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Trump promete ‘Era de Ouro’ e medidas firmes contra imigração ilegal

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Recém-empossado, nesta segunda-feira (20), como 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump prometeu levar o país de volta a uma “Era de Ouro” e erradicar a imigração ilegal.

Após jurar “proteger a Constituição” sob a cúpula do Capitólio, em Washington, o republicano anunciou uma série de decretos para demolir o legado de seu antecessor, o democrata Joe Biden.

Sua prioridade: expulsar os migrantes em situação irregular e impedir sua entrada no país. Para isso, não poupará recursos.

Ele declarou emergência nacional na fronteira com o México, bloqueou a entrada dos migrantes e prometeu deportar “milhões e milhões de estrangeiros criminosos aos locais de onde vieram”.

Ele anunciou que ressuscitará seu programa, “Fique no México”, para que os migrantes aguardem a definição do processo migratório do outro lado da fronteira, e designou os cartéis como organizações terroristas estrangeiras.

“Provavelmente, o México não vai querer isso, mas temos que fazer o certo”, afirmou à noite na Casa Branca.

Trata-se de um aperitivo do que espera o vizinho do sul a partir de 1º de fevereiro, quando prevê impor-lhe tarifas alfandegárias de 25%, assim como ao Canadá, até que, segundo ele, freiem o fluxo de migrantes e de “fentanil”.

O presidente também invocará a Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, para “eliminar a presença de todas as gangues”, como a venezuelana Tren de Aragua.

– Fim do “declínio” –

O magnata vai abrir novas frentes diplomáticas, como mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, e recuperar o controle do Canal do Panamá.

“A China está operando o canal do Panamá e nós não o demos para a China”, insistiu o republicano.

Trump eliminará os programas de diversidade sexual e declarará a “emergência energética nacional” para expandir significativamente a extração de hidrocarbonetos no maior produtor mundial de petróleo e gás.

O ex-presidente Joe Biden, de 82 anos, e sua ex-vice-presidente, Kamala Harris, derrotada nas urnas por Trump, ouviram atônitos as palavras de Trump e não o aplaudiram.

O magnata prometeu uma “Era de Ouro” e encerrar o “declínio” para o país voltar “a ser respeitado em todo o mundo” e ser uma nação em crescimento que, segundo ele, vai fincar sua bandeira em Marte.

Trump, que diz acreditar ter sido salvo por Deus da tentativa de assassinato que sofreu durante a campanha, alertou que “as balanças da justiça se reequilibrarão”.

O uso “violento e injusto do Departamento da Justiça e do nosso governo vai terminar”, proclamou o republicano, condenado por delitos penais.

– Indultos –

O democrata sabe que Trump volta à Casa Branca com sede de vingança e em seus últimos momentos no cargo concedeu indultos preventivos a cinco familiares, congressistas e funcionários, que estão na mira de seu sucessor.

São “indultos a pessoas que eram muito, muito culpadas de crimes muito graves”, protestou o magnata em um segundo discurso no Capitólio. Ele se referia, sobretudo, a membros da comissão de investigação parlamentar que denunciaram seu suposto papel no ataque ao Capitólio por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021.

Com Trump, volta o espetáculo. Ele se encontrou com seus apoiadores no Capital One Arena, um estádio em Washington, onde assistiu a um desfile e discursou.

Ele assinou decretos diante deles, alguns de transcendência mundial, como a reinserção de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo, e a retirada dos Estados Unidos, pela segunda vez, do Acordo de Paris sobre o clima. Outros são de interesse doméstico, como o que proíbe os funcionários públicos federais de trabalharem em regime de ‘home office’.

Como um astro do rock, ele atirou para seus apoiadores as canetas com as quais assinou as ordens executivas, enquanto estes tentavam pegá-las para levar uma lembrança de seu herói.

Sua fala teve ares de comício. Trump sabe que este mandato marca o começo de sua saída de cena. Ele deve se resignar a não voltar a se candidatar, a não ser que haja uma mudança no limite constitucional de dois mandatos.

Do estádio, o presidente seguiu para o Salão Oval da Casa Branca, onde assinou mais decretos, entre eles um indulto pra 1.500 participantes da invasão ao Capitólio, aos quais chamou de “reféns”. Entre outras ordens executivas assinadas, Trump firmou a revogação das sanções a colonos israelenses envolvidos em atos violentos na Cisjordânia e a retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde.

Trump também anunciou que porá fim à cidadania por nascimento nos Estados Unidos, uma decisão à qual ONGs responderam com uma ação nos tribunais.

– Putin, Venezuela e Brasil –

Nas respostas aos jornalistas que acompanharam a assinatura dos decretos no Salão Oval, Trump foi contundente.

Ele afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin está “destruindo a Rússia” por não alcançar um acordo que ponha fim à guerra com a Ucrânia.

Sobre a Venezuela, disse que “era um grande país há 20 anos, e agora é um desastre”. “Provavelmente” os Estados Unidos vão parar de comprar petróleo do país caribenho porque não precisam, disse, ao responder a uma pergunta sobre como poderia pressionar o presidente Nicolás Maduro.

Sobre as relações com o Brasil, afirmou: “Eles precisam de nós muito mais que nós deles. Nós não precisamos deles”, embora tenha afirmado que as relações bilaterais deveriam ser “excelentes”.

Trump tampouco descartou recorrer à força para se apoderar da Groenlândia, território autônomo da Dinamarca, um aliado da Otan, onde a Rússia tem se mostrado cada vez mais ativa à medida que o gelo do Ártico derrete devido às mudanças climáticas.

– Transição pacífica –

Joe Biden foi embora de helicóptero, um fim amargo para um homem que há quatro anos acreditava que Trump estava acabado. Mesmo assim, protagonizou uma transição civilizada até o último momento.

Ele recebeu na Casa Branca Trump e sua esposa, Melania, para a tradicional visita de cortesia. E foi à posse, apesar de Trump não ter ido à dele em 2021.

Trump também foi saudado pelos ex-presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama e alguns dos homens mais ricos do mundo, como os magnatas da tecnologia Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, assim como Bernard Arnault, diretor do grupo de luxo LVMH.

A cerimônia de posse foi realizada dentro do Capitólio ao invés das escadarias do Congresso, devido ao frio polar que assola Washington.

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