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Venezuelanos no exterior relatam dificuldades para se registrar para votar

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Por Lucinda Elliott, Corina Pons e Oliver Griffin

MONTEVIDÉU/MADRI/BOGOTÁ, 26 Jul (Reuters) – Os imigrantes venezuelanos na América do Sul e na Europa dizem que estão tendo dificuldades para se registrar para votar na eleição presidencial de seu país no domingo, com apenas uma pequena fração capaz de superar uma série de obstáculos burocráticos.

Embora mais da metade dos quase 8 milhões de venezuelanos que emigraram na última década tenha idade para votar, os números oficiais da autoridade eleitoral do país mostram que pouco menos de 68.000 estão registrados para votar no exterior.

Grupos de defesa dos eleitores apontaram problemas que vão desde consulados fechados até solicitações de documentos variados e, segundo eles, desnecessários.

As embaixadas da Venezuela em Buenos Aires, Bogotá, Madri e Montevidéu não responderam a pedidos de comentários sobre as dificuldades dos eleitores. O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário sobre o motivo dos números gerais de registro serem tão baixos.

Essa votação é vista por grande parte da diáspora venezuelana como a última chance do país de resgatar sua economia de uma crise aguda e de voltar para casa.

Um quarto da população fugiu da turbulência econômica sob o comando do presidente Nicolás Maduro, o maior êxodo de refugiados da história recente registrado nas Américas.

Maduro, que está buscando um terceiro mandato na eleição de domingo, presidiu um colapso de 80% no produto interno bruto desde que assumiu o cargo em 2013, e até mesmo ex-apoiadores importantes têm expressado apoio à oposição.

Espera-se que Madri, capital da Espanha, seja o maior local de votação dos venezuelanos no exterior no domingo.

No entanto, muitos cidadãos venezuelanos na Espanha foram deixados de fora do processo. A embaixada pediu a eles que mostrassem pelo menos 12 meses de sua permissão de residência na Espanha para serem elegíveis, disseram vários grupos de defesa dos eleitores.

No entanto, as pessoas a quem foi concedida residência por razões humanitárias têm sua autorização renovada anualmente, o que impossibilita o cumprimento da exigência.

“Eu só consegui porque tenho cidadania espanhola, a grande maioria não tem”, disse Eriana Zuleta, de 26 anos, que se registrou em Madri.

Cinco venezuelanos com quem a Reuters conversou na Espanha também disseram que não sabiam para qual seção eleitoral haviam sido designados.

No total, cerca de 24.772 devem votar na Espanha, uma pequena parte dos quase meio milhão de imigrantes venezuelanos no país.

“Essa campanha é diferente porque são as pessoas que estão mobilizadas, não os partidos políticos”, declarou Lorena Lima, 28 anos, que disse não ter conseguido se registrar em Madri e fez uma greve de fome de cinco dias em protesto em março.

Enquanto isso, no Uruguai, o sistema de registro da autoridade eleitoral venezuelana exigia que os possíveis eleitores fizessem upload de uma autorização de residência válida por cinco anos.

Mas as autorizações de residência iniciais só são concedidas por três anos, disse Gustavo Becerra, que ajuda os imigrantes no processo de registro em Montevidéu. Menos de 500 pessoas da comunidade venezuelana de 33.000 no Uruguai conseguiram se registrar, acrescentou.

No sul do Brasil, os eleitores disseram que enfrentaram um desafio diferente – chegar à seção eleitoral da embaixada venezuelana, a cerca de 2.100 quilômetros de distância, na capital brasileira.

“Eu gostaria de votar, sempre votei na Venezuela”, afirmou Hector López, de 47 anos, que mora em Porto Alegre e havia se registrado. “Mas é muito longe e não tenho dinheiro para viajar até Brasília.”

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