Análise: belo vencedor para um belo torneio
O Campeonato Europeu de Futebol na Suíça e na Áustria terminou domingo em Viena com a vitória da Espanha frente a Alemanha (1 a 0). O balanço é amplamente positivo.
Não houve violência, a organização foi ótima, milhões de torcedores freqüentaram as “praça de fãs”, o torneio foi visto por milhões de telespectadores no mundo inteiro e deu um lucro recorde para a Uefa.
Na Suíça, 2,7 milhões de pessoas viram os jogos nos telões em Basiléia, Zurique, Berna e Genebra. A Uefa lucrou 1,1 bilhão de francos (412 milhões líquido) suíços e talvez haja ganhos econômicos futuros para a Suíça e a Áustria devido a uma cobertura midiática sem precedentes.
O único problema foi uma interrupção da transmissão de televisão provocada por um forte temporal durante a semifinal entre a Alemanha e a Turquia. Organizadores e políticos, antes mesmo do final da competição, apressaram-se a afirmar que a Euro 2008 foi um sucesso.
Tudo perfeito mesmo se, do ponto de vista esportivo, a Suíça e a Áustria foram eliminadas na primeira fase e não deram oportunidade aos seus torcedores para vibrar. Fora a Bélgica em 2000, nenhum país organizador obteve um resultado tão ruim.
Pouco importa, a festa do futebol foi feita sem eles.
Maré laranja e epopéia turca e russa
As imagens da maré laranja de torcedores holandeses (mais de 120 mil) invadindo pacificamente as ruas de Berna, onde jogava a seleção da Holanda – grande favorita do torneio, praticando um jogo claramente ofensivo – ficarão para sempre na memória.
Como aconteceu também com os portugueses, com seu acolho triunfal e apoio incondicional a Cristiano Ronaldo e seus colegas de equipe.
Outro momento marcante foi a formidável fé dos jogadores turcos, que ganharam de virada contra a Suíça, a República Tcheca e a Croácia, reagindo a situações bem complicadas para ganhar nos últimos minutos quando pareciam perder.
Houve ainda a surpresa da seleção russa e de seu melhor jogador e verdadeira revelação do torneio, Andrei Arshavin.
O retorno do futebol espetáculo
Holanda, Portugal, Rússia, Turquia e Espanha – invicta em toda a competição e magnífica vencedora na final – marcaram a Eurocopa, personificando admiravelmente o retorno a um futebol ofensivo, total, em que o objetivo principal é marcar gols e evitar tomar gols.
Justamente os que jogaram na defensiva, como a França, a Itália, a Romênia e a Grécia – campeã quatro anos atrás em Portugal –, desta vez foram eliminados.
“Os ataques dominaram claramente as defesas e especialmente os centrais com idade mais avançada, pegos geralmente de surpresa com lançamentos pelas costas, no limite do impedimento”, analisa o ex-jogador e técnico Umberto Barberis.
“O ataque não é composto apenas pelos pontas-de-lança, mas também pelos laterais e pelos jogadores de meio-campo que sabem atacar. É o triunfo da velocidade com técnica.”
Segundo Barberis, “é preciso realçar o papel dos treinadores que ousaram assumir riscos, com maior sucesso para os mais experientes, como Luis Aragonés (da Espanha) e Fatih Terim (da Turquia).
Acrescente-se a isso uma evolução positiva do respeito e do fair-play em campo – fenômeno também verificado no rugby – e que influencia o público e possibiklita uma arbitragem sem grandes escândalos.
Fica o exemplo do esplêndido gol de Fernando Torres que deu a vitória final à Espanha, depois de 44 anos de paciência, o torneio do sucesso.
Bela final, belo vencedor… bela Eurocopa.
swissinfo, Mathias Froidevaux
Na Euro, foram marcado 57 gols na primeira fase (2,37 em média por jogo) e 19 gols nas quartas-de-final e semifinais (mais de 3 em média por partida). Foi algo inusitado desde que a Eurocopa é disputada por 16 seleções (1996).
Só houve três cartões vermelhos em todo o torneio para o meio-campo alemão Bastian Schweinsteiger, o goleiro turco Volkan Demirel e o defesa francês Eric Abidal.
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