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AIDS não tem cura

Seis mil velas foram colocadas de frente para o Parlamento Federal em Berna para lembrar o dia mundial da AIDS. Keystone

No dia mundial da AIDS, organizadores suíços lembram que também num dos países mais ricos do planeta a epidemia não foi contida: só no ano passado, o HIV foi detectado no exame de 756 habitantes.

A atual campanha é dedicada as mulheres que, no mundo, são quase metade da população de 40 milhões de pessoas contaminadas.

A cada seis segundos uma pessoa contrai o vírus da AIDS. Muitos especialistas já falam de uma “pandemia”, ou seja, epidemia mundial como já foi no passado a peste negra ou a gripe espanhola.

Os números falam por si só: no mundo, cerca de 40 milhões de pessoas estão contaminadas com o vírus do HIV, sendo que três milhões delas são crianças; três milhões de pessoas morreram em 2003 devido a doença; no mesmo período, mais cinco milhões se infectaram; 95% dos doentes de HIV e AIDS não têm acesso à medicamentos.

Na Suíça o problema não tem os mesmos índices alarmantes de alguns países africanos, onde uma grande parte da população está contaminada, mas também é grave: em 2003 foram detectados 756 casos positivos, sendo que 59% eram de homens e 41% de mulheres.

No total, 27 mil habitantes da suíça são soropositivos, sendo que 60% dos casos ocorreram entre heterossexuais. No caso das mulheres, 79,6% dos casos foram através do relacionamento heterossexual e 13,6% através do consumo de drogas. Desde o início da epidemia, até setembro de 2004, 5.503 habitantes da suíça morreram devido a AIDS.

No dia mundial da AIDS, os organizadores no país dos Alpes acompanham a temática mundial: – “Mulheres, HIV e AIDS”.

“Esse é um dia de solidariedade com as pessoas que são soropositivas e doentes de AIDS. Ao mesmo tempo, nós aproveitamos a oportunidade para alertar as pessoas de que a doença continua a se alastrar”, afirma Béatrice Aebersold, chefe da seção de Berna da Ajuda Suíça contra a AIDS.

Problemas culturais no combate

Roberto Induni, diretor da Ajuda Suíça contra a AIDS, lembra que “a maioria dos casos citados está relacionado a mulheres e moças originárias da África sub-saariana”.

“Elas estavam mais expostas ao HIV, pois nos seus países as taxas de infecção são extremamente elevadas. Outra explicação é por razões sociológicas: elas são originárias de regiões onde as mulheres não podem escolher seus próprios parceiros e, nesse sentido, acabam menos protegidas contra a doença”.

Para o trabalho de prevenção e tratamento de imigrantes, a organização suíça conta com a ajuda de um grupo de colaboradores originários dos mesmos países.

“Nos considerados o procedimento muito bem sucedido, pois dessa forma é possível ter acesso direto a essas pessoas e acabar com crendices, muitas vezes enraizadas em certas culturas. Não é muito fácil falar de sexualidade, quando a pessoa vem de uma sociedade onde essas questões nunca são abordadas em público”.

Pobreza aumenta os riscos

Como na maior parte dos países industrializados, o HIV começou a espalhar-se a partir dos anos 70. Originalmente, os grupos mais vulneráveis eram os homossexuais e dependentes de drogas. Porém o vírus começou a atingir a população heterossexual a partir dos anos 80. Desde então, o número de mulheres atingidas não parou mais de crescer.

A organização Ajuda Suíça contra a AIDS lembra que relações sexuais não protegidas são a principal causas de contaminação na atualidade.

“Mulheres jovens correm o maior risco”, acrescenta Béatrice Aebersold. “Na Suíça, as mulheres mais expostas têm entre 20 e 40 anos, enquanto que em grande parte dos países no mundo a idade diminui, ficando entre 13 e 14 anos”.

“A pobreza, o desemprego e o baixo nível de educação atingem particularmente a população estrangeira na Suíça”.

swissinfo com agências

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