a lei marcial, em vigor desde fevereiro de 2022, impede a realização de eleições.
A Rússia e os Estados Unidos começarão “imediatamente” a negociar, afirmou o presidente americano em sua rede Truth Social, onde garantiu ter tido uma “conversa prolongada e muito produtiva” com Putin.
Trump informou sobre a reunião ao presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
“A conversa transcorreu muito bem. Ele, assim como o presidente Putin, quer alcançar a PAZ”, disse Trump no Truth Social, acrescentando que Zelensky se reunirá com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, e o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, em Munique, na sexta-feira.
“Conversamos longamente sobre as possibilidades de alcançar a paz”, afirmou Zelensky na rede social X.
Trump, que até agora havia se mantido em silêncio sobre suas intenções em relação à Ucrânia, comprometeu-se a pôr fim rapidamente à “carnificina” da guerra, inclusive pressionando Kiev, que recebeu bilhões de dólares em ajuda militar de Washington durante o governo de seu antecessor democrata Joe Biden.
Os europeus temem ficar à margem de um possível acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia, que poderia ser alcançado em detrimento de Kiev.
Os ministros das Relações Exteriores da Espanha, Alemanha e França afirmaram nesta quarta-feira, em Paris, que nenhuma decisão sobre a Ucrânia poderá ser tomada “sem Kiev” e sem a participação dos europeus.
Mas o presidente Trump quer acelerar as negociações.
“Queremos deter as milhões de mortes que estão ocorrendo na Guerra com Rússia/Ucrânia. O presidente Putin até usou meu muito forte lema de campanha, ‘BOM SENSO’. Ambos acreditamos firmemente nisso”, escreveu, destacando parte do texto em maiúsculas, como costuma fazer.
Falou-se sobre “as fortalezas de nossas respectivas nações e o grande benefício que algum dia teremos trabalhando juntos”, disse ele, sobre sua primeira conversa com Putin desde que retornou à Casa Branca em 20 de janeiro.
– Troca de prisioneiros –
O presidente russo afirmou, por sua vez, que deseja encontrar uma “solução a longo prazo” para a guerra na Ucrânia por meio de “diálogos de paz”.
“O presidente Putin mencionou a necessidade de abordar as causas fundamentais do conflito e concordou com Trump que é possível encontrar uma solução a longo prazo por meio de diálogos de paz”, disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao relatar a chamada de quase uma hora e meia de duração.
Trump e Putin concordaram em visitar seus respectivos países, segundo o presidente americano.
A chamada telefônica entre os dois líderes ocorreu um dia depois de a Rússia ter libertado um americano, Marc Fogel, condenado a 14 anos de prisão por posse de drogas.
A Casa Branca afirmou na terça-feira que espera que a troca marque o “início de uma relação” com a Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia.
E nesta quarta-feira, Washington anunciou a libertação de três pessoas “detidas” em Belarus, uma delas de nacionalidade americana.
– “Não realista” –
Ao mesmo tempo, em Bruxelas, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, delineou nesta quarta-feira as linhas vermelhas de Donald Trump sobre a Otan e a Ucrânia.
Ele considerou “pouco realista” pensar que a Ucrânia voltará às suas fronteiras anteriores a 2014, ou seja, incluindo a Crimeia.
Tampouco lhe parece realista a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica.
Segundo o chefe do Pentágono, no futuro, os países europeus terão que fornecer a maior parte da ajuda civil e militar à Ucrânia, e, se em algum momento forem implantadas tropas de paz, elas terão que fazer parte de uma missão fora da Otan.
Zelensky confia em alcançar acordos econômicos com os Estados Unidos em Munique, mas o governo de Trump parece querer condicionar seu apoio a Kiev ao acesso aos recursos minerais ucranianos.
A guerra na Ucrânia teve início em fevereiro de 2022, depois que a Rússia invadiu o território ucraniano. O conflito causou centenas de milhares de mortos e feridos em quase três anos.
dk/erl/nn/am