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Minha avó mora no mesmo vilarejo suíço há 100 anos

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Vovó falando sobre sua vida. SRF

Marie Vogler-Gasser mora em Lungern, na Suíça central, desde que nasceu. Ela conta ao seu neto por que nunca se mudou.

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Quando minha avó, Marie Vogler-Gasser, nasceu no vilarejo de Lungern, no cantão de Obwalden, o principal meio de transporte ainda era a carruagem puxada a cavalo. As carruagens eram usadas não apenas no campo, mas também nas cidades suíças.

Juntos, relembramos 100 anos de vida, 100 anos que ela passou no vilarejo de Lungern. Encontrei minha avó, que todos na família chamam de Mutti (mamãe), na casa de repouso onde ela mora há cerca de dez anos. Quando criança, ela morou na casa dos pais e, depois, com sua própria família, em uma casa no centro do pequeno vilarejo. Três casas em 100 anos.

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O vilarejo de Lungerer, em Obsee, na extremidade sul do lago. Foi aqui que a “Mutti“ nasceu e cresceu. A foto foi tirada em 1989. ETH Bibliothek

“Ainda me lembro de quando havia apenas alguns carros em Lungern”, diz ela. Mutti também se lembra perfeitamente das primeiras pessoas que tiveram carros na cidade. Entre elas, estava o médico da cidade e um pequeno empresário que transportava turistas pela passagem de Brünig.

A estrada da passagem de Brünig foi inaugurada em 1861 e, em 1888, a linha ferroviária entre a Suíça central e o Lago Brienz começou a funcionar. Essas vias de transporte permitiram a chegada dos turistas. “Mas a maior mudança ocorreu na década de 1950”, conta Mutti.

Naquela época, as famílias de agricultores locais alugavam suas casas e moravam, elas mesmas, no porão. “Elas usavam o dinheiro que ganhavam para reformar suas casas ou construir casas novas”. O turismo no vilarejo também mudou significativamente. “Uma orquestra costumava tocar durante as férias de verão e havia música nos restaurantes e hotéis”, lembra Mutti.

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O Hotel Löwen, no centro do vilarejo em 1930, ainda está de pé, mas está vazio e abandonado há anos. HTTPS://SWISS.NAILIZAKON.COM

Mas as coisas mudaram. Hoje, a maioria dos restaurantes está fechada e não há mais música. O vilarejo está muito tranquilo.

Tranquilo demais

Atualmente, ainda há turistas estrangeiros em Lungern, principalmente da Ásia. “Mas a maioria deles vem apenas para tirar uma foto rápida”, diz ela. “E os turistas suíços gostam de ficar sozinhos em suas casas de férias”.

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Turistas da Arábia Saudita acima do Lago de Lungern. Keystone

O vilarejo em si costuma ser muito tranquilo. Tranquilo demais para o gosto de Mutti. “De manhã, você às vezes encontra alguém fazendo compras, mas, fora isso, não há mais nada”. Mesmo nos dias mais bonitos, o vilarejo costuma ficar deserto.

A maior parte da circulação de carros também desapareceu. Como em muitos outros vilarejos, isso é uma faca de dois gumes. “Ninguém sente falta do barulho e do cheiro, é claro”, diz Mutti, mas as pessoas que passavam por ali costumavam parar e trazer vida ao vilarejo.

Minha avó passou toda a sua vida em Lungern, onde vive há 100 anos. Ela nunca quis se mudar. “Eu não queria e, de qualquer forma, não teria conseguido levar meu marido para longe daqui”, diz ela.

Uma de suas cunhadas fez diferente: ela emigrou para os EUA, para perto de Chicago, mas voltava regularmente a Lungern nas férias. “Ela teve que prometer à mãe [que visitaria], caso contrário, não teria tido permissão para ir”, conta Mutti com um sorriso.

“Quando a visitamos nos EUA, pude entender por que ela gostava tanto de lá e por que Lungern era muito pequena e apertada para ela. No entanto, morar lá não teria sido para mim”. Para Mutti, Lungern “sempre foi tudo”.

(Adaptação: Clarice Dominguez)

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