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Aumentam casos de AIDS entre homossexuais

Detalhe do cartaz da campanha "Stop-Aids" em 2004. Keystone

Segundo governo suíço, o número de homossexuais infectados pelo vírus do HIV deve aumentar em um terço nesse ano.

No Dia Mundial da AIDS, grupos gays da Suíça como o Pink Cross e a Federação Suíça da AIDS lembram à população que ainda não existe um “remédio milagroso” contra o mal.

Em 2002, o governo helvético e as organizações homossexuais haviam elaborado um código de conduta para saunas e clubes gays do país. O objetivo era preservar a segurança dos usuários. Porém a medida não surtiu efeito e a tendência atual é de alta na propagação da doença.

Nesses grupos, o aumento do número de infecções por HIV está nos mesmos patamares de três anos atrás. Já entre os heterossexuais, a tendência é de baixa: o número de infecções registrou uma pequena diminuição levando em conta a população total. Por essa razão, os organizadores da campanha de prevenção na Suíça querem reforçar o trabalho de educação junto aos homossexuais.

– As idéias que surgiram em 2002 eram excelentes e eu estava convencido que elas funcionariam, porém isso não ocorreu. Agora precisamos voltar a atingir mais os grupos de homossexuais. O problema é que ainda não sabemos o que foi feito de errado e como nós iremos redirecionar a campanha – declara Moël Volken, diretor da associação gay Pink Cross.

Sexo sem proteção

Para as autoridades, a tendência de aumento no número de contaminações entre os homossexuais pode estar ligada a uma mudança de comportamento nesses grupos: muitos já não temem ter aventuras sexuais com diversos parceiros e sem utilizar preservativos.

– A probabilidade de encontrar uma pessoa já infectada é de trinta a quarenta vezes mais elevada entre os homossexuais do que entre os heterossexuais. Multiplicar o número de encontros amorosos sem a utilização de camisinha tem conseqüências mais graves para esses grupos da sociedade – analisa Roger Staub, responsável pelo tema no Departamento Federal de Saúde.

Segundo a Federação Suíça da Aids, 20% dos gays praticam sexo sem proteção em situações de risco, o que corresponde ao dobro do que ocorria há dez anos. Essa alta ocorre apesar dos esforços das autoridades públicas e das organizações para promover o sexo seguro.

Pink Cross e a Federação Suíça da Aids não conseguiram transmitir sua mensagem a uma geração que cresceu acreditando no sucesso da medicina no combate a Aids graças ao desenvolvimento de medicamentos antivirais cada vez mais eficazes.

– A Aids mudou de rosto desde 1990 e não representa o mesmo risco para as pessoas da minha faixa etária. Os jovens sabem que o perigo continua, mas com os medicamentos à disposição, eles pensam que a doença não é mais fatal – analisa Moël Volken.

Uma mensagem a refletir

O porta-voz da federação, Thomas Lyssy, também acredita que a doença perdeu seu caráter mais aterrador. Para ele, é necessário reforçar as campanhas de prevenção. Uma opção possível seria enviar os profissionais da saúde para as saunas e clubes gays, onde eles explicariam diretamente aos grupos mais atingidos os riscos do sexo inseguro.

O Departamento Federal de Saúde anunciou essa semana que o governo pretende lançar no início do ano que vem uma campanha nacional contra a Aids mais voltada para os homossexuais. Uma das ações previstas é disponibilizar informações detalhadas na Internet e diretamente nos locais mais freqüentados nas grandes cidades como Zurique, Genebra e Lausanne.

Para as organizações gays, a iniciativa governamental é bem-vinda. Porém muitas delas assinalam que é preciso desenvolver novas fórmulas de aproximação das pessoas que continuam a fazer sexo sem proteção, ignorando os riscos de se contaminar ou contaminar outras pessoas.

– Na minha opinião, ainda não encontramos uma maneira ideal de abordar o problema. O que podemos fazer é colaborar com algumas idéias. Em matéria de prevenção, o remédio milagre ainda não foi encontrado – conclui Thomas Lyssy.

swissinfo, Adam Beaumont

O número de infecções entre os homossexuais deve aumentar em 37% em 2005, o que corresponde a 240 novos casos na Suíça.
Entre os heterossexuais as infecções devem diminuir em 14%, passando a 240 casos.
Segundo o Departamento Federal de Saúde, 10% da população homossexual é soropositiva.

– Segundo a Federação Suíça da Aids, mais de 20 mil pessoas vivem com o vírus da Aids na Suíça.

– Duas pessoas são diagnosticadas soropositivas a cada dia.

– Segundo uma pesquisa publicada no jornal “Sonntagszeitung”, um terço das jovens mulheres tiveram sua primeira relação sexual sem preservativo.

– Os fundos destinados ao trabalho de prevenção da Aids dobraram desde 2004, chegando a atingir nove milhões de francos.

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