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Trump gaba-se de investimento gigantesco e inicia sua revanche

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta terça-feira (21), um investimento privado gigantesco em inteligência artificial e lançou uma campanha de vingança política, um dia depois de sua posse.

O republicano promoveu diante da imprensa um projeto chamado “Stargate” e prometeu investimentos de “pelo menos 500 bilhões de dólares [mais de R$ 3 trilhões]” em infraestrutura tecnológica nos Estados Unidos.

Deveria gerar “quase imediatamente mais de 100 mil empregos”, assegurou o bilionário, que sempre gostou de alcançar números espetaculares.

O Stargate reúne a especialista em computação na nuvem Oracle, a firma de investimento japonesa SoftBank e a startup de IA generativa OpenAI, cujos diretores-executivos estiveram presentes durante o anúncio na Casa Branca.

Os três agradeceram a Trump.

“Não poderíamos conseguir isso sem você”, afirmou Masayoshi Son (Softbank), que elogiou a promessa feita na véspera pelo presidente de 78 anos de levar os Estados Unidos “a uma Era de Ouro”.

Convencido de que as eleições de 2020 vencidas pelo democrata Joe Biden foram roubadas, Trump começou seu segundo mandato com sede de vingança.

Pela noite, disse que havia dado instruções a sua equipe “para identificar e eliminar ativamente mais de 1.000 pessoas nomeadas pela gestão anterior”.

– ‘Não alinhadas’ – 

Essas pessoas “não estão alinhadas com nossa visão de fazer com que os Estados Unidos voltem a ser grandes”, afirmou Trump em sua plataforma Truth Social. 

Quatro já foram “DESPEDIDAS”, afirmou em letras garrafais. Entre elas está o ex-chefe do Estado-Maior Conjunto Mark Milley, que era assessor; a almirante Linda Fagan, chefe da Guarda Costeira, e o chef José Andrés, recentemente condecorado por Joe Biden por suas ações humanitárias.

Na rede social X, o chef afirmou que foi ele quem pediu demissão.

A nova administração também eliminou a proteção policial a John Bolton, ex-assessor de segurança nacional da Casa Branca durante o primeiro mandato do republicano e que se tornou um crítico feroz. 

Quando perguntado sobre isso, Donald Trump disse que Bolton era “estúpido” e que esta proteção não deveria ser vitalícia.

Também defendeu sua decisão de oferecer indulto a 1.500 pessoas condenadas pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em uma tentativa de evitar que Joe Biden chegasse ao poder, ou de comutar as sentenças de algumas delas.

Entre os beneficiados por esse gesto de clemência estão os líderes de duas milícias de extrema direita, Oath Keepers e Proud Boys. 

“Suas sentenças foram ridículas e excessivas”, afirmou Trump, que, justo antes do ataque, havia inflamado seus partidários dizendo que as eleições tinham sido fraudadas, uma afirmação falsa que ele sustenta até hoje.

Depois dos afagos da véspera, Trump recebeu uma acolhida muito distinta na catedral nacional de Washington, onde assistiu ao tradicional ofício religioso que põe fim à posse.

“Peço-lhe que tenha piedade, senhor presidente”, disse a bispa Mariann Edgar Budde, que falou do “medo” que, segundo ela, é sentido em todo o país. A religiosa ressaltou que “a grande maioria dos migrantes não é formada por delinquentes”. Ele franziu a testa.

O magnata decretou uma emergência nacional na fronteira com o México para fazer frente ao que considera uma “invasão” de imigrantes e decidiu seguir construindo o muro fronteiriço.

– ‘Caso a caso’ –

Além disso, reativou o “Fique no México”, um programa que obriga os migrantes a esperarem o desfecho do processo migratório do outro lado da fronteira e que entrou em vigor “com efeito imediato”, informou nesta terça-feira o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês). 

Também decidiu aplicar “caso a caso” o programa humanitário “parole”, que concede permissão temporária a migrantes para que permaneçam nos Estados Unidos.

Biden usou esse programa para permitir a entrada de centenas de milhares de pessoas provenientes de Haiti, Cuba, Nicarágua e Venezuela por um período de dois anos, desde que tivessem um patrocinador no país e passassem por uma verificação de segurança.

Trump também acabou com a possibilidade de os migrantes entrarem legalmente nos Estados Unidos através do aplicativo de celular CBP One, que era utilizado para agendar entrevistas de requisitantes de asilo.

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